Trata-se de uma reescritura da história de John Duvalier Rockerfield. A versão original dela foi feita por mim ao longo da segunda metade de 2013 e do começo de 2014, com a escrita de um capítulo de cada vez feito de tempos em tempos. Postada originalmente em uma página oculta do site antigo, página esta que conta como uma versão de testes para o que eu pretendia colocar neste novo site, ela foi transferida para este site e hoje se encontra na página Lusitânicos. Entretanto, a verdade é que eu não fiquei satisfeito com a forma como o texto ficou. Eu reescrevi as histórias de vários personagens que estavam localizados naquela página, incluindo Lorde Janus Drachen, que, devo dizer, ficou verdadeiramente perfeita. Quando eu terminar de reescrever esta história, irei passá-la para a página Lusitânicos, e irei apagar a versão antiga. Esta reescritura conta com a correção de erros de português que eu cometi (mas, provavelmente, deve contar com novos erros que cometi quando reescrevi) e com adição de mais informações e detalhes quanto ao que J.D.R. viveu e o que ele pensava e sentia. Detalhes quanto a sua vida pessoal e a forma como ele era tratado por seus companheiros, e principalmente, as esperanças que ele representava. A história de J.D.R., entretanto, não pode ser limitada a esta somente. Muito em breve, espero poder contar toda a sua história por meio das histórias das outras versões de J.D.R. que surgiram depois da "morte definitiva" dele. Me refiro a Equinox, Giovanni Petrucci e Giovanni Drachen Rosenkreuz.
– HIJMS
Mas antes do texto propriamente dito, por que não gasta um pouco do seu tempo com este "pequeno" texto que escrevi em um momento de epifania, algo que tenta resumir quem John Duvalier Rockerfield era?
Imagine... Você é o primeiro de uma nova espécie. Uma espécie criada a partir do sangue de uma espécie em perigo de extinção. Sendo que esta que está se extinguido vê a si mesma como a espécie superior do planeta. E você, uma criatura, como alguém impuro e inferior. Mas, você possui o sangue da família imperial, sendo que seu pai descende diretamente da linhagem que deveria ser aquela a governar. Seu primo é o Imperador, um homem tão mesquinho, tão egocêntrico, que odeia o próprio filho e busca a própria imortalidade. Ele vê você como uma vergonha para o sangue da família. Uma criaturazinha que jamais chegaria aos pés de um verdadeiro membro da família. Ele te ofende, e ofende o seu pai por desistir das ideias que os moldaram por tantos anos... Uma escolha que resultou no seu nascimento. Realmente, o que você faria nesse momento? Bem, alguém nessas condições exatas soube exatamente o que queria e o que faria. Ele queria o seu lugar de direito, e faria tudo o que fosse necessário para toma-lo. Sua chance, eventualmente, chegaria. E uma vez que a tivesse em mãos, ele jamais desistiria de mantê-la. Mesmo que por muitos anos tivesse de lutar para recuperá-la. E esta é a história daquele que se chamou John Duvalier Rockerfield. Ou melhor, uma parte de uma história bem maior. Digamos que isso seja... apenas a cereja do bolo? Sim? Sim, realmente. Existem diversas maneiras de tentar descrever este homem, este indivíduo que conhecemos hoje por esse e por outro nome. O primeiro Nemiestel a viver, John D. Rockerfield... Nascido sob a bandeira da serpente. O símbolo da família que seu pai foi obrigado a fundar após ser, praticamente, expulso da família a que pertencia pelo primo. Um homem de muitas qualidades... e muitos defeitos, realmente. Mas ele tinha aquilo que muitos poderiam invejar. Uma carreira no exército... uma mulher fiel para aquecer sua cama nas noites mais frias... Filhos que lutariam e matariam pelo simples objetivo de honrar o seu nome. Qualquer um nessas condições poderia dizer que tem tudo o que precisa no mundo. Mas John D. Rockerfield queria mais... sim... Ele queria mostrar para eles... para cada um deles o que ele realmente era e do que era capaz. Ele conseguiu o queria no fim, mas tudo isso veio com um preço a se pagar. Ele lutou, ele combateu, ele sacrificou um pouco de si a cada dia. Mas ele conseguiu exatamente aquilo que mais desejava, ou melhor, o que achava que mais desejava. Mas por pouco tempo. Até o dia em que aquilo e tudo o que mais prezava, o que mais valorizava, foi tirado dele. Assim como aquilo que os homens tem de mais valioso, sua própria vida. Qualquer homem nessas condições teria desistido, se entregue ao eterno sofrimento nas profundezas do Inferno. Mas J.D.R. jamais descansaria... enquanto não tivesse alcançado seu mais novo objetivo. A vingança, ou... seria a justiça o que ele buscava? Ele não sabia, ainda, mas, ainda assim, ele retornou a vida. Algo pelo que trabalhou por anos para conseguir. Assim como o primo que o odiava, ele também buscou uma forma de alcançar a imortalidade, ou, pelo menos, um método pelo qual retornar a vida. Bem, digamos que esse primo acabou mostrando o caminho que ele precisaria seguir para conseguir isso. E através de um método que esse primo desenvolvera, J.D.R. conseguiu transformar outra pessoa em uma outra versão de si mesmo, o primeiro entre muitos. Ao mesmo tempo, ele soube como transformar a si mesmo... em duas novas pessoas, opostos entre si, que jamais poderiam morrer se o outro não morresse também. E por muitos anos, essas duas novas pessoas agiram, realizando o que era necessário para que a vingança fosse finalmente alcançada. Claro que... Um deles não sabia o que era no começo. E o outro não sabia que ele existia. Mas ele sabia o que era. Sabia que ele era a maldade concentrada de John D. Rockerfield. Sua malícia, seu ódio, sua raiva... Purificada... Destilada... Motivada pela vingança. E livre das correntes que pudessem prendê-lo. Correntes de perdão. Seu nome era Equinox, e ele era o mal encarnado. Ao seu lado, aquele que se transformou em outra versão de J.D.R. Seu servo mais leal, Diego Sandiego. Esses dois trabalharam muito, sacrificaram muito. E no fim, encontraram o outro colaborador. Aquele que não sabia o que era. Que não sabia que ele era a bondade concentrada de John D. Rockerfield. Aquele que vivera uma vida de sofrimento contínuo. Perda após perda. Mas que no fim, ainda havia sido capaz de perdoar aqueles que o feriram. Seu nome era Giovanni Petrucci. E, sendo tão bom como era... Ele queria algo melhor para o mundo. Motivado pela justiça, ele queria criar um novo mundo, um em que qualquer pessoa pudesse viver feliz... Livre do sofrimento. E no fim. Os atos desses três indivíduos. Resultaram no renascimento daquele que conhecíamos por John D. Rockerfield. Um novo corpo. Mais forte do que jamais havia sido. Ele precisava mostrar que havia se tornado algo mais, algo superior ao que por anos havia sido. Sim, ele precisava de um nome que pudesse representar a nova pessoa que ele havia se tornado. Alguém que lutaria tanto pela vingança quanto pela justiça. Alguém que viveria empunhando os poderes de ambos o bem e o mal. Ordem e Caos. Alguém que novamente iria controlar aquilo que por tanto tempo ele havia desejado. E que dessa vez, manteria até o dia de sua derrota definitiva. Sim, ele mostraria para eles. Para cada um deles. O que ele era, e o que era capaz de fazer. Pois ele havia se tornado Giovanni Drachen Rosenkreuz.
John Duvalier Rockerfield
Lorde John Duvalier Rockerfield foi um poderoso general do Sacro Império Lusitânico durante a Primeira Guerra Celestial e durante a Segunda Guerra Celestial. J.D.R. se tornaria chanceler da nação no período entre guerras após a morte de seu pai, e, posteriormente, deixaria esse cargo por causa da restauração da monarquia no país, evento que ocorreu um pouco antes do começo da Segunda Guerra Celestial. Posteriormente, porém, ele voltaria a ocupar novamente o cargo de líder absoluto quando se tornou o último Imperador da nação. Ele era filho de um influente general do Exército Lusitânico, Lorde Richard Duvalier, antes conhecido como Lorde Richard Drachen, que ocupava, também, a posição de senhor de uma grande cidade que servia como capital do Vice-Reino da Latvéria.
Seus objetivos, assim como suas ideias, ficariam gravados pela eternidade nas mentes daqueles que viveram no mesmo período histórico que ele e o conheceram. Seus planos envolvendo a expansão territorial do Sacro Império Lusitânico e a resultante formação de um único e gigantesco Império Mundial eram reflexos da mesma mentalidade de seus antecessores. Diferente deles, entretanto, J.D.R. não era um Zereca, e sim, um Nemiestel, o primeiro indivíduo dessa espécie a nascer. Por causa disso, ele teve de enfrentar o forte preconceito dos Zerecas ainda vivos antes que conseguisse um lugar entre eles na nobreza imperial. Ele liderou a Lusitânia primeiramente como chanceler, cargo que passou a ocupar a partir do momento em que foi anunciada a morte de seu pai, e que só iria abandonar alguns anos antes do início da Segunda Guerra Celestial, quando o Imperador, Lorde Janus Drachen, retornou de seu exílio. Ele, entretanto, chegaria novamente ao poder alguns anos depois, com a reestruturação do país arruinado sob uma nova monarquia liderada por ele mesmo. Sob sua liderança, a nação participaria da Guerra das Terras Mortas, onde lutou contra o Vice-Reino de Vaegir para recuperar todos os territórios lusitânicos que estavam sob o controle da província odeana. Sua aliança temporária com Hekelotia durante a Guerra veio a ser quebrada após o término desse conflito, por causa de um ataque surpresa hekelotiano. Esse ataque decisivo, chamado pelos hekelotianos anos mais tarde de “Ataque ao Ninho da Serpente”, marcou o fim absoluto da Lusitânia e da monarquia restaurada, quando J.D.R., em combate contra o líder de Hekelotia, o Rei Sábio Gabriel Whit, veio a falecer. Entretanto, a morte de J.D.R. foi um evento que não durou para sempre. Ele voltaria a caminhar novamente no mundo dos vivos após seu espírito se dividir em duas metades que representavam sua maldade pura e sua bondade pura. Essas duas metades de seu espírito voltariam a vida como dois indivíduos que seriam conhecidos como Equinox e Giovanni Petrucci, e eles acabariam se fundindo novamente para recriar J.D.R., consequentemente o revivendo como um indivíduo ainda mais poderoso do que ele era antes de morrer, criando, dessa forma, aquele que adotaria a identidade de Lorde Giovanni Drachen Rosenkreuz. ORIGENS
J.D.R. viveu seus
primeiros dias na capital do Vice-Reino da Latvéria. Ele foi o primeiro
Nemiestel a nascer, sendo o resultado do projeto que buscava garantir que o
sangue Zereca sobrevivesse à grande crise que estava exterminando essa espécie.
Seu pai era Lorde Richard Duvalier, o senhor da província, e um dos responsáveis
pelo projeto que o criou, além de ter uma forte ligação de sangue com o
Imperador, Lorde Janus Drachen. Sua mãe, Christine Rockerfield, com quem seu
pai havia se casado muito tempo antes do começo da crise, era a filha de um
rico comerciante que tinha negócios em muitos territórios do Império, e algum
poder político. Foi-lhe dado o nome de John por causa de seu significado ser “A
Graça Divina”, pois ele era a esperança de salvação do Império, alguém cujo
nascimento havia sido implorado ao próprio Supremo da Escuridão, que era a
grande divindade adorada pelos Zerecas. Tal como seu pai, J.D.R. tornou-se um
político fervoroso e interessado na miscigenação das espécies. Ele acreditava
que a fonte do verdadeiro poder vinha da diversidade e não da pureza, que era a
ideia até então dominante no Império. Suas opiniões políticas e sociais foram
fortemente inspiradas nas de seu pai, que era o então defensor da teoria da mistura do sangue Zereca com o de outras espécies para mantê-lo vivo mesmo que impuro. Quando seu pai veio a falecer, John fez um discurso em que dizia que por causa das ideias dele, os Zerecas sobreviveriam a uma era de desgraça por meio de uma nova espécie de seres que ele mesmo chamou
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Nível de poder: [ | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | ] - XXV
Imperador da Lusitânia
Vice-Rei da Latvéria
Chanceler da Lusitânia
Vida
Serviço Militar
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de Nemiesteis. Apesar disso, suas ideias iniciais
seriam lentamente abandonadas à medida que J.D.R. seria dominado pelas crenças
antigas da superioridade dos Zerecas. Ele, que havia herdado os conhecimentos
de seu pai, acabaria usando-os para criar uma nova sociedade dominada pelos
Nemiesteis, que ele via como a nova espécie superiora do planeta por ser
portadora do sangue dos antigos Zerecas.
J.D.R., porém, era muito rebelde, e não aceitava que existisse alguém que pudesse lhe dar ordens. Ele insistiu várias vezes em tentar fugir do serviço militar, obrigatório em seu país, por acreditar que isso faria com que seu país perdesse uma mente brilhante. Foi devido a uma conversa que teve com seu pai que J.D.R. veio a mudar de ideia. Nessa lendária conversa, seu pai lhe disse uma frase que o marcou profundamente: “O homem que se submete a outro não o faz porque é fraco, mas sim, porque ele sabe é apenas uma questão de tempo até o momento em que irá tomar o seu lugar”. Após cumprir vários anos de serviço militar, J.D.R. ingressou oficialmente no exército como comandante, e, lentamente, iria subir de posto.
Em um encontro de oficiais do exército e de suas famílias, J.D.R. conhece Catarina Midelle, filha de um marechal poderoso daquela época. Os dois começam um relacionamento, e, eventualmente, chegam a se casar. Inicialmente motivado por interesse, J.D.R. usa esse casamento para conseguir ainda mais poder dentro do exército, mas, logo acaba sentindo amor verdadeiro pela companheira que se tornará a mãe de seus filhos e herdeiros. O relacionamento entre os dois acaba durando por muitos anos, e sobrevive aos conflitos em que J.D.R. acabaria participando, como a Primeira Guerra Celestial e a Segunda Guerra Celestial. Mesmo após sua morte ser declarada no momento em que este último conflito termina, sua esposa se mantém leal a ele e o recebe em sua casa no momento em que ele retorna para ela e para seus filhos, mesmo que ele mesmo já tivesse desistido quanto a encontra-la com vida quando conseguisse finalmente retornar. J.D.R. deixaria por escrito em seus diários particulares que Catarina foi a melhor pessoa que já conheceu e que não poderia ter desejado uma melhor esposa.
J.D.R., porém, era muito rebelde, e não aceitava que existisse alguém que pudesse lhe dar ordens. Ele insistiu várias vezes em tentar fugir do serviço militar, obrigatório em seu país, por acreditar que isso faria com que seu país perdesse uma mente brilhante. Foi devido a uma conversa que teve com seu pai que J.D.R. veio a mudar de ideia. Nessa lendária conversa, seu pai lhe disse uma frase que o marcou profundamente: “O homem que se submete a outro não o faz porque é fraco, mas sim, porque ele sabe é apenas uma questão de tempo até o momento em que irá tomar o seu lugar”. Após cumprir vários anos de serviço militar, J.D.R. ingressou oficialmente no exército como comandante, e, lentamente, iria subir de posto.
Em um encontro de oficiais do exército e de suas famílias, J.D.R. conhece Catarina Midelle, filha de um marechal poderoso daquela época. Os dois começam um relacionamento, e, eventualmente, chegam a se casar. Inicialmente motivado por interesse, J.D.R. usa esse casamento para conseguir ainda mais poder dentro do exército, mas, logo acaba sentindo amor verdadeiro pela companheira que se tornará a mãe de seus filhos e herdeiros. O relacionamento entre os dois acaba durando por muitos anos, e sobrevive aos conflitos em que J.D.R. acabaria participando, como a Primeira Guerra Celestial e a Segunda Guerra Celestial. Mesmo após sua morte ser declarada no momento em que este último conflito termina, sua esposa se mantém leal a ele e o recebe em sua casa no momento em que ele retorna para ela e para seus filhos, mesmo que ele mesmo já tivesse desistido quanto a encontra-la com vida quando conseguisse finalmente retornar. J.D.R. deixaria por escrito em seus diários particulares que Catarina foi a melhor pessoa que já conheceu e que não poderia ter desejado uma melhor esposa.
INFÂNCIA
Lorde John D. Rockerfield
nasceu na cidade da Latvéria, capital do Vice-Reino de mesmo nome, em ???. Seu
pai, Lorde Richard Duvalier, era o então senhor daquela região, um político com
uma visão muito ampla para o futuro, enquanto sua mãe, Christine Rockerfield,
era a filha de um rico comerciante e herdeira de uma vasta fortuna. Seu
nascimento, entretanto, não foi natural. Ele fora criado artificialmente
através do sangue de seus pais por meio de um método desenvolvido por seu pai e
pelo sábio Orion Schlange, para que pudessem criar uma nova espécie que
nascesse livre da doença que estava destruindo os Zerecas naquela época. J.D.R.
foi, dessa forma, o primeiro Nemiestel a nascer, um indivíduo que carregava as
características físicas dos antigos Zerecas mas que visivelmente não era um
deles, e que, por causa disso, jamais iria conseguir alcançar o nível de poder
que um Zereca comum poderia alcançar. Por causa do que ele era, J.D.R. era
visto com maus olhos por grande parte da sociedade Zereca que havia sobrevivido
ao Last Warrior. Ele não era um deles, e, por causa disso, não poderia ser
considerado alguém que sequer pudesse ser comparado a eles. Os Zerecas
acreditavam que eram a espécie superior no planeta, e ele era um simples
resultado de experimento de laboratório. Ainda assim, seus pais o tratavam como
qualquer criança Zereca seria tratada pelos pais. Ele era, afinal, seu filho, o
herdeiro de seu sangue e de seu poder. E mesmo que muitos protestassem,
incluindo amigos próximos e antigos de seus pais, eles o consideravam alguém do
mesmo nível ou superior a muitos Zerecas que viviam na época.
Quando já havia se tornado inteligente o suficiente para entender o que ocorria ao seu redor, J.D.R. teria ouvido escondido as reuniões que seu pai tinha com outros homens influentes da região. Foi assim que ele foi exposto às ideias políticas e sociais de seu pai. Lorde Richard Duvalier era um forte defensor da monarquia dos Drachen, mas, também, tinha sua mente aberta para o fato de que aquela linhagem seria extinguida caso o Imperador não aceitasse que precisava de um herdeiro, mesmo que isso significasse que ele teria desistir de sua ideia de superioridade da espécie Zereca. J.D.R. ouviu, inclusive, uma conversa secreta que seu pai teve com o Imperador, Lorde Janus Drachen. Mesmo que fosse jovem demais para entender na época, ele se lembraria do que havia ouvido e isso o afetaria profundamente no futuro. Lorde Janus Drachen era, talvez, o homem mais sombrio e sem coração que J.D.R. conheceria. Não apenas ele manteve-se inflexível quanto à aceitar as recomendações do primo, como também defendeu mais uma vez que aquela espécie de seres inferiores, os Nemiesteis, jamais teriam um lugar na sociedade que os Zerecas haviam criado. Para piorar, Lorde Janus ainda disse que Lorde Richard era uma vergonha para a Dinastia Drachen, e que ele fez bem em se afastar da família ao criar a Dinastia Duvalier, ele jamais teria sido aceito pelo que havia proposto, e no momento em que havia declarado que J.D.R., uma criatura inferior, era seu filho, ele havia renunciado a tudo que Lorde Voronezh Drachen havia pregado por tantos anos.
Do lugar de onde estava escondido, J.D.R. conseguiu ver claramente o momento em que seu pai quase socou o Imperador diretamente no rosto por causa do que ele havia dito dele e de seu filho, contudo, acabou por se controlar a tempo, uma vez que havia visto que aquilo o faria ser punido gravemente e colocaria em risco sua própria família. Depois daquele dia, J.D.R. iria se aproximar muito do pai, e ele teve muito tempo para aprender os ensinamentos que seu pai iria lhe passar. J.D.R. sempre teve um afeto maior pelo pai, já que sua mãe era uma mulher de pouca visão, segundo o que ele mesmo dizia. A morte dela nunca veio a abalá-lo tanto quanto a morte de seu pai.
Quando já havia se tornado inteligente o suficiente para entender o que ocorria ao seu redor, J.D.R. teria ouvido escondido as reuniões que seu pai tinha com outros homens influentes da região. Foi assim que ele foi exposto às ideias políticas e sociais de seu pai. Lorde Richard Duvalier era um forte defensor da monarquia dos Drachen, mas, também, tinha sua mente aberta para o fato de que aquela linhagem seria extinguida caso o Imperador não aceitasse que precisava de um herdeiro, mesmo que isso significasse que ele teria desistir de sua ideia de superioridade da espécie Zereca. J.D.R. ouviu, inclusive, uma conversa secreta que seu pai teve com o Imperador, Lorde Janus Drachen. Mesmo que fosse jovem demais para entender na época, ele se lembraria do que havia ouvido e isso o afetaria profundamente no futuro. Lorde Janus Drachen era, talvez, o homem mais sombrio e sem coração que J.D.R. conheceria. Não apenas ele manteve-se inflexível quanto à aceitar as recomendações do primo, como também defendeu mais uma vez que aquela espécie de seres inferiores, os Nemiesteis, jamais teriam um lugar na sociedade que os Zerecas haviam criado. Para piorar, Lorde Janus ainda disse que Lorde Richard era uma vergonha para a Dinastia Drachen, e que ele fez bem em se afastar da família ao criar a Dinastia Duvalier, ele jamais teria sido aceito pelo que havia proposto, e no momento em que havia declarado que J.D.R., uma criatura inferior, era seu filho, ele havia renunciado a tudo que Lorde Voronezh Drachen havia pregado por tantos anos.
Do lugar de onde estava escondido, J.D.R. conseguiu ver claramente o momento em que seu pai quase socou o Imperador diretamente no rosto por causa do que ele havia dito dele e de seu filho, contudo, acabou por se controlar a tempo, uma vez que havia visto que aquilo o faria ser punido gravemente e colocaria em risco sua própria família. Depois daquele dia, J.D.R. iria se aproximar muito do pai, e ele teve muito tempo para aprender os ensinamentos que seu pai iria lhe passar. J.D.R. sempre teve um afeto maior pelo pai, já que sua mãe era uma mulher de pouca visão, segundo o que ele mesmo dizia. A morte dela nunca veio a abalá-lo tanto quanto a morte de seu pai.
JUVENTUDE
J.D.R. cresceu e se
tornou um jovem bastante sábio para a sua idade. Sempre ansioso para adquirir
ainda mais conhecimento, ele veio a passar alguns anos vivendo junto da família
dos Schlange, cujos membros eram conhecidos como sendo os homens mais sábios do
Império. Orion Schlange era um dos amigos mais antigos de seu pai, e um dos
responsáveis pelo projeto que resultou em seu nascimento. Sendo um de seus
alunos, J.D.R. teve acesso às ideias mais inovadores e a visões mais iluminadas
sobre o mundo do que qualquer outro ser. Desde a sagrada matemática, passando
pelo estudo das línguas e pelas ciências fundamentais, até as artes ocultas da
Magia e da Alquimia, J.D.R. foi um dos seres a ter a maior derivação de
conhecimento daquela época. Entretanto, sua sede pelo conhecimento muitas vezes
entrava em contraste com sua falta de vontade para que exercitasse suas
habilidades físicas. Bastante rebelde, J.D.R. fez tudo o que pôde para evitar
que cumprisse o serviço militar, alegando que nenhuma pessoa teria o direito de
lhe dar ordens e que sua mente brilhante estaria sendo desperdiçada ali. Um
dia, porém, seu pai o convocou para uma longa conversa sobre o assunto. Após
longas horas falando-o sobre a antiga tradição de sua família de criar os
soldados mais habilidosos do Império, mencionando, inclusive o caso de seu avô,
o Sábio Chvester Drachen, seu pai ainda disse a ele uma das frases que mais o
marcaria em sua vida: “O homem que se submete a outro não o faz porque é fraco,
mas sim, porque ele sabe é apenas uma questão de tempo até o momento em que irá
tomar o seu lugar”.
Eventualmente, J.D.R. ingressou no serviço militar, algo que começou com dificuldade. Seu corpo pouco exercitado demorou algum tempo para se adaptar às suas novas atividades e ao duro treinamento que os Zerecas praticavam e que agora era adaptado para a nova espécie que estava aumentando numericamente em todo o país. Para piorar a situação, ele ainda teve de enfrentar o forte preconceito por parte dos antigos soldados Zerecas que já estavam naquela vida muito tempo antes dele sequer nascer. Seu próprio mestre de armas era muito impaciente e o obrigava a treinar no mesmo nível que muitos Zerecas já praticavam, mesmo que isso significasse que ele pudesse morrer de exaustão antes do treino terminar. Entretanto, J.D.R. demonstrou uma grande força de espírito, e, lentamente, acabou se tornando um dos soldados mais poderosos daquela região. Com a chegada de outros Nemiesteis para que treinassem ao lado dele, J.D.R. começou a sentir que não estava mais sozinho e, eventualmente, chegou ao ponto em que podia enfrentar seu mestre de armas e usar seus pontos fracos para conseguir a vitória. Agora possuindo tanto uma mente brilhante quanto um corpo bem treinado, J.D.R. tornou-se muito poderoso. Ao fim de sua juventude, ele terminou o serviço militar e ingressou no exército do país, com fortes recomendações de muitos comandantes e generais da época, algo que conseguiu conquistar quando os surpreendeu com seu desenvolvimento, algo surpreendente para alguém que viveu vítima do preconceito por tantos anos, mas esperado de alguém que possuía o sangue Drachen pulsando em suas veias, algo que ele provou ser.
Eventualmente, J.D.R. ingressou no serviço militar, algo que começou com dificuldade. Seu corpo pouco exercitado demorou algum tempo para se adaptar às suas novas atividades e ao duro treinamento que os Zerecas praticavam e que agora era adaptado para a nova espécie que estava aumentando numericamente em todo o país. Para piorar a situação, ele ainda teve de enfrentar o forte preconceito por parte dos antigos soldados Zerecas que já estavam naquela vida muito tempo antes dele sequer nascer. Seu próprio mestre de armas era muito impaciente e o obrigava a treinar no mesmo nível que muitos Zerecas já praticavam, mesmo que isso significasse que ele pudesse morrer de exaustão antes do treino terminar. Entretanto, J.D.R. demonstrou uma grande força de espírito, e, lentamente, acabou se tornando um dos soldados mais poderosos daquela região. Com a chegada de outros Nemiesteis para que treinassem ao lado dele, J.D.R. começou a sentir que não estava mais sozinho e, eventualmente, chegou ao ponto em que podia enfrentar seu mestre de armas e usar seus pontos fracos para conseguir a vitória. Agora possuindo tanto uma mente brilhante quanto um corpo bem treinado, J.D.R. tornou-se muito poderoso. Ao fim de sua juventude, ele terminou o serviço militar e ingressou no exército do país, com fortes recomendações de muitos comandantes e generais da época, algo que conseguiu conquistar quando os surpreendeu com seu desenvolvimento, algo surpreendente para alguém que viveu vítima do preconceito por tantos anos, mas esperado de alguém que possuía o sangue Drachen pulsando em suas veias, algo que ele provou ser.
FASE ADULTA
Após ingressar no
exército imperial, J.D.R. foi subindo de posição com extrema facilidade, sendo
que suas promoções foram sempre resultado das vezes em que demonstrou ser um
excelente soldado, estrategista e, é claro, da forma como impressionou seus
superiores. Rapidamente, ele se tornaria um dos homens mais influentes no
exército imperial, subindo até a posição de general. Foi durante um encontro de
oficiais do exército que ele conhece a filha de um poderoso marechal daquela
época, Catarina Midelle. Ela, assim como ele, era uma Nemiestel, sendo filha de
Zerecas que foram convencidos a entregar amostras de seu sangue para o projeto
que visava salvar o Império. Os dois começam um relacionamento que resulta no
casamento dos dois. Inicialmente, J.D.R. se aproxima de Catarina por simples
interesse, seu objetivo era usar a união dos dois para conseguir o apoio do pai
dela e de outros oficiais no exército para que ele pudesse se fortalecer ainda
mais dentro do exército imperial, ampliando o seu poder e estendendo sua
influência sobre várias regiões sob o controle do Império. Entretanto, para a
grande surpresa dele, ele acaba sentindo amor verdadeiro pela esposa, que,
eventualmente, acabaria se tornando a mãe de seus filhos.
Apesar de ainda ser muito jovem para os padrões da sociedade imperial, J.D.R. demonstrou ter potencial para a política, assim como seu pai antes dele. Utilizando seu carisma, algo que parecia ter herdado de seu distante antepassado, Voronezh Drachen, J.D.R. começou a concentrar a atenção da população da Latvéria e de outras províncias na sua figura, de forma que pudesse contar com o apoio deles quando, eventualmente, sucedesse seu pai como Senhor da Latvéria. Entretanto, muitos indivíduos começaram a ver a contínua ascensão de J.D.R. como uma ameaça para seus interesses, e usaram tudo o que podiam para tentar manchar a imagem que ele estava criando diante do povo lusitânico. Muitos defensores da pureza da espécie Zereca, inclusive, usaram o fato dele ser um Nemiestel para tentar desacreditar que ele tivesse as qualidades necessárias de um líder. Entretanto, J.D.R. se mostrou um gênio, quando não apenas mostrou que os contínuos ataques à sua imagem eram atos realizados por pessoas que tinham medo de seu crescimento na esfera política, como também destruiu os antigos fundamentos ao mostrar para todos que ele, uma criatura inferior, era tão capaz de ser líder quanto qualquer Zereca. Desde o começo, J.D.R. teve o apoio de figuras importantes no Império, como o Sábio Orion Schlange, seu professor quando jovem e um dos indivíduos mais inteligentes em toda a nação, e seu próprio pai, Richard Drachen, que, apesar das contínuas críticas a ele dirigidas, era o homem que estava tentando salvar a nação de se perder com a extinção de seu povo. Contudo, seus inimigos eram muitos e, mesmo após sua grande vitória no cenário político, ele ainda tinha de lidar com seu maior oposicionista, o homem por quem ele guardava imenso rancor, o próprio Imperador, Lorde Janus Drachen. J.D.R. se lembrava de como Lorde Janus havia se referido a ele, e da forma como ele havia obrigado o pai a abandonar o próprio nome simplesmente por defender a única ideia capaz de salvar o Império da destruição. Lorde Janus nunca o aceitou como um descendente da família Drachen, e, assim que se tornou inteligente o bastante para entender isso, J.D.R. soube que apenas com a morte do Imperador, ele poderia ter alguma chance de ter sucesso em seu verdadeiro objetivo.
Enquanto Lorde Janus mantinha-se fiel a ideia de superioridade da espécie Zereca em relação a todas as outras, J.D.R. tinha em mente suas próprias ideias quanto à questão da superioridade. Ele acreditava que não seria a pureza do sangue Zereca que criaria a espécie perfeita, mas sim a diversidade de características que estivessem concentradas em um único mestiço que iriam torna-lo um ser perfeito. Consequentemente, J.D.R. estava discordando totalmente da ideia defendida por anos por membros de sua própria família, algo que seu antepassado, Lorde Voronezh Drachen, havia defendido. Entretanto, J.D.R. mantinha-se fiel em relação a outras questões defendidas por seu antepassado, a principal delas sendo aquela que dizia que a Lusitânia tinha o destino de controlar todo o mundo conhecido. Ele via os Zerecas como um exército poderoso, não como a espécie superior, que, se usado por uma figura com poder suficiente, poderia garantir que essa figura dominasse todo o mundo conhecido. Mas, como eles estavam em perigo de extinção, seria preciso que outra espécie tomasse o lugar deles, uma espécie poderosa, mesmo que não chegasse a ser tão poderosa como eles haviam sido. E essa espécie seria aquela a que ele pertencia, os Nemiesteis. Sob seu comando, eles tomariam seu lugar como a nova espécie dominante do Sacro Império Lusitânico, e o levariam a cumprir o seu destino de se tornar a força que controlaria todo o planeta. Seu método de pensar era o resultado daquilo que havia herdado dos Drachens que vieram antes dele, homens gananciosos que desejavam acumular mais e mais poder, até que então governassem tudo e todos. Sim, J.D.R. já sabia qual seria seu verdadeiro objetivo, ele tomaria seu lugar como descendente dos Drachens, e se tornaria o que realmente desejava ser: o Imperador.
Apesar de ainda ser muito jovem para os padrões da sociedade imperial, J.D.R. demonstrou ter potencial para a política, assim como seu pai antes dele. Utilizando seu carisma, algo que parecia ter herdado de seu distante antepassado, Voronezh Drachen, J.D.R. começou a concentrar a atenção da população da Latvéria e de outras províncias na sua figura, de forma que pudesse contar com o apoio deles quando, eventualmente, sucedesse seu pai como Senhor da Latvéria. Entretanto, muitos indivíduos começaram a ver a contínua ascensão de J.D.R. como uma ameaça para seus interesses, e usaram tudo o que podiam para tentar manchar a imagem que ele estava criando diante do povo lusitânico. Muitos defensores da pureza da espécie Zereca, inclusive, usaram o fato dele ser um Nemiestel para tentar desacreditar que ele tivesse as qualidades necessárias de um líder. Entretanto, J.D.R. se mostrou um gênio, quando não apenas mostrou que os contínuos ataques à sua imagem eram atos realizados por pessoas que tinham medo de seu crescimento na esfera política, como também destruiu os antigos fundamentos ao mostrar para todos que ele, uma criatura inferior, era tão capaz de ser líder quanto qualquer Zereca. Desde o começo, J.D.R. teve o apoio de figuras importantes no Império, como o Sábio Orion Schlange, seu professor quando jovem e um dos indivíduos mais inteligentes em toda a nação, e seu próprio pai, Richard Drachen, que, apesar das contínuas críticas a ele dirigidas, era o homem que estava tentando salvar a nação de se perder com a extinção de seu povo. Contudo, seus inimigos eram muitos e, mesmo após sua grande vitória no cenário político, ele ainda tinha de lidar com seu maior oposicionista, o homem por quem ele guardava imenso rancor, o próprio Imperador, Lorde Janus Drachen. J.D.R. se lembrava de como Lorde Janus havia se referido a ele, e da forma como ele havia obrigado o pai a abandonar o próprio nome simplesmente por defender a única ideia capaz de salvar o Império da destruição. Lorde Janus nunca o aceitou como um descendente da família Drachen, e, assim que se tornou inteligente o bastante para entender isso, J.D.R. soube que apenas com a morte do Imperador, ele poderia ter alguma chance de ter sucesso em seu verdadeiro objetivo.
Enquanto Lorde Janus mantinha-se fiel a ideia de superioridade da espécie Zereca em relação a todas as outras, J.D.R. tinha em mente suas próprias ideias quanto à questão da superioridade. Ele acreditava que não seria a pureza do sangue Zereca que criaria a espécie perfeita, mas sim a diversidade de características que estivessem concentradas em um único mestiço que iriam torna-lo um ser perfeito. Consequentemente, J.D.R. estava discordando totalmente da ideia defendida por anos por membros de sua própria família, algo que seu antepassado, Lorde Voronezh Drachen, havia defendido. Entretanto, J.D.R. mantinha-se fiel em relação a outras questões defendidas por seu antepassado, a principal delas sendo aquela que dizia que a Lusitânia tinha o destino de controlar todo o mundo conhecido. Ele via os Zerecas como um exército poderoso, não como a espécie superior, que, se usado por uma figura com poder suficiente, poderia garantir que essa figura dominasse todo o mundo conhecido. Mas, como eles estavam em perigo de extinção, seria preciso que outra espécie tomasse o lugar deles, uma espécie poderosa, mesmo que não chegasse a ser tão poderosa como eles haviam sido. E essa espécie seria aquela a que ele pertencia, os Nemiesteis. Sob seu comando, eles tomariam seu lugar como a nova espécie dominante do Sacro Império Lusitânico, e o levariam a cumprir o seu destino de se tornar a força que controlaria todo o planeta. Seu método de pensar era o resultado daquilo que havia herdado dos Drachens que vieram antes dele, homens gananciosos que desejavam acumular mais e mais poder, até que então governassem tudo e todos. Sim, J.D.R. já sabia qual seria seu verdadeiro objetivo, ele tomaria seu lugar como descendente dos Drachens, e se tornaria o que realmente desejava ser: o Imperador.
PRIMEIRA GUERRA CELESTIAL
J.D.R. acumulou grande
poder dentro do exército, alcançando uma posição privilegiada na hierarquia
militar que o permitia participar das decisões tomadas pelo alto escalão do
exército. Nas reuniões, ele tinha o direito de opinar sobre as propostas dos outros
membros do alto escalão assim como propor ele mesmo quais medidas tinham de ser
tomadas. Entretanto, nessas reuniões, ele ainda era o único Nemiestel, o que,
consequentemente, fez com que ele fosse desvalorizado e até visto como uma
vergonha por estar entre aquele grupo de importantes generais e marechais do
Exército Lusitânico. Inclusive, o próprio Imperador era mesmo daquelas
reuniões, e não era raro os momentos em que declarava abertamente que J.D.R.
era um desperdício de tempo, e que aquela vaga seria melhor ocupada até mesmo
por um simples cabo. O único motivo, talvez, pelo qual o Imperador não o expulsou
era o fato de que ele não apenas havia sido responsável por decisões que haviam
salvo o exército Lusitânico de se fragmentar perante as tropas inimigas nos
combates que vieram depois da Grande Guerra, como também era um homem famoso em
todo o Império, alguém que carregava a vida e o orgulho de todos os Nemiesteis
que haviam nascido nos últimos anos, um herói para sua espécie, que, enquanto
estivesse na posição de seu aliado, permitiria ao Imperador manter o seu frágil
controle sobre a nação que havia herdado após o conflito e a grande crise que o
afligira. J.D.R. soube como se aproveitar disso para levar além seus planos,
fazendo com que os Nemiesteis ganhassem maior presença na sociedade do Império
e começassem a substituir postos antes ocupados pelos Zerecas que haviam
perecido na Grande Guerra. Ele não apenas era o primeiro Nemiestel a ter
nascido, como agora era, provavelmente, o Nemiestel mais poderoso de todo o
Império, alguém cujo poder e posição permitiam que ele guiasse sua espécie rumo
a posição de nova espécie dominante. J.D.R. sabia que teria sucesso em seus
planos, mas, primeiro, precisava conseguir mais aliados, e ampliar ainda mais o
seu poder. Sua chance viria, eventualmente, com a chegada de um novo conflito,
a Primeira Guerra Celestial.
Depois de muitos séculos desde o fim da Grande Guerra, anos gastos no combate a grande crise que abatera o Império, o Imperador, Lorde Janus Drachen declarou que continuaria o legado daqueles que o procederam, e faria isso conquistando mais territórios para expandir o já grandioso território do Império. Ele tinha interesse em um Continente ao sul das fronteiras daquele em que o Império havia se fixado a milênios, terras que seu antecessor antes havia cobiçado, mas que nunca alcançou devido aos sacrifícios de milhares de soldados dos países que havia enfrentado na Grande Guerra, antes de ser morto junto de seus companheiros pela técnica de Zurvan. Entretanto, duas nações poderosas já estavam fixadas naquela região, o Império Whit e o Feudo de Tuwugawa. J.D.R., foi, muitas vezes, enviado em missões por seus superiores aos territórios dessas duas nações, onde liderou suas tropas em ataques coordenados ou com o propósito de reunir informações. Ele e muitos outros generais e comandantes testemunharam com prazer as vitórias que haviam conseguido contra as tropas que enfrentavam e se satisfaziam quando liam os relatórios que recebiam, acreditando que, no fim, essas duas nações eram, realmente, inferiores e que cairiam com incrível facilidade perante o imponente exército Lusitânico.
O que eles não sabiam, porém, é que quando começaram a avançar, essas duas nações já haviam combatido entre si em uma guerra que havia durado vários anos, e que isso os havia enfraquecido, impedindo-os de reagir aos ataques lusitânicos da mesma forma que o fariam se não estivessem. J.D.R. ficou convencido de que seriam vitoriosos naquele conflito a partir do momento em que notícias da dissolução do Império Whit chegaram aos seus ouvidos. Com menos uma nação para se opor ao avanço das forças lusitânicas, a outra cairia com maior facilidade, foi o que ele pensou naquele momento. Entretanto, também começaram a chegar até ele boatos de que uma nova força participava do conflito. Gabriel Whit, o último herdeiro vivo ao trono do Império Whit, conseguiu reunir um grupo de soldados sobreviventes sob o seu comando, e agora enfrentavam os lusitânicos com uma estratégia semelhante ao de uma guerrilha. Após se estabelecerem no alto de uma montanha, eles construíram uma cidade que no futuro se tornaria a capital do que Gabriel Whit chamaria de o Reino de Hekelotia. Por causa de sua localização, assim como pela estratégia empregada por Gabriel Whit, a cidade era, praticamente, impenetrável, e isso logo levou ao fim do mito da Invencibilidade Lusitânica. A recém-criada Hekelotia, então, se aliou ao que havia restado de Tuwugawa, e, agora, os dois países combatiam lado-a-lado no contra-ataque, ganhando terreno à medida que venciam combate contra o invasor do norte. J.D.R. liderou um dos ataques contra as investidas dos dois países aliados, e foi nesse dia em que enfrentou, de frente, pela primeira vez, o próprio Gabriel Whit.
O primeiro combate entre a Serpente e o Falcão foi um evento que jamais seria esquecido por aqueles que o testemunhassem. Um combate de dois titãs, guerreiros lendários e heróis em seus respectivos países. Golpes que seriam fatais caso fossem realizados contra um oponente comum eram epicamente defendidos ou desviados um pelo outro. Ambos os combatentes tinham a sua disposição um arsenal de técnicas mágicas que utilizavam ao seu proveito ou para tentar enfraquecer o adversário e haviam sido treinados pelos grandes mestres dos vários estilos de combate de seus países até que se tornassem, eles mesmos, os guerreiros mais fortes de cada lado. Gabriel Whit tentava ao máximo desarmar o inimigo e terminar aquilo com um golpe definitivo, isto é, decapitá-lo. Entretanto, J.D.R. defendia os ataques do oponente com sua própria espada, e então contra-atacava em movimentos rápidos e precisos, que também eram defendidos. A luta dois parecia ignorar completamente aqueles que também combatiam ao redor deles, e, muitas vezes, seus golpes acabaram ferindo guerreiros completamente alheios ao duelo dos dois. Gabriel Whit, então, tentou obrigar J.D.R. a recuar para um precipício próximo de onde lutavam e, então, derrubá-lo dali para uma morte certa, contudo, J.D.R. percebeu as intenções de Gabriel Whit, e, em vez de ser levado a cair naquela armadilha natural, ele soube como inverter as posições dos dois combatentes, e fazer com que Gabriel Whit fosse quem seria vítima da armadilha. Entretanto, Gabriel Whit apenas pareceu cair, ele se segurou na borda e se ergueu no momento certo para atacar J.D.R. de perto. Apesar de ter sido surpreendido, J.D.R. conseguiu desviar para o lado, fazendo com que Gabriel Whit caísse em pé e rolasse no solo atrás dele, quando então continuaram sua dança de espadas.
Apesar do duelo dos dois parecer equilibrado, a verdade era que as tropas Hekelotianas estavam vencendo o combate, eles conheciam melhor o território, uma vantagem esmagadora em relação às tropas Lusitânicas, cujos números baixavam mais rapidamente do que os de seus oponentes naquela batalha. Ainda assim, J.D.R. tentou ao máximo estender a duração do combate, pois ele sabia que os reforços chegariam muito em breve, o que garantiria a superioridade numérica dos Lusitânicos, suficiente para esmagar de uma vez por todas os Hekelotianos que estavam sacrificando suas vidas para tentar impedi-los de avançar. Reforços eventualmente chegaram, mas não eram os reforços Lusitânicos como J.D.R. havia esperado, e sim, reforços de Tuwugawianos que haviam se deslocado mais rapidamente até ali, garantindo irreversivelmente a vitória para seus inimigos, o que o obrigou a recuar, mas sabendo que um dia ele iria voltar para terminar seu combate com Gabriel Whit. Porém, isso acabaria tendo de esperar. As forças combinadas de Hekelotia e Tuwugawa eram muito mais poderosas do que ele e todos os outros membros do alto escalão do exército Lusitânico haviam sequer previsto. Devido a liderança de Gabriel Whit e Sherwordf Thor, eles conseguiram se aproximar ainda mais da frente inimiga, e, consequentemente, invadir os territórios que os Lusitânicos haviam conquistado naquele conflito. Após vários combates, a batalha decisiva para o fim daquela guerra ocorreu no primeiro território que os Lusitânicos haviam conquistado naquela guerra, e, o ataque dirigido à cidadela ali localizada resultou no combate entre Gabriel Whit e o próprio Imperador do Sacro Império Lusitânico, Lorde Janus Drachen. Quando a batalha entre os dois terminou, a guerra terminou junto dele, pois ali, para que todos acreditassem que o fim havia decididamente chegado, o líder absoluto do Império “faleceu”.
Depois de muitos séculos desde o fim da Grande Guerra, anos gastos no combate a grande crise que abatera o Império, o Imperador, Lorde Janus Drachen declarou que continuaria o legado daqueles que o procederam, e faria isso conquistando mais territórios para expandir o já grandioso território do Império. Ele tinha interesse em um Continente ao sul das fronteiras daquele em que o Império havia se fixado a milênios, terras que seu antecessor antes havia cobiçado, mas que nunca alcançou devido aos sacrifícios de milhares de soldados dos países que havia enfrentado na Grande Guerra, antes de ser morto junto de seus companheiros pela técnica de Zurvan. Entretanto, duas nações poderosas já estavam fixadas naquela região, o Império Whit e o Feudo de Tuwugawa. J.D.R., foi, muitas vezes, enviado em missões por seus superiores aos territórios dessas duas nações, onde liderou suas tropas em ataques coordenados ou com o propósito de reunir informações. Ele e muitos outros generais e comandantes testemunharam com prazer as vitórias que haviam conseguido contra as tropas que enfrentavam e se satisfaziam quando liam os relatórios que recebiam, acreditando que, no fim, essas duas nações eram, realmente, inferiores e que cairiam com incrível facilidade perante o imponente exército Lusitânico.
O que eles não sabiam, porém, é que quando começaram a avançar, essas duas nações já haviam combatido entre si em uma guerra que havia durado vários anos, e que isso os havia enfraquecido, impedindo-os de reagir aos ataques lusitânicos da mesma forma que o fariam se não estivessem. J.D.R. ficou convencido de que seriam vitoriosos naquele conflito a partir do momento em que notícias da dissolução do Império Whit chegaram aos seus ouvidos. Com menos uma nação para se opor ao avanço das forças lusitânicas, a outra cairia com maior facilidade, foi o que ele pensou naquele momento. Entretanto, também começaram a chegar até ele boatos de que uma nova força participava do conflito. Gabriel Whit, o último herdeiro vivo ao trono do Império Whit, conseguiu reunir um grupo de soldados sobreviventes sob o seu comando, e agora enfrentavam os lusitânicos com uma estratégia semelhante ao de uma guerrilha. Após se estabelecerem no alto de uma montanha, eles construíram uma cidade que no futuro se tornaria a capital do que Gabriel Whit chamaria de o Reino de Hekelotia. Por causa de sua localização, assim como pela estratégia empregada por Gabriel Whit, a cidade era, praticamente, impenetrável, e isso logo levou ao fim do mito da Invencibilidade Lusitânica. A recém-criada Hekelotia, então, se aliou ao que havia restado de Tuwugawa, e, agora, os dois países combatiam lado-a-lado no contra-ataque, ganhando terreno à medida que venciam combate contra o invasor do norte. J.D.R. liderou um dos ataques contra as investidas dos dois países aliados, e foi nesse dia em que enfrentou, de frente, pela primeira vez, o próprio Gabriel Whit.
O primeiro combate entre a Serpente e o Falcão foi um evento que jamais seria esquecido por aqueles que o testemunhassem. Um combate de dois titãs, guerreiros lendários e heróis em seus respectivos países. Golpes que seriam fatais caso fossem realizados contra um oponente comum eram epicamente defendidos ou desviados um pelo outro. Ambos os combatentes tinham a sua disposição um arsenal de técnicas mágicas que utilizavam ao seu proveito ou para tentar enfraquecer o adversário e haviam sido treinados pelos grandes mestres dos vários estilos de combate de seus países até que se tornassem, eles mesmos, os guerreiros mais fortes de cada lado. Gabriel Whit tentava ao máximo desarmar o inimigo e terminar aquilo com um golpe definitivo, isto é, decapitá-lo. Entretanto, J.D.R. defendia os ataques do oponente com sua própria espada, e então contra-atacava em movimentos rápidos e precisos, que também eram defendidos. A luta dois parecia ignorar completamente aqueles que também combatiam ao redor deles, e, muitas vezes, seus golpes acabaram ferindo guerreiros completamente alheios ao duelo dos dois. Gabriel Whit, então, tentou obrigar J.D.R. a recuar para um precipício próximo de onde lutavam e, então, derrubá-lo dali para uma morte certa, contudo, J.D.R. percebeu as intenções de Gabriel Whit, e, em vez de ser levado a cair naquela armadilha natural, ele soube como inverter as posições dos dois combatentes, e fazer com que Gabriel Whit fosse quem seria vítima da armadilha. Entretanto, Gabriel Whit apenas pareceu cair, ele se segurou na borda e se ergueu no momento certo para atacar J.D.R. de perto. Apesar de ter sido surpreendido, J.D.R. conseguiu desviar para o lado, fazendo com que Gabriel Whit caísse em pé e rolasse no solo atrás dele, quando então continuaram sua dança de espadas.
Apesar do duelo dos dois parecer equilibrado, a verdade era que as tropas Hekelotianas estavam vencendo o combate, eles conheciam melhor o território, uma vantagem esmagadora em relação às tropas Lusitânicas, cujos números baixavam mais rapidamente do que os de seus oponentes naquela batalha. Ainda assim, J.D.R. tentou ao máximo estender a duração do combate, pois ele sabia que os reforços chegariam muito em breve, o que garantiria a superioridade numérica dos Lusitânicos, suficiente para esmagar de uma vez por todas os Hekelotianos que estavam sacrificando suas vidas para tentar impedi-los de avançar. Reforços eventualmente chegaram, mas não eram os reforços Lusitânicos como J.D.R. havia esperado, e sim, reforços de Tuwugawianos que haviam se deslocado mais rapidamente até ali, garantindo irreversivelmente a vitória para seus inimigos, o que o obrigou a recuar, mas sabendo que um dia ele iria voltar para terminar seu combate com Gabriel Whit. Porém, isso acabaria tendo de esperar. As forças combinadas de Hekelotia e Tuwugawa eram muito mais poderosas do que ele e todos os outros membros do alto escalão do exército Lusitânico haviam sequer previsto. Devido a liderança de Gabriel Whit e Sherwordf Thor, eles conseguiram se aproximar ainda mais da frente inimiga, e, consequentemente, invadir os territórios que os Lusitânicos haviam conquistado naquele conflito. Após vários combates, a batalha decisiva para o fim daquela guerra ocorreu no primeiro território que os Lusitânicos haviam conquistado naquela guerra, e, o ataque dirigido à cidadela ali localizada resultou no combate entre Gabriel Whit e o próprio Imperador do Sacro Império Lusitânico, Lorde Janus Drachen. Quando a batalha entre os dois terminou, a guerra terminou junto dele, pois ali, para que todos acreditassem que o fim havia decididamente chegado, o líder absoluto do Império “faleceu”.
DITADURA MILITAR E PERÍODO ENTRE AS GUERRAS
O fim da Primeira Guerra Celestial foi tudo menos o que os Lusitânicos acreditavam que seria. Guiados pelo seu Imperador para um conflito visto como uma vitória fácil, eles viram essa ilusão se dissolver diante de seus olhos ao verem o quão vergonhosa e decepcionante foi a sua derrota. Os orgulhosos Zerecas que ainda restavam, e que haviam combatido na Grande Guerra muitos anos antes, haviam caído perante humanos insignificantes. Alguns poderiam dizer que foi seu orgulho que os cegou para quanto esse oponente havia evoluído. Outros, porém, podem confirmar que foi a crise que devastou sua espécie depois do fim da Grande Guerra a responsável por isso. Eles não tinham a mesma força de antes, a doença os enfraquecera de tal forma que eles pareciam ter envelhecido até não poderem mais aguentar alguns minutos de combate. Eram uma vergonha para a espécie Zereca, segundo suas próprias crenças, mas, ainda assim, seu orgulho os impediu de enxergar isso, eles não queriam admitir a verdade e isso os levou aquela humilhação. E os Nemiesteis? Bem, eles não foram a espécie revolucionária que haviam prometido que seriam. Mesmo sendo bem treinados, eles combatiam em um nível semelhante aos de seus oponentes mais baixos. Podiam até ser mais altos, mas isso não era sinônimo de vitória. Mesmo que tivessem ganhado os primeiros combates do conflito, foi apenas uma questão de tempo até a vitória fácil, o orgulho de que haviam superado sua maior crise, se tornasse uma nova e impertinente forma de sentirem vergonha. Seus oponentes os venceram, retomaram os territórios que haviam conquistado deles. Seu Imperador havia “morrido”, e, se não bastasse, os inimigos vitoriosos haviam selecionado alguns indivíduos entre si para que viajassem até o Continente de Gelo e assumissem o poder do Sacro Império Lusitânico, como forma de garantir que ele não viesse a causar mais problemas. Quão tolos eles haviam sido. Envergonhar os Lusitânicos daquela forma foi apenas um meio de inflamar ainda mais a chama que ardia em seus corações. Eles jamais aceitariam aquela vergonha, jamais se submeteriam a um inimigo que viam como inferior, mesmo que ele os tivesse vencido. Foi nesse período que Lorde Richard Duvalier, antes conhecido como Lorde Richard Drachen, usou tudo o que tinha a sua disposição, antigas alianças que ele havia formado, riquezas que ele e amigos próximos haviam reunido em vida, para realizar um golpe de estado, usando o apoio de soldados fiéis a ele, para derrubar o governo provisório que os inimigos mantinham sobre seu país e retomar o poder para as mãos de um Drachen, instaurando seu próprio governo, uma Ditadura Militar.
Durante anos, o Sacro Império Lusitânico havia sido governado por monarcas absolutistas, que usavam seu carisma e a justificativa de direito divino para se manterem no poder, esmagando qualquer oposição que a eles surgisse. Pela primeira vez, entretanto, um grupo de militares do alto escalão do Exército Lusitânico que ainda restavam seriam responsáveis pela tomada de decisões políticas do país. Era uma nova forma de governo, o que acabou despertando na população Lusitânica a ideia de que havia algo melhor do que ser governada por um líder absoluto e cujas decisões deviam ser tratadas como o desejo do “Grande Criador”, mesmo que muitos discordassem. Mesmo que fossem Lusitânicos, esses militares não conseguiram garantir o apoio da população imediatamente. Seu próprio golpe abriu caminho para que anos de exploração da população por um monarca absoluto se transformassem na tentativa do próprio povo tomar o poder, e ser responsável, ele mesmo, pelas decisões que afetariam as vidas de tantas pessoas. Infelizmente, mesmo que essa ideia pudesse levar o Sacro Império Lusitânico a uma era de democracia, uma revolução no seu modelo de política, a verdade era que ele não estava preparado para isso. Não havia união nas reivindicações da população rebelada, e a população de cada cidade e de cada estado tinha sua própria visão do que era melhor. Dessa forma, aquilo levaria a uma guerra civil que quebraria laços de união que haviam sido mantidos por milênios, podendo levar a, inclusive, o fim do próprio Império. Isso assustou imensamente J.D.R., que, desde o fim da Primeira Guerra Celestial, havia retornado a viver no Império e havia sido um dos responsáveis pelo Golpe de Estado que eliminara a presença dos inimigos no governo daquele imenso território. Se essa crise seguisse na direção que ele previa, ele poderia nunca ter a chance de cumprir seu grande objetivo, que era se tornar o novo Imperador, uma posição que ele cobiçava alcançar já fazia muitos anos. Felizmente para J.D.R., seu pai, Lorde Richard Duvalier, era um político brilhante, que soube reunificar a população do Império em uma única visão, a dele, usando para sua vantagem algo que envergonhava todo mundo, a derrota na Primeira Guerra Celestial.
Suas palavras comoveram centenas de milhares de Lusitânicos, ele, assim como seu antepassado, Lorde Voronezh Drachen, antes dele, possuía o magnífico dom da oratória. Ao mesmo tempo em que reunificava toda a população lusitânica sob o seu comando, Lorde Richard Duvalier ainda usou a situação para doutriná-la segundo suas novas ideias, substituindo aquelas mantidas pelos governos anteriores por tanto tempo. Ele, que por anos havia vivido sob a ideia de que a espécie Zereca era superior a todas as outras, agora defendia a plenos pulmões o ideal de superioridade não de uma espécie, e sim, de um povo, o povo lusitânico, que havia vivido o suficiente para construir aquele Império tão grandioso, que estava destinado a se expandir ainda mais. Mas eles os haviam impedido, aqueles que haviam envergonhado os orgulhosos lusitânicos, e que, agora, os estavam levando a combater uns contra os outros, quebrando os laços que haviam mantido por séculos. Lorde Richard Duvalier era tudo o que alguém podia esperar de um político populista, ele foi adorado pela população, garantiu que ela se mantivesse leal a ele, obedecesse cada um de seus comandos, assim como os Imperadores antes dele. E ninguém o desafiava, afinal, ele não era um monarca egocêntrico que estava ali para fazer sua vontade ser absoluta, ele estava ali para guia-los em sua caminhada rumo a vingança contra aqueles que haviam condenado os Lusitânicos à vergonha, guia-los rumo a uma nova guerra na qual recuperariam tudo o que haviam perdido, e então, de uma vez por todas, cumprir o seu destino e se tornar o Império absoluto, que controlaria todo o planeta.
Esse era o pai de J.D.R, o homem que havia sido responsável pelo seu nascimento. A cada dia que testemunhava os atos de seu pai, cada vez mais J.D.R. sentia orgulho de ser seu filho. Ele aprendeu, e muito, ao assistir os discursos de seu pai. Aprendeu como controlar a multidão, como proferir suas ideias, conseguir o apoio deles e de muitos mais em seus objetivos. Tudo o que seria essencial no futuro, quando chegasse a sua hora. Ele sabia que enquanto vivesse, seu pai faria tudo em seu alcance para reconstruir a Lusitânia, reerguer o Império daquela crise. Infelizmente, mesmo usando tudo de si, Lorde Richard fracassou. Mesmo afastando a crise, e recuperando um pouco da Lusitânia, ela nunca voltaria a ser a mesma potência que havia sido na época gloriosa da expansão do Império. E, assim como qualquer homem em suas condições, sua vida sendo deteriorada pela doença que afligia sua espécie, Lorde Richard Duvalier veio a falecer. Sua morte foi uma perda terrível para a causa pela qual ele lutava, ele era, afinal, seu defensor mais importante. O homem que havia lutado para reerguer a Lusitânia estava, agora, morto, e horas depois do velório e do funeral, os militares que estavam no poder se reuniram para escolher o sucessor de Lorde Richard. Não havia dúvida de que seria preciso alguém tão carismático, tão famoso e poderoso quanto Lorde Richard para substituí-lo. J.D.R. não tinha dúvida, ele sabia perfeitamente quem seria o escolhido. Suas previsões estavam corretas, e, ao final da reunião, a Lusitânia tinha seu novo líder, ele mesmo. Era a primeira vez que um não-Zereca nascido no país chegava ao poder, um indivíduo que defenderia o orgulho da nação Lusitânica. O primeiro Nemiestel a nascer se tornou o primeiro Nemiestel a governar, a partir daquele momento, o ideal de superioridade Zereca sobre todas as espécies havia perdido seu maior argumento, a ideia de que apenas os Zerecas poderiam governar. Durante os anos que se seguiram à ascensão de J.D.R. ao poder, a Lusitânia recebeu seus maiores investimentos na reconstrução de seu exército fragmentado. J.D.R. manteve as promessas que fizera a seus aliados, dividindo o poder e o controle com aqueles que considerava dignos de confiança, e, ainda, convocara para ser seu conselheiro o homem que havia sido seu professor, o Sábio Orion Schlange, o único homem vivos em cujos conselhos ele depositava sua fé. Estava claro para qualquer um que J.D.R. estava preparando a Lusitânia para sua derradeira revanche contra Hekelotia e Tuwugawa, ele estava explorando ao máximo o sentimento de revanchismo que era forte na população, uma atitude que o tornou imensamente popular como governante. Ele também buscou fazer alianças com outros inimigos daquelas duas nações que pretendia destruir, enviando representantes da Lusitânia para diferentes regiões do mundo, mesmo que estivessem muito longe do território do Império.
Foi isso que o levou a buscar uma aliança com os Stars, uma espécie que operava no Continente da Morte e era uma das inimigas mais tradicionais do Reino de Hekelotia. Apesar de ter fortes esperanças naquela aliança, J.D.R. descobriu que apenas alguns entre os muitos indivíduos que faziam parte da população Star haviam sido conquistados pelas suas promessas. Nesse caso, ele enfrentou uma oposição profunda do líder dos Stars, o grande Starions, que usou sua influência para manter seu grupo distante de qualquer forma de aliança com os Lusitânicos, pois acreditava com aquilo seria uma ameaça a sua própria liderança. Além deles, J.D.R. tentou formar uma aliança com Kauzen Black, líder da Kaos Trans. Porém, em vez de fazer um aliado promissor, ele fez um inimigo poderoso. Kauzen até recebeu os representantes Lusitânicos em suas terras, mas os enviou de volta para seu país de origem em pedaços, uma mensagem para que não se intrometesse em seus interesses novamente. Esse ato do líder da Kaos Trans acabaria tornando esses dois indivíduos inimigos irreconciliáveis, pelo menos, por muitos anos desde aquele dia. Apesar desses fracassos, J.D.R. conseguiu reunir um grupo de aliados importantes, que o garantiam poder mais do que suficiente para recomeçar o conflito que havia humilhado os Lusitânicos, era o momento deles terem sua vingança. Ele começou movimentando suas tropas e as de seus aliados para perto das cidades Hekelotianas, antes de incentivá-las a realizar saques e causar o máximo de destruição que pudessem, ele, afinal, queria testar que tipo de reação teriam seus inimigos perante aquela provocação. Inicialmente, esses pequenos ataques não foram considerados dignos de atenção, pois, afinal, nessa época, Hekelotia já enfrentava problemas em sua antiga batalha contra os Stars e as forças de Kaos Trans. Tendo ganhado algum terreno no Continente da Morte, J.D.R. ordenou a construção de bases de operações no território para coordenar suas tropas mais facilmente, uma delas foi disfarçada como uma mansão abandonada, localizada nas profundezas da Floresta da Morte, cuja localização exata era um segredo até mesmo para seus aliados mais próximos. Dali, as ordens que vinham diretamente da capital do Império pelo ar, transportadas por aves bem treinadas, eram decifradas e enviadas para as tropas em movimento no interior da floresta. Devido as alianças que formara, J.D.R. ganhara conhecimento sobre os segredos da Floresta da Morte, o suficiente para que suas tropas pudessem enfrentar os Hekelotianos sem que eles tivessem a mesma vantagem que tiveram em seu último combate. Muitos dos soldados enviados ali por seu comando enfrentavam de frente os heróis de Hekelotia, muitos de seus comandantes e até um de seus generais mais leais perderam a vida lutando contra esses indivíduos.
E foi nesse período que J.D.R. ouviu falar de um artefato cuja existência ele mesmo havia esquecido a muitos anos, mesmo que um de seus familiares mais próximos tenha sido aquele que o estudara: “A Porta”. J.D.R. ouviu falar da existência desse artefato pela primeira quando mexia nos papeis que haviam restado dos estudos de seu avô, pois, afinal, a maior parte deles havia sido perdida na Grande Guerra, um livro que Lorde Chvester Drachen escrevera e que poderia conter conhecimentos além deste mundo. Como nunca tivera uma visão aprofundada sobre o assunto, J.D.R. não tinha ideia sobre o que realmente era “A Porta”, contudo, muitos que sabiam da existência do artefato, acreditavam que ele era a fonte de poderes além de sua compreensão, o que convenceu J.D.R. de que, se ele o encontrasse, ele teria tudo o que precisava para destruir Hekelotia e Tuwugawa, vingando seu país de uma vez por todas. Contudo, ele precisava de mais informações, principalmente quanto à onde este artefato estaria localizado. Mesmo que ninguém soubesse a posição exata de onde “A Porta” estava localizada, haviam aqueles que estavam mais próximos de descobrir isso. Por causa disso, J.D.R. se aliou ao irmão de Kauzen Black, Dhalsim Black. Diferente de Kauzen, Dhalsim era mais aberto a alianças, e, inclusive, naquela época, ele estava em forte oposição com o irmão, desejando, inclusive, vingança contra ele por tê-lo abandonado. Não apenas Dhalsim o guiou em sua busca, como também revelou que o irmão também buscava o artefato. Durante uma missão de reconhecimento realizada por soldados Lusitânicos, uma passagem secreta subterrânea foi encontrada no interior da densa Floresta da Morte, e aqueles que a exploraram descobriram um templo antigo e escondido nas profundezas da terra. Quando essa notícia chegou aos ouvidos de J.D.R., ele tinha certeza que aquele era o mesmo local que seu avô havia descoberto tantos anos antes, e, junto de Dhalsim, ele partiu até aquele local, levando sua própria guarda pessoal e um impressionante número de soldados fiéis a ele. Contudo, ele foi surpreendido ao descobrir que, após chegar até ali, ele seria obrigado a enfrentar os heróis de Hekelotia e as tropas Hekelotianas enviadas por Gabriel Whit, que também havia sido informado sobre aquela descoberta, e temia que o suposto poder “d’A Porta” caísse nas mãos do inimigo Lusitânico. Após conseguir passar pelos inimigos que se mantinham em seu caminho, J.D.R. finalmente se viu perante o artefato, mas, apenas para que se encontrasse novamente com seu antigo inimigo e oponente, o próprio Gabriel Whit. Ambos se encararam frente a frente, enquanto Gabriel Whit encarava seu velho inimigo que sobrevivera ao combate onde havia sido vitorioso, J.D.R. encarava o homem que havia sido responsável por trazer a ruína que abalou o seu país e quase o destruiu. Ambos se enfrentaram pela segunda vez, um combate quase tão épico quanto seu interior, mas não houve ninguém ali para presenciá-lo, e nenhum dos dois jamais dissera uma palavra sobre o que havia acontecido. Ainda assim, aqueles que os conheciam sabiam que J.D.R. usou seus poderes mágicos para manter vantagem sobre Gabriel Whit, enquanto ele usou suas habilidades como espadachim com o mesmo objetivo, defendendo-se valentemente dos ataques de seu oponente. No meio da luta, porém, os heróis de Hekelotia que haviam sido enviados ali por Gabriel Whit chegaram até aquele local onde os dois adversários combatiam um ao outro com o propósito de auxiliar seu Rei Sábio, o que o distraiu temporariamente e abrindo uma abertura para que J.D.R. o atacasse com uma técnica mágica, disparando uma rajada de energia que o jogou para trás sobre os mesmos heróis que vinham ajudá-lo. Vendo sua oportunidade, J.D.R. se dirigiu rumo “À Porta”, para que pudesse abri-la de uma vez por todas, e conseguisse “seu poder”. Porém, nesse mesmo momento, Kauzen Black finalmente apareceu, e percebendo o que estava acontecendo, correu para superar J.D.R., logo depois de reclamar a posse do artefato como sendo sua por direito. Percebendo que precisava chegar primeiro, J.D.R. também começou a correr, e então, ambos se mantiveram lado-a-lado, correndo até o artefato enquanto tentavam superar o outro. Apesar das tentativas dos dois de superaram um ao outro, eles acabaram entrando dentro “d’A Porta” ao mesmo tempo, algo que ninguém sabia ao certo no que resultaria.
Durante anos, o Sacro Império Lusitânico havia sido governado por monarcas absolutistas, que usavam seu carisma e a justificativa de direito divino para se manterem no poder, esmagando qualquer oposição que a eles surgisse. Pela primeira vez, entretanto, um grupo de militares do alto escalão do Exército Lusitânico que ainda restavam seriam responsáveis pela tomada de decisões políticas do país. Era uma nova forma de governo, o que acabou despertando na população Lusitânica a ideia de que havia algo melhor do que ser governada por um líder absoluto e cujas decisões deviam ser tratadas como o desejo do “Grande Criador”, mesmo que muitos discordassem. Mesmo que fossem Lusitânicos, esses militares não conseguiram garantir o apoio da população imediatamente. Seu próprio golpe abriu caminho para que anos de exploração da população por um monarca absoluto se transformassem na tentativa do próprio povo tomar o poder, e ser responsável, ele mesmo, pelas decisões que afetariam as vidas de tantas pessoas. Infelizmente, mesmo que essa ideia pudesse levar o Sacro Império Lusitânico a uma era de democracia, uma revolução no seu modelo de política, a verdade era que ele não estava preparado para isso. Não havia união nas reivindicações da população rebelada, e a população de cada cidade e de cada estado tinha sua própria visão do que era melhor. Dessa forma, aquilo levaria a uma guerra civil que quebraria laços de união que haviam sido mantidos por milênios, podendo levar a, inclusive, o fim do próprio Império. Isso assustou imensamente J.D.R., que, desde o fim da Primeira Guerra Celestial, havia retornado a viver no Império e havia sido um dos responsáveis pelo Golpe de Estado que eliminara a presença dos inimigos no governo daquele imenso território. Se essa crise seguisse na direção que ele previa, ele poderia nunca ter a chance de cumprir seu grande objetivo, que era se tornar o novo Imperador, uma posição que ele cobiçava alcançar já fazia muitos anos. Felizmente para J.D.R., seu pai, Lorde Richard Duvalier, era um político brilhante, que soube reunificar a população do Império em uma única visão, a dele, usando para sua vantagem algo que envergonhava todo mundo, a derrota na Primeira Guerra Celestial.
Suas palavras comoveram centenas de milhares de Lusitânicos, ele, assim como seu antepassado, Lorde Voronezh Drachen, antes dele, possuía o magnífico dom da oratória. Ao mesmo tempo em que reunificava toda a população lusitânica sob o seu comando, Lorde Richard Duvalier ainda usou a situação para doutriná-la segundo suas novas ideias, substituindo aquelas mantidas pelos governos anteriores por tanto tempo. Ele, que por anos havia vivido sob a ideia de que a espécie Zereca era superior a todas as outras, agora defendia a plenos pulmões o ideal de superioridade não de uma espécie, e sim, de um povo, o povo lusitânico, que havia vivido o suficiente para construir aquele Império tão grandioso, que estava destinado a se expandir ainda mais. Mas eles os haviam impedido, aqueles que haviam envergonhado os orgulhosos lusitânicos, e que, agora, os estavam levando a combater uns contra os outros, quebrando os laços que haviam mantido por séculos. Lorde Richard Duvalier era tudo o que alguém podia esperar de um político populista, ele foi adorado pela população, garantiu que ela se mantivesse leal a ele, obedecesse cada um de seus comandos, assim como os Imperadores antes dele. E ninguém o desafiava, afinal, ele não era um monarca egocêntrico que estava ali para fazer sua vontade ser absoluta, ele estava ali para guia-los em sua caminhada rumo a vingança contra aqueles que haviam condenado os Lusitânicos à vergonha, guia-los rumo a uma nova guerra na qual recuperariam tudo o que haviam perdido, e então, de uma vez por todas, cumprir o seu destino e se tornar o Império absoluto, que controlaria todo o planeta.
Esse era o pai de J.D.R, o homem que havia sido responsável pelo seu nascimento. A cada dia que testemunhava os atos de seu pai, cada vez mais J.D.R. sentia orgulho de ser seu filho. Ele aprendeu, e muito, ao assistir os discursos de seu pai. Aprendeu como controlar a multidão, como proferir suas ideias, conseguir o apoio deles e de muitos mais em seus objetivos. Tudo o que seria essencial no futuro, quando chegasse a sua hora. Ele sabia que enquanto vivesse, seu pai faria tudo em seu alcance para reconstruir a Lusitânia, reerguer o Império daquela crise. Infelizmente, mesmo usando tudo de si, Lorde Richard fracassou. Mesmo afastando a crise, e recuperando um pouco da Lusitânia, ela nunca voltaria a ser a mesma potência que havia sido na época gloriosa da expansão do Império. E, assim como qualquer homem em suas condições, sua vida sendo deteriorada pela doença que afligia sua espécie, Lorde Richard Duvalier veio a falecer. Sua morte foi uma perda terrível para a causa pela qual ele lutava, ele era, afinal, seu defensor mais importante. O homem que havia lutado para reerguer a Lusitânia estava, agora, morto, e horas depois do velório e do funeral, os militares que estavam no poder se reuniram para escolher o sucessor de Lorde Richard. Não havia dúvida de que seria preciso alguém tão carismático, tão famoso e poderoso quanto Lorde Richard para substituí-lo. J.D.R. não tinha dúvida, ele sabia perfeitamente quem seria o escolhido. Suas previsões estavam corretas, e, ao final da reunião, a Lusitânia tinha seu novo líder, ele mesmo. Era a primeira vez que um não-Zereca nascido no país chegava ao poder, um indivíduo que defenderia o orgulho da nação Lusitânica. O primeiro Nemiestel a nascer se tornou o primeiro Nemiestel a governar, a partir daquele momento, o ideal de superioridade Zereca sobre todas as espécies havia perdido seu maior argumento, a ideia de que apenas os Zerecas poderiam governar. Durante os anos que se seguiram à ascensão de J.D.R. ao poder, a Lusitânia recebeu seus maiores investimentos na reconstrução de seu exército fragmentado. J.D.R. manteve as promessas que fizera a seus aliados, dividindo o poder e o controle com aqueles que considerava dignos de confiança, e, ainda, convocara para ser seu conselheiro o homem que havia sido seu professor, o Sábio Orion Schlange, o único homem vivos em cujos conselhos ele depositava sua fé. Estava claro para qualquer um que J.D.R. estava preparando a Lusitânia para sua derradeira revanche contra Hekelotia e Tuwugawa, ele estava explorando ao máximo o sentimento de revanchismo que era forte na população, uma atitude que o tornou imensamente popular como governante. Ele também buscou fazer alianças com outros inimigos daquelas duas nações que pretendia destruir, enviando representantes da Lusitânia para diferentes regiões do mundo, mesmo que estivessem muito longe do território do Império.
Foi isso que o levou a buscar uma aliança com os Stars, uma espécie que operava no Continente da Morte e era uma das inimigas mais tradicionais do Reino de Hekelotia. Apesar de ter fortes esperanças naquela aliança, J.D.R. descobriu que apenas alguns entre os muitos indivíduos que faziam parte da população Star haviam sido conquistados pelas suas promessas. Nesse caso, ele enfrentou uma oposição profunda do líder dos Stars, o grande Starions, que usou sua influência para manter seu grupo distante de qualquer forma de aliança com os Lusitânicos, pois acreditava com aquilo seria uma ameaça a sua própria liderança. Além deles, J.D.R. tentou formar uma aliança com Kauzen Black, líder da Kaos Trans. Porém, em vez de fazer um aliado promissor, ele fez um inimigo poderoso. Kauzen até recebeu os representantes Lusitânicos em suas terras, mas os enviou de volta para seu país de origem em pedaços, uma mensagem para que não se intrometesse em seus interesses novamente. Esse ato do líder da Kaos Trans acabaria tornando esses dois indivíduos inimigos irreconciliáveis, pelo menos, por muitos anos desde aquele dia. Apesar desses fracassos, J.D.R. conseguiu reunir um grupo de aliados importantes, que o garantiam poder mais do que suficiente para recomeçar o conflito que havia humilhado os Lusitânicos, era o momento deles terem sua vingança. Ele começou movimentando suas tropas e as de seus aliados para perto das cidades Hekelotianas, antes de incentivá-las a realizar saques e causar o máximo de destruição que pudessem, ele, afinal, queria testar que tipo de reação teriam seus inimigos perante aquela provocação. Inicialmente, esses pequenos ataques não foram considerados dignos de atenção, pois, afinal, nessa época, Hekelotia já enfrentava problemas em sua antiga batalha contra os Stars e as forças de Kaos Trans. Tendo ganhado algum terreno no Continente da Morte, J.D.R. ordenou a construção de bases de operações no território para coordenar suas tropas mais facilmente, uma delas foi disfarçada como uma mansão abandonada, localizada nas profundezas da Floresta da Morte, cuja localização exata era um segredo até mesmo para seus aliados mais próximos. Dali, as ordens que vinham diretamente da capital do Império pelo ar, transportadas por aves bem treinadas, eram decifradas e enviadas para as tropas em movimento no interior da floresta. Devido as alianças que formara, J.D.R. ganhara conhecimento sobre os segredos da Floresta da Morte, o suficiente para que suas tropas pudessem enfrentar os Hekelotianos sem que eles tivessem a mesma vantagem que tiveram em seu último combate. Muitos dos soldados enviados ali por seu comando enfrentavam de frente os heróis de Hekelotia, muitos de seus comandantes e até um de seus generais mais leais perderam a vida lutando contra esses indivíduos.
E foi nesse período que J.D.R. ouviu falar de um artefato cuja existência ele mesmo havia esquecido a muitos anos, mesmo que um de seus familiares mais próximos tenha sido aquele que o estudara: “A Porta”. J.D.R. ouviu falar da existência desse artefato pela primeira quando mexia nos papeis que haviam restado dos estudos de seu avô, pois, afinal, a maior parte deles havia sido perdida na Grande Guerra, um livro que Lorde Chvester Drachen escrevera e que poderia conter conhecimentos além deste mundo. Como nunca tivera uma visão aprofundada sobre o assunto, J.D.R. não tinha ideia sobre o que realmente era “A Porta”, contudo, muitos que sabiam da existência do artefato, acreditavam que ele era a fonte de poderes além de sua compreensão, o que convenceu J.D.R. de que, se ele o encontrasse, ele teria tudo o que precisava para destruir Hekelotia e Tuwugawa, vingando seu país de uma vez por todas. Contudo, ele precisava de mais informações, principalmente quanto à onde este artefato estaria localizado. Mesmo que ninguém soubesse a posição exata de onde “A Porta” estava localizada, haviam aqueles que estavam mais próximos de descobrir isso. Por causa disso, J.D.R. se aliou ao irmão de Kauzen Black, Dhalsim Black. Diferente de Kauzen, Dhalsim era mais aberto a alianças, e, inclusive, naquela época, ele estava em forte oposição com o irmão, desejando, inclusive, vingança contra ele por tê-lo abandonado. Não apenas Dhalsim o guiou em sua busca, como também revelou que o irmão também buscava o artefato. Durante uma missão de reconhecimento realizada por soldados Lusitânicos, uma passagem secreta subterrânea foi encontrada no interior da densa Floresta da Morte, e aqueles que a exploraram descobriram um templo antigo e escondido nas profundezas da terra. Quando essa notícia chegou aos ouvidos de J.D.R., ele tinha certeza que aquele era o mesmo local que seu avô havia descoberto tantos anos antes, e, junto de Dhalsim, ele partiu até aquele local, levando sua própria guarda pessoal e um impressionante número de soldados fiéis a ele. Contudo, ele foi surpreendido ao descobrir que, após chegar até ali, ele seria obrigado a enfrentar os heróis de Hekelotia e as tropas Hekelotianas enviadas por Gabriel Whit, que também havia sido informado sobre aquela descoberta, e temia que o suposto poder “d’A Porta” caísse nas mãos do inimigo Lusitânico. Após conseguir passar pelos inimigos que se mantinham em seu caminho, J.D.R. finalmente se viu perante o artefato, mas, apenas para que se encontrasse novamente com seu antigo inimigo e oponente, o próprio Gabriel Whit. Ambos se encararam frente a frente, enquanto Gabriel Whit encarava seu velho inimigo que sobrevivera ao combate onde havia sido vitorioso, J.D.R. encarava o homem que havia sido responsável por trazer a ruína que abalou o seu país e quase o destruiu. Ambos se enfrentaram pela segunda vez, um combate quase tão épico quanto seu interior, mas não houve ninguém ali para presenciá-lo, e nenhum dos dois jamais dissera uma palavra sobre o que havia acontecido. Ainda assim, aqueles que os conheciam sabiam que J.D.R. usou seus poderes mágicos para manter vantagem sobre Gabriel Whit, enquanto ele usou suas habilidades como espadachim com o mesmo objetivo, defendendo-se valentemente dos ataques de seu oponente. No meio da luta, porém, os heróis de Hekelotia que haviam sido enviados ali por Gabriel Whit chegaram até aquele local onde os dois adversários combatiam um ao outro com o propósito de auxiliar seu Rei Sábio, o que o distraiu temporariamente e abrindo uma abertura para que J.D.R. o atacasse com uma técnica mágica, disparando uma rajada de energia que o jogou para trás sobre os mesmos heróis que vinham ajudá-lo. Vendo sua oportunidade, J.D.R. se dirigiu rumo “À Porta”, para que pudesse abri-la de uma vez por todas, e conseguisse “seu poder”. Porém, nesse mesmo momento, Kauzen Black finalmente apareceu, e percebendo o que estava acontecendo, correu para superar J.D.R., logo depois de reclamar a posse do artefato como sendo sua por direito. Percebendo que precisava chegar primeiro, J.D.R. também começou a correr, e então, ambos se mantiveram lado-a-lado, correndo até o artefato enquanto tentavam superar o outro. Apesar das tentativas dos dois de superaram um ao outro, eles acabaram entrando dentro “d’A Porta” ao mesmo tempo, algo que ninguém sabia ao certo no que resultaria.
UMA HISTÓRIA OCULTA: A VERDADE SOBRE “A PORTA”
O que realmente ocorreu lá dentro? Por muito tempo ninguém soube a resposta para essa pergunta. Foi apenas muitos anos depois desse evento que essa pergunta seria, finalmente, respondida. Após J.D.R. e Kauzen Black terem adentrado no artefato, eles viram seus corpos, suas formas físicas, tudo o que eles eram no mundo dos vivos, ser transportado através do espaço entre os mundos, algo que ninguém sabia que existia, pois apenas conheciam a existência do Неутрален, o mundo que os Supremos haviam criado e onde depositaram, cada um, um pouco de si. Eles foram transportados por esse vácuo até um outro mundo, um lugar conhecido como Тениæмон, um mundo que agia como um reflexo para o mundo criado pelos Supremos, pois ali, naquele lugar imperfeito, eles haviam depositado todas as imperfeições que viram em suas criações, dessa forma, estavam em um mundo em que todas as leis do Universo que dominavam em seu mundo ou não funcionavam ou agiam com menos intensidade, e, para complicar, cada local daquele mundo agia de forma diferente do outro. Infelizmente, esses dois indivíduos seriam transportados para aquele lugar estranho e nem sequer teriam a companhia um do outro para tentar amenizar as consequências que iriam afligi-los após a sua chegada. No momento em que perceberam que haviam atravessado “A Porta”, tanto J.D.R. quanto Kauzen se atacaram, e o impacto resultante do choque de seus ataques causou uma explosão que os lançou para direções opostas, os separando durante o transporte.
Quando enfim acordou, J.D.R. se viu deitado em uma floresta escura, sem conseguir se lembrar do que havia ocorrido depois da explosão. Porém, o mais estranho foi quando se ergueu e encarou o lugar onde estava. Aquela floresta não parecia nada com uma floresta de seu mundo, as árvores pareciam ter saído de sonhos, pois tinham formas distorcidas e que normalmente não as faria sobreviver no ambiente. Os animais não pareciam com nada que havia visto até então, e enquanto muito deles não se importaram com a sua presença, ele foi obrigado a enfrentar muitas criaturas horrendas e fortes para que pudesse se manter vivo. Enquanto caminhava por aquele lugar, ele logo foi surpreendido ao ver tudo desaparecer, e dar lugar a um deserto, que, também parecia ser proveniente de seus sonhos mais impossíveis. A areia formava formas que ignoravam as leis da Física, e ele logo viu que estava flutuando no ar, como se a gravidade deixasse de funcionar em alguns locais. Ele estava viajando sem rumo por um mundo estranho, sem que tivesse certeza de que o caminho que seguia era o certo. Ele também logo percebeu que estava perdendo a noção do tempo. Talvez tivessem se passado dias, ou meses, ou até mesmo anos. Ele não tinha certeza, as vezes parecia estar ali por muito tempo, as vezes parecia que tudo havia ocorrido a tão pouco tempo, e, como o céu estava sempre escuro, sem nuvens nem estrelas, ele também não tinha como buscar evidências da passagem do tempo. O mais incrível era que ele não sentia tanta fome ou tanta sede como deveria sentir naquela situação. Ele se alimentava dos estranhos frutos daquelas árvores incomuns, ou da carne daqueles estranhos animais que ele conseguia capturar. Ele bebia da água que flutuava no ar nas mais variadas formas, e que parecia descer, ou subir, ele já não tinha mais certeza, das nascentes que se formavam e sumiam nas regiões que ele atravessava. Apesar desse comportamento, ele só comia e bebia por hábito mesmo, não estava sentindo fome, e, mesmo após se alimentar, não sentia que havia se alimentado. Ele vivia como um naufrago que se perdeu em uma ilha deserta, a diferença era que ele estava perdido em um lugar que era completamente estranho, cuja natureza parecia sair de sonhos, ou de pesadelos, ele não tinha mais certeza. Porém, foi apenas uma questão de tempo para que isso mudasse.
Logo, a fome e o cansaço retornariam para ataca-lo. E isso coincidiu com o momento em que ele se viu em um local que não havia alimento algum. Ele se viu fraco, mais fraco do que deveria, e então, quando enfim compreendeu, estava cercado por indivíduos grotescos, que falavam em uma língua que ele não compreendia, mesmo tendo estudado tantas em sua juventude. Ele tentou combate-los, mas, logo, o cansaço o tomou de tal forma, que ele não tinha mais forças, e foi, então, capturado. Extremamente exausto, mais do que alguém poderia ficar normalmente, J.D.R. ficou quase que o tempo todo sem sentidos, enquanto era transportado por grandes distâncias, ou pequenas, agora ele já não tinha mais como diferenciar. Quando começou a dar sinal de que estava consciente, ele se viu no meio de uma terra desolada, obscura como as noites mais sombrias, onde ele não conseguia enxergar perfeitamente o que havia diante dele ou ao lado dele. Porém, quando seus olhos começaram a se acostumar com aquela escuridão, ele começou a ver, a frente, uma construção grotesca, que mais parecia uma criatura viva deformada do que o que realmente era. Foi nesse gigantesco palácio, cuja entrada parecia a boca aberta de um monstro sem forma reconhecível, cujas torres pareciam braços que se envolviam em uma espiral até alcançar os céus, cujas paredes pareciam ser feitas de tecido animal com líquido solidificado a ele misturado que ele foi levado a entrar. Quando eles finalmente terminaram de carrega-lo até ali, J.D.R. sentiu seu corpo flutuando no ar, até que caísse deitado no chão, e foi quando sentiu que poderia se movimentar novamente, nenhum sinal de exaustão permanecia em seu corpo, era um verdadeiro milagre. Porém, sua surpresa com aquilo não foi tão grande com a surpresa que teve quando, ao abrir seus olhos, viu que havia, diante de si, uma criatura enorme, mais alta do que qualquer Zereca que havia visto em sua vida até então. J.D.R. não tinha como ter certeza, mas acreditava que aquela criatura poderia ter a mesma altura ou ser, então, mais alta do que Lorde Zakun Drachen, o maior Zereca a ter vivido, jamais havia sido. Sua aparência era assustadora, parecia um demônio como aqueles descritos nos livros, mas muito maior, com quatro braços que pareciam ser capazes de fragmentar as construções mais resistentes, e espinhos enormes que saíam de suas costas tão afiados que pareciam ser mais mortais do que as melhores lâminas já trabalhadas. Aquela criatura se mantinha sentada em um trono gigantesco, quase tão negro quanto seu corpo, que parecia ter a mesma tonalidade que o céu durante a noite, e parecia encará-lo com seus olhos vermelhos, tão brilhantes que pareciam dois sóis no interior daquela profunda escuridão.
Se sua aparência não fosse suficientemente intimidante, J.D.R. logo sentiu o imenso nível de seu poder, tão grandioso que parecia esmaga-lo como um inseto, fazendo-o tremer de medo como nunca antes havia sentido. J.D.R., mesmo sendo muito poderoso, sabia que não teria chance alguma contra aquele ser, e logo, finalmente se viu diante do desespero quando percebeu que morreria ali mesmo. Porém, quando ouviu a voz daquele ser, J.D.R. finalmente admitiu para si mesmo que não tinha chance alguma. Para a sua surpresa, o ser falava em sua língua, mesmo que não parecesse com nenhum indivíduo que tivesse pisado na Lusitânia. Sua voz parecia não se propagar pelo ar, mas surgir no interior de sua mente, como se ele se comunicasse por telepatia. Com sua voz sombria, aquele indivíduo se introduziu como Vrag, aquele que foi conhecido como o Senhor do Escuro, e que governava como o senhor absoluto daquele mundo em que J.D.R. estava. Em alguns instantes, Vrag lhe falou histórias sobre guerras antigas sobre as quais ele nunca havia ouvido falar, histórias sobre os Supremos que nunca haviam sido descobertas e sobre seus feitos, até então vistos como impossíveis de serem entendidos. Tantas informações que pareciam ser transferidas para sua mente em questão de segundos, e quanto mais ouvia, mais J.D.R. percebia as limitações de tudo o que ele e seus antecessores haviam descoberto até então. Porém, ele logo foi surpreendido pela pergunta inesperada daquele ser gigantesco, que, apesar de parecer saber tanto, o perguntou sobre quem ele era. Incapaz de mentir naquele momento, J.D.R. respondeu contando sua própria história, dizendo que era o líder de uma poderosa nação condenada à vergonha e que ele iria guia-la em sua vingança contra os responsáveis pela desgraça que os havia abatido.
Mesmo dizendo a mais pura verdade, J.D.R. foi surpreendido quando o indivíduo respondeu que ele estava errado, antes de rir em sua voz maléfica e assustadora, que pareceu fazer todo o lugar tremer. Quando finalmente parou de rir, Vrag revelou que ele tinha uma visão muito mais limitada do que aparentava ter, ou que, pelo menos, ele havia esquecido toda a verdade sobre si mesmo nesse tempo que havia se passado. J.D.R. não conseguia entender o que estava ouvindo, mas, ainda assim, não quis demonstrar isso para aquele ser. Ainda assim, ele parecia ser capaz de ler sua mente e ver perfeitamente o que sentia, e então, afirmou que havia decidido revelar a verdade sobre quem J.D.R. realmente era. Naquele instante, ele mencionou o nome de Lorde Voronezh Drachen, o antepassado de J.D.R., algo que ele já sabia ser. O que ele não sabia, porém, era que Lorde Voronezh Drachen não era um simples Zereca como aqueles que ele havia unido e governado, e sim, a reencarnação de um Supremo, um antigo Supremo que a muito tempo havia sido derrotado em uma guerra mais antiga do que qualquer outra que já havia ocorrido no mundo. E ele, por ser seu herdeiro, também possuía parte dos poderes do Supremo que haviam sido herdados ao longo de gerações que depois sucederam o Primeiro Rei Zereca. Poderes que poderiam garantir sua vitória naquela guerra que disputava. J.D.R. não conseguia acreditar no que estava ouvindo, ele, afinal, nunca soube sobre sua verdadeira natureza. Vrag, porém, foi mais além, e usou como exemplo o mesmo homem que tratara J.D.R. como uma criatura inferior por tanto tempo, o “falecido” Imperador, Lorde Janus Drachen. Vrag revelou que Lorde Janus Drachen havia aberto acidentalmente seu espírito para aquele poder que possuía, e que isso o tornara imensamente poderoso. Contudo, também dissera que em sua cegueira, e em sua incapacidade de compreender os seus poderes, Lorde Janus também deixou que eles o consumissem, e que isso resultaria em sua morte antecipada. Inclusive, Vrag também chamara sua atenção para as descobertas que Lorde Janus Drachen fizera enquanto aprendia a dominar este poder, incluindo seus planos para conseguir a vida eterna ao transferir seu espírito para um novo recipiente, o corpo daquele que ele havia transformado no Deus da Escuridão, Zadier. Como Vrag sabia daquelas informações? J.D.R. estava mais surpreso com a aparente onisciência daquele ser do que as revelações que ele fazia. Afinal, tudo o que ele havia revelado havia sido mantido segredo pelo próprio Lorde Janus Drachen. Ele nunca disse o que pretendia fazer a ninguém, e “morreu” com seus segredos. Finalmente, J.D.R. perguntou: “Afinal, quem é você? Como sabe de tudo isso?”. Vrag, então, respondeu com uma honestidade assustadora, ele era o Supremo caído que reencarnara como Lorde Voronezh Drachen. Ou melhor, ele era a Mente desse Supremo, aquele que era sua malícia e sua maldade em forma física. Nesse momento, ele revelara que Lorde Voronezh Drachen era o corpo do Supremo, e que ambos haviam sido separados no mesmo dia em que ele havia sido derrotado.
Percebendo, afinal, o motivo pelo qual estava sentindo tanto medo, J.D.R. não teve outra escolha senão se ajoelhar perante aquele ser, implorando para que poupasse sua vida. Vrag, porém, revelou que não tinha intenção alguma de mata-lo. Na realidade, ele via J.D.R. como uma peça importante em seu próprio plano para que pudesse retornar ao poder. Vrag ergueu seu braço esquerdo, e J.D.R. sentiu uma imensa dor de cabeça, como se ela tivesse sido atingida por um raio. Em questão de segundos, ele começou a ver. Milhares de imagens moviam-se em sua mente, ele parecia ver toda a verdade sobre o mundo de onde viera, ele parecia viajar por todos os eventos da história que já haviam acontecido, e parecia descobrir tudo o que havia para se descobrir. Naquele momento, J.D.R. sentiu sua própria figura crescer em poder e sabedoria, ele tornou-se cada vez mais iluminado, e tudo o que antes era misterioso e incompreensível não podia parecer mais claro para ele. Vrag, também, o mostrou tudo o que deveria fazer, para que ele pudesse realizar sua verdadeira vingança contra seu verdadeiro inimigo. Nesse instante, J.D.R. descobriu sobre a Nona Espada, a arma mais poderosa já forjada e que seria essencial no plano, e sobre Barão Kriminel, uma criatura sem alma que havia nascido da própria escuridão que corrompeu Zadier, logo após a sua morte perante os oito espadachins da lenda, e claro, sobre a maior e mais poderosa arma que o Sacro Império Lusitânico já havia construído, uma arma que se ele conseguisse libertar, poderia garantir sua vitória na sua guerra e tornar realidade seu sonho de vingar a Lusitânia e transformá-la na força dominante do planeta. Agora, ele sabia tudo o que precisava saber, e, seus próprios poderes haviam se fortalecido a um nível que ele achou que nunca antes poderia alcançar. Vrag, por fim, o mostrou o caminho até “A Porta” daquele mundo, que o levaria de volta para o seu próprio mundo. Ele, também, o dissera, que ele mesmo não podia atravessá-la para que pudesse agir em seu mundo, mas que já havia tomado medidas para que conseguisse abrir uma outra passagem, e que caberia a ele, J.D.R., facilitar que isso acontecesse. Os dois se despediram, e depois de atravessar a versão “d’A Porta” daquele mundo, ele viu que havia surgido no mesmo lugar onde havia enfrentado Gabriel Whit antes de adentrar no artefato, e, para sua surpresa, o ser ainda estava lá, diante dele, como se o tempo em seu mundo tivesse passado mais devagar, ou seja, tudo o que ele havia testemunhado naquele outro mundo, que parecia ter durado horas, havia durado apenas alguns segundos ali.
Quando enfim acordou, J.D.R. se viu deitado em uma floresta escura, sem conseguir se lembrar do que havia ocorrido depois da explosão. Porém, o mais estranho foi quando se ergueu e encarou o lugar onde estava. Aquela floresta não parecia nada com uma floresta de seu mundo, as árvores pareciam ter saído de sonhos, pois tinham formas distorcidas e que normalmente não as faria sobreviver no ambiente. Os animais não pareciam com nada que havia visto até então, e enquanto muito deles não se importaram com a sua presença, ele foi obrigado a enfrentar muitas criaturas horrendas e fortes para que pudesse se manter vivo. Enquanto caminhava por aquele lugar, ele logo foi surpreendido ao ver tudo desaparecer, e dar lugar a um deserto, que, também parecia ser proveniente de seus sonhos mais impossíveis. A areia formava formas que ignoravam as leis da Física, e ele logo viu que estava flutuando no ar, como se a gravidade deixasse de funcionar em alguns locais. Ele estava viajando sem rumo por um mundo estranho, sem que tivesse certeza de que o caminho que seguia era o certo. Ele também logo percebeu que estava perdendo a noção do tempo. Talvez tivessem se passado dias, ou meses, ou até mesmo anos. Ele não tinha certeza, as vezes parecia estar ali por muito tempo, as vezes parecia que tudo havia ocorrido a tão pouco tempo, e, como o céu estava sempre escuro, sem nuvens nem estrelas, ele também não tinha como buscar evidências da passagem do tempo. O mais incrível era que ele não sentia tanta fome ou tanta sede como deveria sentir naquela situação. Ele se alimentava dos estranhos frutos daquelas árvores incomuns, ou da carne daqueles estranhos animais que ele conseguia capturar. Ele bebia da água que flutuava no ar nas mais variadas formas, e que parecia descer, ou subir, ele já não tinha mais certeza, das nascentes que se formavam e sumiam nas regiões que ele atravessava. Apesar desse comportamento, ele só comia e bebia por hábito mesmo, não estava sentindo fome, e, mesmo após se alimentar, não sentia que havia se alimentado. Ele vivia como um naufrago que se perdeu em uma ilha deserta, a diferença era que ele estava perdido em um lugar que era completamente estranho, cuja natureza parecia sair de sonhos, ou de pesadelos, ele não tinha mais certeza. Porém, foi apenas uma questão de tempo para que isso mudasse.
Logo, a fome e o cansaço retornariam para ataca-lo. E isso coincidiu com o momento em que ele se viu em um local que não havia alimento algum. Ele se viu fraco, mais fraco do que deveria, e então, quando enfim compreendeu, estava cercado por indivíduos grotescos, que falavam em uma língua que ele não compreendia, mesmo tendo estudado tantas em sua juventude. Ele tentou combate-los, mas, logo, o cansaço o tomou de tal forma, que ele não tinha mais forças, e foi, então, capturado. Extremamente exausto, mais do que alguém poderia ficar normalmente, J.D.R. ficou quase que o tempo todo sem sentidos, enquanto era transportado por grandes distâncias, ou pequenas, agora ele já não tinha mais como diferenciar. Quando começou a dar sinal de que estava consciente, ele se viu no meio de uma terra desolada, obscura como as noites mais sombrias, onde ele não conseguia enxergar perfeitamente o que havia diante dele ou ao lado dele. Porém, quando seus olhos começaram a se acostumar com aquela escuridão, ele começou a ver, a frente, uma construção grotesca, que mais parecia uma criatura viva deformada do que o que realmente era. Foi nesse gigantesco palácio, cuja entrada parecia a boca aberta de um monstro sem forma reconhecível, cujas torres pareciam braços que se envolviam em uma espiral até alcançar os céus, cujas paredes pareciam ser feitas de tecido animal com líquido solidificado a ele misturado que ele foi levado a entrar. Quando eles finalmente terminaram de carrega-lo até ali, J.D.R. sentiu seu corpo flutuando no ar, até que caísse deitado no chão, e foi quando sentiu que poderia se movimentar novamente, nenhum sinal de exaustão permanecia em seu corpo, era um verdadeiro milagre. Porém, sua surpresa com aquilo não foi tão grande com a surpresa que teve quando, ao abrir seus olhos, viu que havia, diante de si, uma criatura enorme, mais alta do que qualquer Zereca que havia visto em sua vida até então. J.D.R. não tinha como ter certeza, mas acreditava que aquela criatura poderia ter a mesma altura ou ser, então, mais alta do que Lorde Zakun Drachen, o maior Zereca a ter vivido, jamais havia sido. Sua aparência era assustadora, parecia um demônio como aqueles descritos nos livros, mas muito maior, com quatro braços que pareciam ser capazes de fragmentar as construções mais resistentes, e espinhos enormes que saíam de suas costas tão afiados que pareciam ser mais mortais do que as melhores lâminas já trabalhadas. Aquela criatura se mantinha sentada em um trono gigantesco, quase tão negro quanto seu corpo, que parecia ter a mesma tonalidade que o céu durante a noite, e parecia encará-lo com seus olhos vermelhos, tão brilhantes que pareciam dois sóis no interior daquela profunda escuridão.
Se sua aparência não fosse suficientemente intimidante, J.D.R. logo sentiu o imenso nível de seu poder, tão grandioso que parecia esmaga-lo como um inseto, fazendo-o tremer de medo como nunca antes havia sentido. J.D.R., mesmo sendo muito poderoso, sabia que não teria chance alguma contra aquele ser, e logo, finalmente se viu diante do desespero quando percebeu que morreria ali mesmo. Porém, quando ouviu a voz daquele ser, J.D.R. finalmente admitiu para si mesmo que não tinha chance alguma. Para a sua surpresa, o ser falava em sua língua, mesmo que não parecesse com nenhum indivíduo que tivesse pisado na Lusitânia. Sua voz parecia não se propagar pelo ar, mas surgir no interior de sua mente, como se ele se comunicasse por telepatia. Com sua voz sombria, aquele indivíduo se introduziu como Vrag, aquele que foi conhecido como o Senhor do Escuro, e que governava como o senhor absoluto daquele mundo em que J.D.R. estava. Em alguns instantes, Vrag lhe falou histórias sobre guerras antigas sobre as quais ele nunca havia ouvido falar, histórias sobre os Supremos que nunca haviam sido descobertas e sobre seus feitos, até então vistos como impossíveis de serem entendidos. Tantas informações que pareciam ser transferidas para sua mente em questão de segundos, e quanto mais ouvia, mais J.D.R. percebia as limitações de tudo o que ele e seus antecessores haviam descoberto até então. Porém, ele logo foi surpreendido pela pergunta inesperada daquele ser gigantesco, que, apesar de parecer saber tanto, o perguntou sobre quem ele era. Incapaz de mentir naquele momento, J.D.R. respondeu contando sua própria história, dizendo que era o líder de uma poderosa nação condenada à vergonha e que ele iria guia-la em sua vingança contra os responsáveis pela desgraça que os havia abatido.
Mesmo dizendo a mais pura verdade, J.D.R. foi surpreendido quando o indivíduo respondeu que ele estava errado, antes de rir em sua voz maléfica e assustadora, que pareceu fazer todo o lugar tremer. Quando finalmente parou de rir, Vrag revelou que ele tinha uma visão muito mais limitada do que aparentava ter, ou que, pelo menos, ele havia esquecido toda a verdade sobre si mesmo nesse tempo que havia se passado. J.D.R. não conseguia entender o que estava ouvindo, mas, ainda assim, não quis demonstrar isso para aquele ser. Ainda assim, ele parecia ser capaz de ler sua mente e ver perfeitamente o que sentia, e então, afirmou que havia decidido revelar a verdade sobre quem J.D.R. realmente era. Naquele instante, ele mencionou o nome de Lorde Voronezh Drachen, o antepassado de J.D.R., algo que ele já sabia ser. O que ele não sabia, porém, era que Lorde Voronezh Drachen não era um simples Zereca como aqueles que ele havia unido e governado, e sim, a reencarnação de um Supremo, um antigo Supremo que a muito tempo havia sido derrotado em uma guerra mais antiga do que qualquer outra que já havia ocorrido no mundo. E ele, por ser seu herdeiro, também possuía parte dos poderes do Supremo que haviam sido herdados ao longo de gerações que depois sucederam o Primeiro Rei Zereca. Poderes que poderiam garantir sua vitória naquela guerra que disputava. J.D.R. não conseguia acreditar no que estava ouvindo, ele, afinal, nunca soube sobre sua verdadeira natureza. Vrag, porém, foi mais além, e usou como exemplo o mesmo homem que tratara J.D.R. como uma criatura inferior por tanto tempo, o “falecido” Imperador, Lorde Janus Drachen. Vrag revelou que Lorde Janus Drachen havia aberto acidentalmente seu espírito para aquele poder que possuía, e que isso o tornara imensamente poderoso. Contudo, também dissera que em sua cegueira, e em sua incapacidade de compreender os seus poderes, Lorde Janus também deixou que eles o consumissem, e que isso resultaria em sua morte antecipada. Inclusive, Vrag também chamara sua atenção para as descobertas que Lorde Janus Drachen fizera enquanto aprendia a dominar este poder, incluindo seus planos para conseguir a vida eterna ao transferir seu espírito para um novo recipiente, o corpo daquele que ele havia transformado no Deus da Escuridão, Zadier. Como Vrag sabia daquelas informações? J.D.R. estava mais surpreso com a aparente onisciência daquele ser do que as revelações que ele fazia. Afinal, tudo o que ele havia revelado havia sido mantido segredo pelo próprio Lorde Janus Drachen. Ele nunca disse o que pretendia fazer a ninguém, e “morreu” com seus segredos. Finalmente, J.D.R. perguntou: “Afinal, quem é você? Como sabe de tudo isso?”. Vrag, então, respondeu com uma honestidade assustadora, ele era o Supremo caído que reencarnara como Lorde Voronezh Drachen. Ou melhor, ele era a Mente desse Supremo, aquele que era sua malícia e sua maldade em forma física. Nesse momento, ele revelara que Lorde Voronezh Drachen era o corpo do Supremo, e que ambos haviam sido separados no mesmo dia em que ele havia sido derrotado.
Percebendo, afinal, o motivo pelo qual estava sentindo tanto medo, J.D.R. não teve outra escolha senão se ajoelhar perante aquele ser, implorando para que poupasse sua vida. Vrag, porém, revelou que não tinha intenção alguma de mata-lo. Na realidade, ele via J.D.R. como uma peça importante em seu próprio plano para que pudesse retornar ao poder. Vrag ergueu seu braço esquerdo, e J.D.R. sentiu uma imensa dor de cabeça, como se ela tivesse sido atingida por um raio. Em questão de segundos, ele começou a ver. Milhares de imagens moviam-se em sua mente, ele parecia ver toda a verdade sobre o mundo de onde viera, ele parecia viajar por todos os eventos da história que já haviam acontecido, e parecia descobrir tudo o que havia para se descobrir. Naquele momento, J.D.R. sentiu sua própria figura crescer em poder e sabedoria, ele tornou-se cada vez mais iluminado, e tudo o que antes era misterioso e incompreensível não podia parecer mais claro para ele. Vrag, também, o mostrou tudo o que deveria fazer, para que ele pudesse realizar sua verdadeira vingança contra seu verdadeiro inimigo. Nesse instante, J.D.R. descobriu sobre a Nona Espada, a arma mais poderosa já forjada e que seria essencial no plano, e sobre Barão Kriminel, uma criatura sem alma que havia nascido da própria escuridão que corrompeu Zadier, logo após a sua morte perante os oito espadachins da lenda, e claro, sobre a maior e mais poderosa arma que o Sacro Império Lusitânico já havia construído, uma arma que se ele conseguisse libertar, poderia garantir sua vitória na sua guerra e tornar realidade seu sonho de vingar a Lusitânia e transformá-la na força dominante do planeta. Agora, ele sabia tudo o que precisava saber, e, seus próprios poderes haviam se fortalecido a um nível que ele achou que nunca antes poderia alcançar. Vrag, por fim, o mostrou o caminho até “A Porta” daquele mundo, que o levaria de volta para o seu próprio mundo. Ele, também, o dissera, que ele mesmo não podia atravessá-la para que pudesse agir em seu mundo, mas que já havia tomado medidas para que conseguisse abrir uma outra passagem, e que caberia a ele, J.D.R., facilitar que isso acontecesse. Os dois se despediram, e depois de atravessar a versão “d’A Porta” daquele mundo, ele viu que havia surgido no mesmo lugar onde havia enfrentado Gabriel Whit antes de adentrar no artefato, e, para sua surpresa, o ser ainda estava lá, diante dele, como se o tempo em seu mundo tivesse passado mais devagar, ou seja, tudo o que ele havia testemunhado naquele outro mundo, que parecia ter durado horas, havia durado apenas alguns segundos ali.
O DEUS DA ESCURIDÃO E O GIGANTE DE BABEL
Quando retornou daquele mundo estranho ao qual fora transportado após adentrar “n’A Porta”, J.D.R. encontrou uma situação muito semelhante àquela que havia deixado no momento em que estivera ali antes. Gabriel Whit estava usando sua força física superior à de qualquer humano para empurrar a imensa estrutura “d’A Porta” e, assim, fechá-la, prendendo dentro dela os dois indivíduos que nela haviam adentrado por toda a eternidade. Porém, próximo do local onde ele empregava sua força, uma mão surgiu, segurando a borda “d’A Porta” e impedindo-a de continuar a se fechar. Antes que Gabriel Whit tivesse tempo de sacar sua espada e cortar aquela mão, separando-a de seu braço, o ser saltou para fora do artefato. Dois haviam entrado, apenas um havia saído. Era ele, J.D.R. havia conseguido sair, porém, havia algo de diferente em relação a ele. Apesar de suas vestes ainda serem as mesmas, e estarem nas mesmas condições de quando havia entrado no artefato, segundos antes, ele parecia carregar uma estranha aura de sabedoria e imponência, algo que foi interpretado como efeito dele ter entrado “n’A Porta”. J.D.R., também, começou a falar de forma estranha, sobre assuntos que nenhum dos Hekelotianos ali presentes pareciam conhecer, ou melhor, exceto um deles. Gabriel Whit se assustou ao ouvir o instante em que J.D.R. mencionou a Nona Espada, um objeto tão poderoso e perigoso cuja existência ele acreditava ser desconhecida para qualquer um, exceto ele e seus falecidos sete companheiros. Porém, quando J.D.R. mencionou que tentaria reviver Zadier, Gabriel Whit finalmente percebeu o perigo que seria se mantivesse aquele indivíduo vivo por mais um segundo que fosse. Ele tentou impedi-lo de escapar, saltando sobre o Nemiestel e movendo sua espada diretamente contra o peito dele. Porém, ele não havia previsto os novos poderes que J.D.R. agora possuía, e, quando ele já estava perto o bastante, percebeu que o inimigo fortalecido havia criado uma barreira de energia entre eles, que além de impedi-lo de continuar a avançar, jogou-o com força para o solo. Não estando interessado em perder mais tempo ali, J.D.R. decidiu que usaria os heróis hekelotianos como forma de garantir que Gabriel Whit não tivesse como atrasá-lo. Usando o selo místico do Manipulem, ele os moveu como marionetes, fazendo-os atacar seu líder contra a sua vontade. Eles não tiveram a oportunidade de escapar da técnica do Nemiestel, pois estavam extremamente exaustos após a luta que haviam tido com Dhalsim Black, e acabaram servindo como uma parede humana entre Gabriel Whit e J.D.R., enquanto este último escapava dali. Quando já estava longe o bastante, J.D.R. libertou os heróis do efeito de sua técnica, apesar de saber que se não o fizesse, eles morreriam pelas mãos de seu amado líder, que não iria pensar duas vezes em sacrificá-los para impedi-lo. Depois de sua fuga daquele lugar, ele retornou até a Lusitânia, e, nas semanas seguintes, usou sua extensa rede de informantes para conseguir informações acerca do indivíduo que agora procurava.
Apesar das informações serem escassas e incompletas, ele conseguiu a localização do ser de aparência cadavérica que vagava pelo mundo, sem jamais parar para descansar, movido apenas pelo seu desejo de recuperar o que havia perdido. Quando se viu diante dele, J.D.R. teve dúvidas quanto a ele ser, realmente, aquele de quem haviam lhe falado. Aquele ser parecia mais um morto-vivo irracional do que alguém que pudesse ajudá-lo a cumprir seus objetivos. Os homens que o acompanharam até ali ficaram com medo diante daquele monstro horrendo, e quando sacaram, suas armas, foram surpreendidos ao ver que a criatura havia se virado para encara-los, um som inaudível semelhante a uma risada vindo das profundezas de sua garganta. Ele ergueu suas duas mãos esqueléticas para eles, e delas, um enxame de gafanhotos avançou na direção deles. Apesar de conseguir criar uma barreira de energia ao seu redor, que podia protege-lo daquelas criaturas, J.D.R. ainda assim testemunhou o instante em que seus homens morriam um a um diante dele, sua carne sendo devorada por aqueles insetos voadores até não sobrar nada além de seus ossos e suas armaduras. Quando tudo aquilo acabou, J.D.R. viu com o horror que a aparência esquelética e apodrecida da criatura pareceu dar lugar a de um homem que apenas tinha parte de seu corpo faltando, como se para cada vida que havia sido perdida naquele momento, aquele monstro tivesse reconstruído um pouco de seu corpo decomposto. Agora falando com uma linguagem compreensível, o monstro perguntou o porquê de o terem seguido até ali. J.D.R. revelou que estava procurando por ele, pois sabia que ele poderia ajudá-lo em seus objetivos. O monstro então perguntou se ele sabia com quem ele estava falando. J.D.R. respondeu que sabia quem ele havia sido no passado, mas, antes que pudesse dizer o seu nome, o monstro o interrompeu, dizendo que havia, a muito tempo, deixado de ser aquela pessoa. Ele se identificou como aquele que se chamava Barão Kriminel, e revelou que não estava interessado em ajuda-lo em seus objetivos, pois tinha os seus próprios. J.D.R., porém, revelou que sabia muito bem o que ele buscava. Ele sabia que Kriminel buscava as oito espadas lendárias que haviam tirado a vida do Deus da Escuridão, Zadier, e que o motivo por ter vindo até ali era por que poderia ajudá-lo a consegui-las. Kriminel o olhou com seus olhos sinistros, apenas para responder que estava surpreso que aquele desconhecido soubesse o que buscava. Ele disse que iria ajuda-lo, então, em seus objetivos, mas somente se J.D.R. antes o ajudasse a cumprir a sua busca. J.D.R. cumpriu sua parte do trato, e, após um longo período de busca pelos atuais portadores das espadas lendárias, todas elas foram reunidas, e, enquanto estavam na posse de Barão Kriminel, ele as levou até um templo cuja localização só ele parecia saber. Uma vez lá, Kriminel iniciou um estranho ritual, no qual pareceu sacrificar cada uma das oito espadas que ele havia reunido com tanta dificuldade, apenas para ser atacado de surpresa por P.K. Black, o pai de Kauzen Black e Dhalsim Black, que era um dos portadores de uma das espadas que haviam sido tomadas, e que queria sua arma de volta, além de, também, estar interessado em adquirir também as demais armas que Kriminel havia reunido. A luta entre os dois foi complicada para P.K., que não compreendia como seu inimigo, mesmo que derrubado e, aparentemente, morto tantas vezes, sempre se reerguia como se nada tivesse acontecido. No entanto, ele conseguiu matar Kriminel, e teve certeza de que havia conseguido ao ver que o inimigo não mais se levantou. Ele, então, se dirigiu até o lugar onde estavam as espadas, mas, para a sua surpresa, elas se destruíram perante os seus olhos, o ritual estava completo.
O que aconteceu em seguida nem mesmo P.K. Black tinha sido capaz de prever. O chão em que pisava começou a tremer, e símbolos começaram a brilhar nas paredes, formando um padrão circular. Um estranho artefato apareceu no centro da sala, era uma espécie de roda, repleta de símbolos e que emanava uma energia tão poderosa que fazia até mesmo ele, o senhor dos Trolls, tremer. Ela se fragmentou, como um quebra-cabeça cujas peças se separam, revelando um compartimento escondido, onde estava uma espada. Ela tinha uma aparência muito simples, e parecia ser uma espada de duas mãos. Quando conseguiu vê-la com clareza, P.K. logo percebeu que a espada começou a flutuar, saindo do interior da roda e avançando pela sala. Uma aura negra começou a rodeá-la, e, então, um fluxo de energia maligna começou a ser liberado por ela, e vagar até o corpo de Kriminel. Ele se ergueu como um marionete puxado por cordões, e seu corpo apodrecido começou a regenerar, até tomar a forma de um homem negro muito alto. Vestes se formaram em seu corpo, feitas de escuridão, um longo manto que cobria todo o seu corpo, e um capuz que escondia sua cabeça e sua face completamente. Duas asas angelicais imensas surgiram em suas costas, e quando ele ergueu sua mão esquerda, aquela gigantesca espada flutuou até ela, com ele a pegando pelo cabo com facilidade, como se ela fosse uma espada de uma única mão, apesar de aparentar ser imensamente pesada. Ele então abriu seus olhos, revelando pupilas douradas que brilhavam na escuridão de seu capuz, e depois de encarar suas mãos, e aparentar sentir a vida pulsar novamente por seu corpo, ele sorriu, e, então, riu. Sua risada assustadora ecoou pela sala, enchendo os corações das pessoas ali presentes com medo profundo. Os recém-chegados heróis de Hekelotia haviam testemunhado aquela cena, mas o que os assustou realmente foi o que aquele ser transformado fez em seguida. Ele abriu a boca novamente, e disse: “Meu nome... é Zadier”. Antes que houvesse reação ao que havia dito, ele abriu sua mão direita, e energia obscura se acumulou em sua palma, até que um símbolo se formou nela, e então, ele moveu o braço, disparando um raio esverdeado que se moveu pela sala em alta velocidade, atingindo o senhor dos trolls de frente. P.K. nem chegou a gritar, um brilho esverdeado tomou toda a sala, e quando os heróis de Hekelotia ali presentes conseguiram enxergar novamente, viram ele em pé, mas por poucos segundos. P.K. caiu no solo em seguida, como se toda a vida de seu corpo tivesse acabado naquele instante.
Quando compreenderam o que havia acontecido, Zadier já havia caminhado até o local onde o senhor dos trolls jazia falecido. Antes de continuar a caminhar até os heróis, ele disse: “Esse é o destino daqueles que ficam em meu caminho”. Quando já estava diante deles, ele pareceu examiná-los com seus olhos assustadores, até que se convenceu de que eles não representavam ameaça alguma. Ele continuou a caminhar até a saída daquele local, e, quando já estava de costas para os heróis, um deles saltou sobre ele e tentou ataca-lo. No mesmo instante, Zadier se virou, e o segurou pelo pescoço. Ele, então, o jogou contra a parede, e o impacto o fez perder o sentidos no mesmo instante. Olhando para os companheiros de sua segunda vítima, ele perguntou: “Mais algum idiota quer me desafiar?”. Vendo que nenhum deles conseguiu se mover pelo medo, Zadier, se virou, e então, disse: “Aproveitem bem seus últimos dias. Pois o fim agora está próximo. Cada um de vocês será destruído em breve. Implorem pela misericórdia quando o momento chegar, pois será o último pedido que farão em vida”. Ali, ele os deixou, e seguiu até o exterior do templo, e após avançar pela Floresta da Morte, ele se encontrou com o homem que o ajudara a renascer.
Quando J.D.R. viu aquele indivíduo chegar, ele chegou a duvidar do que realmente estava vendo. Zadier, o Deus da Escuridão, havia renascido, e agora estava diante dele. Por muitos anos, histórias circularam pelo Império, elas falavam do aprendiz do Imperador, Lorde Janus Drachen, que possuía poderes tão grandiosos que poderiam superar o de muitos Zerecas. Muitos não sabiam de onde aquele homem havia vindo, nem como o Imperador o encontrou, mas, sabiam que ele o treinou até que se tornasse um dos guerreiros mais poderosos a ter servido no exército da Lusitânia, e também um dos homens que possuía o controle sobre artes místicas tão poderosas que superavam às do Nemiestel que o ajudou a retornar. J.D.R. sabia que Zadier era o filho de Zurvan, o responsável pela grande crise que condenou os Zerecas à perdição no passado distante, e, por isso, desconfiava da lealdade daquele homem para com o Império. Porém, ele também veio a descobrir que Zadier havia sido manipulado pelo Imperador, que influenciou seus pensamentos até transformar cada uma de suas memórias do pai em uma forma dele odiar Zurvan tanto quanto os Zerecas o faziam. J.D.R. logo despertou de seu devaneio para perceber que Zadier já estava diante dele, apenas esperando o momento pelo qual eles iriam seguir novamente para a Lusitânia, onde dariam continuidade a vingança que J.D.R. tanto buscava. Zadier, porém, também tinha motivos para desejar aquela vingança. Ele havia sido derrotado pelos oito espadachins da lenda, um grupo liderado pelo próprio Gabriel Whit, o homem responsável pela grande humilhação que os lusitânicos haviam sofrido. Após ser derrotado, Zadier havia morrido após receber um golpe fatal de um dos espadachins, mas, antes daquele combate, ele havia infundido sua essência vital à sua arma, a Nona Espada, dessa forma, garantindo que mesmo que fosse derrotado, ele continuaria a viver. Mesmo estando separado de sua arma, que havia sido selada, sua maldade voltou a reanimar seu corpo morto, que se ergueu como um morto-vivo, o monstro que havia se autodenominado de Barão Kriminel. Agora que as oito espadas que haviam sido usadas para derrota-lo estavam destruídas, nenhum indivíduo seria capaz de vencê-lo agora. Ele possuía a espada mais poderosa de todas, a Nona Espada, que ele mesmo havia forjado usando os mesmos materiais que haviam forjado as outras oito espadas. E, enquanto ela estivesse em suas mãos, ele nunca poderia morrer. J.D.R. contava com isso. Enquanto seu colaborador mantivesse sua parte do trato, ele não tinha nada a temer. Era apenas uma questão de tempo, agora, eles seriam vitoriosos. Eles seguiram rumo a Lusitânia. Em seu caminho até a capital do Império, eles cruzaram caminho com centenas, senão, milhares de soldados do exército imperial, muitos deles desejavam uma chance de cumprimentar o lendário Zadier. Quando enfim chegaram, o alto escalão do exército imperial, assim como todos os grandes líderes e aliados da Lusitânia os esperavam. Ali, J.D.R. os apresentou a Zadier, e então deram início a reunião que definiu planos e estratégias que seriam empregados no conflito que estava para começar, a Segunda Guerra Celestial. Enquanto muitos dos indivíduos ali presentes pareciam incertos sobre como agirem, J.D.R. tinha certeza que teria o apoio incondicional deles no plano decisivo para destruir os seus inimigos. Antes que pudesse apresentar sua estratégia, porém, o sábio Orion Schlange, seu antigo professor, pediu um momento para falar. Ele revelou que havia descoberto, nas profundezas da Torre de Babel, uma sala secreta construída por seu falecido pai, o sábio Otaviks Schlange, onde estava adormecida uma arma nunca antes usada em combate, que ele acreditava ser capaz de garantir a vitória instantânea do exército Lusitânico se fosse utilizada. Quando conseguiu a atenção de todos ali presentes, Orion continuou, revelando que essa arma era uma gigantesca criatura criada artificialmente, uma máquina viva que poderia esmagar exércitos inteiros com o seu imenso poder de destruição. Surpreendido com aquela revelação, J.D.R., assim como alguns ali presentes, demonstraram algum ceticismo quanto a existência daquela arma. Ele, afinal, nunca havia ouvido falar sobre a existência de algo daquela categoria, parecia um projeto utópico, algo impossível de ser construído. Porém, Zadier os surpreendeu ao confirmar a existência daquela arma, revelando que ela era um projeto secreto que apenas alguns poucos conheciam. O Imperador havia ordenado que nenhuma palavra sobre aquela arma fosse dita até que o sábio Otaviks Schlange terminasse de construí-la, ele, afinal, pretendia revela-la como sua garantia de vitória definitiva durante a Primeira Guerra Celestial, porém, o Império havia sido derrotado antes que Otaviks conseguisse termina-la. Orion continuou a falar em seguida, e revelou que o pai usou seus últimos anos em vida para completar a construção daquela arma, pois ele tinha fé de que mesmo que o país tivesse perdido a guerra, algum dia eles teriam uma chance de se vingarem, e ele queria que seu último presente para a nação que tanto amou fosse a chave de sua vitória.
Aquela reunião tomou um rumo inesperado depois do que Orion havia revelado naquela noite. A maioria dos indivíduos ali reunidos se convenceram de que se usassem aquela arma, não teria como perderem a guerra novamente, e que deveriam coloca-la em funcionamento o mais rápido possível, antes que seus inimigos estivessem preparados para o combate que iriam travar. Orion revelou, porém, que precisava de tempo para colocar aquela arma em operação, pois ela exigia uma imensa quantidade de energia para funcionar, algo que ele ainda tinha de descobrir como conseguir. Zadier, porém, o interrompeu, dizendo que poderia fornecer toda a energia que a arma necessitasse se usasse os seus poderes. Percebendo o rumo que ela aquela rumo havia tomado, J.D.R., que ocupava o cargo de líder máximo do país, decidiu, por fim, que, se eles conseguissem fazer a arma funcionar, eles a utilizariam. Ainda assim, ele também apontou o fato de que eles precisavam de uma estratégia caso a arma não viesse a ter sucesso. Dessa forma, ao final da reunião, aqueles que dela participaram partiram dali com suas respectivas ordens a serem seguidas, comandos que deveriam ser executados para que a Lusitânia pudesse começar o conflito com vantagem sobre os seus inimigos. O próprio J.D.R., porém, estava interessado em ver como era aquela arma de que havia ouvido falar na reunião, por isso, acompanhou o sábio Orion Schlange e o Deus da Escuridão, Zadier, até a Torre de Babel. Ali, o sábio os levou até a câmara mais profunda da Torre, e os mostrou a arma que seu pai havia construído para o Império. Seu corpo era maior do que o de qualquer criatura viva que já tenha pisado no planeta. Um gigante que se ergueria até alcançar as nuvens, fazendo mesmo os colossais Zerecas parecerem vermes insignificantes perante ele. Orion Schlange os introduziu ao Gigante de Babel, uma criatura criada artificialmente, uma máquina viva cujo poder iria garantir a vitória do Império. Mesmo estando inoperante, aquela criatura ainda parecia assustadora. J.D.R. se surpreendeu quando a viu, não conseguindo acreditar que aquilo havia sido construído sem que chegasse ao seu conhecimento. Quando entraram no interior daquela arma, e chegaram até o seu núcleo de poder, Zadier sacou a sua Nona Espada, e liberando a sua imensa energia por meio de sua arma, ele a fez adentrar no núcleo de poder do Gigante de Babel, fazendo-a fluir pelo seu gigantesco corpo. Vida pareceu começar a fluir por aquela gigantesca máquina, seu imenso corpo começou a tremer quando os primeiros sinais de que havia acordado surgiram. Orion Schlange se dirigiu até os controles, assumindo o controle da gigantesca arma. No mesmo instante, conforme suas ordens dadas previamente, um de seus servos acionou um mecanismo que começou a erguer aquela gigantesca arma, levando-a através dos andares superiores até um local onde havia sido construído um gigantesco portão. J.D.R. observou atônito quando Orion, acionando um grupo de alavancas e pressionando alguns botões, fez com que o Gigante de Babel começasse a se mover, saindo do interior da ainda mais gigantesca Torre de Babel para o mundo exterior.
Pela primeira vez em séculos, aquela máquina enorme podia ser vista em funcionamento. Os soldados do exército Lusitânico que estavam presentes naquela região foram surpreendidos ao verem aquele gigante caminhando entre eles. Era como se seu Grande Criador tivesse vindo até eles e agora caminhava diante daqueles que o adoravam. Apesar de não ser tão grandioso e poderoso quanto o Supremo, o Gigante de Babel era realmente uma divindade criada pela ciência. J.D.R. pôde testemunhar o seu imenso poder quando viu Orion demonstrar algumas de suas capacidades. Tanto poder serviu apenas para fazê-lo acreditar que sua vitória seria inevitável. Aquela arma era realmente tudo o que haviam descrito, e estando maravilhado perante aquela demonstração de poder, ele ficou cego em relação à problemas que poderiam acontecer. Seu excesso de confiança o levaria a cometer erros em seguida, que iriam arruinar seus planos de vingança. Decidido a conseguir a vitória sobre seus inimigos de uma vez por todas, ele entregou o controle do Gigante de Babel para as mãos do Deus da Escuridão, Zadier, que tinha a missão de leva-lo para o Continente da Morte, onde deveria causar a aniquilação de uma vez por todas de seus inimigos. Zadier fez o que a ele foi requisitado. Sob seu comando, o Gigante de Babel avançou além da grande Muralha da Lusitânia, e caminhou na Floresta da Morte, destruindo tudo e todos em seu caminho. Seu destino era a capital do Reino de Hekelotia, onde ele planejava usar todo o poder do Gigante de Babel para apagar a cidade da existência, e matar todos que nela habitavam. Em apenas um único dia, centenas de milhares de pessoas morreram, muitas delas desintegradas pelos ataques mágicos que vinham do Gigante de Babel. Outras simplesmente foram esmagadas quando a arma caminhou acima delas. Apesar das tentativas dos exércitos hekelotianos em ataca-la, a arma era protegida por uma armadura incrivelmente resistente. Nenhum de seus ataques surtiu efeito contra a criatura, e isso apenas deixou J.D.R. mais confiante de que iria vencer. Porém, havia uma grande falha em seu plano, algo que ele deveria ter previsto. Em uma última tentativa de impedir o avanço do Gigante de Babel, alguns hekelotianos conseguiram infiltrar-se no interior da arma, e a atacaram do lado de dentro. Apesar de terem de enfrentar as forças lusitânicas que se encontravam dentro da arma, eles conseguiram causar danos severos aos sistemas da gigantesca máquina, fazendo com que o Gigante de Babel deixasse de seguir rumo à capital de Hekelotia, e mudasse de rumo, seguindo em direção ao mar. Nesse momento, porém, eles foram surpreendidos por um ataque do Deus da Escuridão, Zadier. Enfrentando-o pela primeira vez em combate, eles quase foram mortos pelo imenso poder que ele possuía. Entretanto, Zadier estava tão concentrado no combate que não percebeu que alguns de seus oponentes haviam escapado do local da batalha e seguiram até a sala de controle do Gigante de Babel. Quando conseguiram acesso ao local, eles atacaram e danificaram o “cérebro” da criatura, e, como resultado, a gigantesca arma começou a perder toda a vida. Seu gigantesco corpo começou a desmoronar, caindo no oceano e nele afundando. Zadier, assim como os hekelotianos invasores, conseguiu escapar a tempo, mas ele perdeu muito naquele dia. Entretanto, os danos que esse evento causou a sua imagem não poderiam ser comparados aos que J.D.R. iria sofrer. A perda de uma arma tão poderosa serviu apenas para esmagar ainda mais o orgulho lusitânico, colocando dúvidas em seus subordinados quanto a sua capacidade de liderança. Ele, que havia herdado o controle do país de seu pai, Lorde Richard Duvalier, havia conquistado a admiração de muitas pessoas com imensa dificuldade. Agora, um erro em suas decisões haviam custado ao país sua melhor chance de vitória. Ao mesmo tempo, apesar dos inimigos da Lusitânia terem sido surpreendidos com aquela arma, eles haviam vencido a batalha, algo que seria extremamente prejudicial para os planos de J.D.R. Em primeiro lugar, qualquer dúvida quanto a ameaça que os Lusitânicos representassem agora não existia mais. Eles haviam, afinal, demonstrado a capacidade de construir uma arma como o Gigante de Babel, Hekelotia não poderia permitir que tivessem outra oportunidade de fazê-lo. Além disso, por causa da vitória no combate, os hekelotianos foram tomados por uma onda de confiança em suas habilidades, o que motivaria milhares de pessoas a ingressarem no exército de seu país, para que pudessem se tornar heróis na batalha que estava para vir, nunca antes um exército havia demonstrado tanta motivação para combater. Uma Lusitânia envergonhada, e uma Hekelotia orgulhosa; não poderia existir uma situação pior para J.D.R. começar uma guerra. Ainda assim, houve alguém que soube aproveitar a situação, e tentaria fazer aquilo que J.D.R. não havia conseguido. Entre todas as pessoas que haviam no mundo, J.D.R. não esperava que essa pessoa caminhasse novamente diante dele, e como desejaria que ela não estivesse ali.
Apesar das informações serem escassas e incompletas, ele conseguiu a localização do ser de aparência cadavérica que vagava pelo mundo, sem jamais parar para descansar, movido apenas pelo seu desejo de recuperar o que havia perdido. Quando se viu diante dele, J.D.R. teve dúvidas quanto a ele ser, realmente, aquele de quem haviam lhe falado. Aquele ser parecia mais um morto-vivo irracional do que alguém que pudesse ajudá-lo a cumprir seus objetivos. Os homens que o acompanharam até ali ficaram com medo diante daquele monstro horrendo, e quando sacaram, suas armas, foram surpreendidos ao ver que a criatura havia se virado para encara-los, um som inaudível semelhante a uma risada vindo das profundezas de sua garganta. Ele ergueu suas duas mãos esqueléticas para eles, e delas, um enxame de gafanhotos avançou na direção deles. Apesar de conseguir criar uma barreira de energia ao seu redor, que podia protege-lo daquelas criaturas, J.D.R. ainda assim testemunhou o instante em que seus homens morriam um a um diante dele, sua carne sendo devorada por aqueles insetos voadores até não sobrar nada além de seus ossos e suas armaduras. Quando tudo aquilo acabou, J.D.R. viu com o horror que a aparência esquelética e apodrecida da criatura pareceu dar lugar a de um homem que apenas tinha parte de seu corpo faltando, como se para cada vida que havia sido perdida naquele momento, aquele monstro tivesse reconstruído um pouco de seu corpo decomposto. Agora falando com uma linguagem compreensível, o monstro perguntou o porquê de o terem seguido até ali. J.D.R. revelou que estava procurando por ele, pois sabia que ele poderia ajudá-lo em seus objetivos. O monstro então perguntou se ele sabia com quem ele estava falando. J.D.R. respondeu que sabia quem ele havia sido no passado, mas, antes que pudesse dizer o seu nome, o monstro o interrompeu, dizendo que havia, a muito tempo, deixado de ser aquela pessoa. Ele se identificou como aquele que se chamava Barão Kriminel, e revelou que não estava interessado em ajuda-lo em seus objetivos, pois tinha os seus próprios. J.D.R., porém, revelou que sabia muito bem o que ele buscava. Ele sabia que Kriminel buscava as oito espadas lendárias que haviam tirado a vida do Deus da Escuridão, Zadier, e que o motivo por ter vindo até ali era por que poderia ajudá-lo a consegui-las. Kriminel o olhou com seus olhos sinistros, apenas para responder que estava surpreso que aquele desconhecido soubesse o que buscava. Ele disse que iria ajuda-lo, então, em seus objetivos, mas somente se J.D.R. antes o ajudasse a cumprir a sua busca. J.D.R. cumpriu sua parte do trato, e, após um longo período de busca pelos atuais portadores das espadas lendárias, todas elas foram reunidas, e, enquanto estavam na posse de Barão Kriminel, ele as levou até um templo cuja localização só ele parecia saber. Uma vez lá, Kriminel iniciou um estranho ritual, no qual pareceu sacrificar cada uma das oito espadas que ele havia reunido com tanta dificuldade, apenas para ser atacado de surpresa por P.K. Black, o pai de Kauzen Black e Dhalsim Black, que era um dos portadores de uma das espadas que haviam sido tomadas, e que queria sua arma de volta, além de, também, estar interessado em adquirir também as demais armas que Kriminel havia reunido. A luta entre os dois foi complicada para P.K., que não compreendia como seu inimigo, mesmo que derrubado e, aparentemente, morto tantas vezes, sempre se reerguia como se nada tivesse acontecido. No entanto, ele conseguiu matar Kriminel, e teve certeza de que havia conseguido ao ver que o inimigo não mais se levantou. Ele, então, se dirigiu até o lugar onde estavam as espadas, mas, para a sua surpresa, elas se destruíram perante os seus olhos, o ritual estava completo.
O que aconteceu em seguida nem mesmo P.K. Black tinha sido capaz de prever. O chão em que pisava começou a tremer, e símbolos começaram a brilhar nas paredes, formando um padrão circular. Um estranho artefato apareceu no centro da sala, era uma espécie de roda, repleta de símbolos e que emanava uma energia tão poderosa que fazia até mesmo ele, o senhor dos Trolls, tremer. Ela se fragmentou, como um quebra-cabeça cujas peças se separam, revelando um compartimento escondido, onde estava uma espada. Ela tinha uma aparência muito simples, e parecia ser uma espada de duas mãos. Quando conseguiu vê-la com clareza, P.K. logo percebeu que a espada começou a flutuar, saindo do interior da roda e avançando pela sala. Uma aura negra começou a rodeá-la, e, então, um fluxo de energia maligna começou a ser liberado por ela, e vagar até o corpo de Kriminel. Ele se ergueu como um marionete puxado por cordões, e seu corpo apodrecido começou a regenerar, até tomar a forma de um homem negro muito alto. Vestes se formaram em seu corpo, feitas de escuridão, um longo manto que cobria todo o seu corpo, e um capuz que escondia sua cabeça e sua face completamente. Duas asas angelicais imensas surgiram em suas costas, e quando ele ergueu sua mão esquerda, aquela gigantesca espada flutuou até ela, com ele a pegando pelo cabo com facilidade, como se ela fosse uma espada de uma única mão, apesar de aparentar ser imensamente pesada. Ele então abriu seus olhos, revelando pupilas douradas que brilhavam na escuridão de seu capuz, e depois de encarar suas mãos, e aparentar sentir a vida pulsar novamente por seu corpo, ele sorriu, e, então, riu. Sua risada assustadora ecoou pela sala, enchendo os corações das pessoas ali presentes com medo profundo. Os recém-chegados heróis de Hekelotia haviam testemunhado aquela cena, mas o que os assustou realmente foi o que aquele ser transformado fez em seguida. Ele abriu a boca novamente, e disse: “Meu nome... é Zadier”. Antes que houvesse reação ao que havia dito, ele abriu sua mão direita, e energia obscura se acumulou em sua palma, até que um símbolo se formou nela, e então, ele moveu o braço, disparando um raio esverdeado que se moveu pela sala em alta velocidade, atingindo o senhor dos trolls de frente. P.K. nem chegou a gritar, um brilho esverdeado tomou toda a sala, e quando os heróis de Hekelotia ali presentes conseguiram enxergar novamente, viram ele em pé, mas por poucos segundos. P.K. caiu no solo em seguida, como se toda a vida de seu corpo tivesse acabado naquele instante.
Quando compreenderam o que havia acontecido, Zadier já havia caminhado até o local onde o senhor dos trolls jazia falecido. Antes de continuar a caminhar até os heróis, ele disse: “Esse é o destino daqueles que ficam em meu caminho”. Quando já estava diante deles, ele pareceu examiná-los com seus olhos assustadores, até que se convenceu de que eles não representavam ameaça alguma. Ele continuou a caminhar até a saída daquele local, e, quando já estava de costas para os heróis, um deles saltou sobre ele e tentou ataca-lo. No mesmo instante, Zadier se virou, e o segurou pelo pescoço. Ele, então, o jogou contra a parede, e o impacto o fez perder o sentidos no mesmo instante. Olhando para os companheiros de sua segunda vítima, ele perguntou: “Mais algum idiota quer me desafiar?”. Vendo que nenhum deles conseguiu se mover pelo medo, Zadier, se virou, e então, disse: “Aproveitem bem seus últimos dias. Pois o fim agora está próximo. Cada um de vocês será destruído em breve. Implorem pela misericórdia quando o momento chegar, pois será o último pedido que farão em vida”. Ali, ele os deixou, e seguiu até o exterior do templo, e após avançar pela Floresta da Morte, ele se encontrou com o homem que o ajudara a renascer.
Quando J.D.R. viu aquele indivíduo chegar, ele chegou a duvidar do que realmente estava vendo. Zadier, o Deus da Escuridão, havia renascido, e agora estava diante dele. Por muitos anos, histórias circularam pelo Império, elas falavam do aprendiz do Imperador, Lorde Janus Drachen, que possuía poderes tão grandiosos que poderiam superar o de muitos Zerecas. Muitos não sabiam de onde aquele homem havia vindo, nem como o Imperador o encontrou, mas, sabiam que ele o treinou até que se tornasse um dos guerreiros mais poderosos a ter servido no exército da Lusitânia, e também um dos homens que possuía o controle sobre artes místicas tão poderosas que superavam às do Nemiestel que o ajudou a retornar. J.D.R. sabia que Zadier era o filho de Zurvan, o responsável pela grande crise que condenou os Zerecas à perdição no passado distante, e, por isso, desconfiava da lealdade daquele homem para com o Império. Porém, ele também veio a descobrir que Zadier havia sido manipulado pelo Imperador, que influenciou seus pensamentos até transformar cada uma de suas memórias do pai em uma forma dele odiar Zurvan tanto quanto os Zerecas o faziam. J.D.R. logo despertou de seu devaneio para perceber que Zadier já estava diante dele, apenas esperando o momento pelo qual eles iriam seguir novamente para a Lusitânia, onde dariam continuidade a vingança que J.D.R. tanto buscava. Zadier, porém, também tinha motivos para desejar aquela vingança. Ele havia sido derrotado pelos oito espadachins da lenda, um grupo liderado pelo próprio Gabriel Whit, o homem responsável pela grande humilhação que os lusitânicos haviam sofrido. Após ser derrotado, Zadier havia morrido após receber um golpe fatal de um dos espadachins, mas, antes daquele combate, ele havia infundido sua essência vital à sua arma, a Nona Espada, dessa forma, garantindo que mesmo que fosse derrotado, ele continuaria a viver. Mesmo estando separado de sua arma, que havia sido selada, sua maldade voltou a reanimar seu corpo morto, que se ergueu como um morto-vivo, o monstro que havia se autodenominado de Barão Kriminel. Agora que as oito espadas que haviam sido usadas para derrota-lo estavam destruídas, nenhum indivíduo seria capaz de vencê-lo agora. Ele possuía a espada mais poderosa de todas, a Nona Espada, que ele mesmo havia forjado usando os mesmos materiais que haviam forjado as outras oito espadas. E, enquanto ela estivesse em suas mãos, ele nunca poderia morrer. J.D.R. contava com isso. Enquanto seu colaborador mantivesse sua parte do trato, ele não tinha nada a temer. Era apenas uma questão de tempo, agora, eles seriam vitoriosos. Eles seguiram rumo a Lusitânia. Em seu caminho até a capital do Império, eles cruzaram caminho com centenas, senão, milhares de soldados do exército imperial, muitos deles desejavam uma chance de cumprimentar o lendário Zadier. Quando enfim chegaram, o alto escalão do exército imperial, assim como todos os grandes líderes e aliados da Lusitânia os esperavam. Ali, J.D.R. os apresentou a Zadier, e então deram início a reunião que definiu planos e estratégias que seriam empregados no conflito que estava para começar, a Segunda Guerra Celestial. Enquanto muitos dos indivíduos ali presentes pareciam incertos sobre como agirem, J.D.R. tinha certeza que teria o apoio incondicional deles no plano decisivo para destruir os seus inimigos. Antes que pudesse apresentar sua estratégia, porém, o sábio Orion Schlange, seu antigo professor, pediu um momento para falar. Ele revelou que havia descoberto, nas profundezas da Torre de Babel, uma sala secreta construída por seu falecido pai, o sábio Otaviks Schlange, onde estava adormecida uma arma nunca antes usada em combate, que ele acreditava ser capaz de garantir a vitória instantânea do exército Lusitânico se fosse utilizada. Quando conseguiu a atenção de todos ali presentes, Orion continuou, revelando que essa arma era uma gigantesca criatura criada artificialmente, uma máquina viva que poderia esmagar exércitos inteiros com o seu imenso poder de destruição. Surpreendido com aquela revelação, J.D.R., assim como alguns ali presentes, demonstraram algum ceticismo quanto a existência daquela arma. Ele, afinal, nunca havia ouvido falar sobre a existência de algo daquela categoria, parecia um projeto utópico, algo impossível de ser construído. Porém, Zadier os surpreendeu ao confirmar a existência daquela arma, revelando que ela era um projeto secreto que apenas alguns poucos conheciam. O Imperador havia ordenado que nenhuma palavra sobre aquela arma fosse dita até que o sábio Otaviks Schlange terminasse de construí-la, ele, afinal, pretendia revela-la como sua garantia de vitória definitiva durante a Primeira Guerra Celestial, porém, o Império havia sido derrotado antes que Otaviks conseguisse termina-la. Orion continuou a falar em seguida, e revelou que o pai usou seus últimos anos em vida para completar a construção daquela arma, pois ele tinha fé de que mesmo que o país tivesse perdido a guerra, algum dia eles teriam uma chance de se vingarem, e ele queria que seu último presente para a nação que tanto amou fosse a chave de sua vitória.
Aquela reunião tomou um rumo inesperado depois do que Orion havia revelado naquela noite. A maioria dos indivíduos ali reunidos se convenceram de que se usassem aquela arma, não teria como perderem a guerra novamente, e que deveriam coloca-la em funcionamento o mais rápido possível, antes que seus inimigos estivessem preparados para o combate que iriam travar. Orion revelou, porém, que precisava de tempo para colocar aquela arma em operação, pois ela exigia uma imensa quantidade de energia para funcionar, algo que ele ainda tinha de descobrir como conseguir. Zadier, porém, o interrompeu, dizendo que poderia fornecer toda a energia que a arma necessitasse se usasse os seus poderes. Percebendo o rumo que ela aquela rumo havia tomado, J.D.R., que ocupava o cargo de líder máximo do país, decidiu, por fim, que, se eles conseguissem fazer a arma funcionar, eles a utilizariam. Ainda assim, ele também apontou o fato de que eles precisavam de uma estratégia caso a arma não viesse a ter sucesso. Dessa forma, ao final da reunião, aqueles que dela participaram partiram dali com suas respectivas ordens a serem seguidas, comandos que deveriam ser executados para que a Lusitânia pudesse começar o conflito com vantagem sobre os seus inimigos. O próprio J.D.R., porém, estava interessado em ver como era aquela arma de que havia ouvido falar na reunião, por isso, acompanhou o sábio Orion Schlange e o Deus da Escuridão, Zadier, até a Torre de Babel. Ali, o sábio os levou até a câmara mais profunda da Torre, e os mostrou a arma que seu pai havia construído para o Império. Seu corpo era maior do que o de qualquer criatura viva que já tenha pisado no planeta. Um gigante que se ergueria até alcançar as nuvens, fazendo mesmo os colossais Zerecas parecerem vermes insignificantes perante ele. Orion Schlange os introduziu ao Gigante de Babel, uma criatura criada artificialmente, uma máquina viva cujo poder iria garantir a vitória do Império. Mesmo estando inoperante, aquela criatura ainda parecia assustadora. J.D.R. se surpreendeu quando a viu, não conseguindo acreditar que aquilo havia sido construído sem que chegasse ao seu conhecimento. Quando entraram no interior daquela arma, e chegaram até o seu núcleo de poder, Zadier sacou a sua Nona Espada, e liberando a sua imensa energia por meio de sua arma, ele a fez adentrar no núcleo de poder do Gigante de Babel, fazendo-a fluir pelo seu gigantesco corpo. Vida pareceu começar a fluir por aquela gigantesca máquina, seu imenso corpo começou a tremer quando os primeiros sinais de que havia acordado surgiram. Orion Schlange se dirigiu até os controles, assumindo o controle da gigantesca arma. No mesmo instante, conforme suas ordens dadas previamente, um de seus servos acionou um mecanismo que começou a erguer aquela gigantesca arma, levando-a através dos andares superiores até um local onde havia sido construído um gigantesco portão. J.D.R. observou atônito quando Orion, acionando um grupo de alavancas e pressionando alguns botões, fez com que o Gigante de Babel começasse a se mover, saindo do interior da ainda mais gigantesca Torre de Babel para o mundo exterior.
Pela primeira vez em séculos, aquela máquina enorme podia ser vista em funcionamento. Os soldados do exército Lusitânico que estavam presentes naquela região foram surpreendidos ao verem aquele gigante caminhando entre eles. Era como se seu Grande Criador tivesse vindo até eles e agora caminhava diante daqueles que o adoravam. Apesar de não ser tão grandioso e poderoso quanto o Supremo, o Gigante de Babel era realmente uma divindade criada pela ciência. J.D.R. pôde testemunhar o seu imenso poder quando viu Orion demonstrar algumas de suas capacidades. Tanto poder serviu apenas para fazê-lo acreditar que sua vitória seria inevitável. Aquela arma era realmente tudo o que haviam descrito, e estando maravilhado perante aquela demonstração de poder, ele ficou cego em relação à problemas que poderiam acontecer. Seu excesso de confiança o levaria a cometer erros em seguida, que iriam arruinar seus planos de vingança. Decidido a conseguir a vitória sobre seus inimigos de uma vez por todas, ele entregou o controle do Gigante de Babel para as mãos do Deus da Escuridão, Zadier, que tinha a missão de leva-lo para o Continente da Morte, onde deveria causar a aniquilação de uma vez por todas de seus inimigos. Zadier fez o que a ele foi requisitado. Sob seu comando, o Gigante de Babel avançou além da grande Muralha da Lusitânia, e caminhou na Floresta da Morte, destruindo tudo e todos em seu caminho. Seu destino era a capital do Reino de Hekelotia, onde ele planejava usar todo o poder do Gigante de Babel para apagar a cidade da existência, e matar todos que nela habitavam. Em apenas um único dia, centenas de milhares de pessoas morreram, muitas delas desintegradas pelos ataques mágicos que vinham do Gigante de Babel. Outras simplesmente foram esmagadas quando a arma caminhou acima delas. Apesar das tentativas dos exércitos hekelotianos em ataca-la, a arma era protegida por uma armadura incrivelmente resistente. Nenhum de seus ataques surtiu efeito contra a criatura, e isso apenas deixou J.D.R. mais confiante de que iria vencer. Porém, havia uma grande falha em seu plano, algo que ele deveria ter previsto. Em uma última tentativa de impedir o avanço do Gigante de Babel, alguns hekelotianos conseguiram infiltrar-se no interior da arma, e a atacaram do lado de dentro. Apesar de terem de enfrentar as forças lusitânicas que se encontravam dentro da arma, eles conseguiram causar danos severos aos sistemas da gigantesca máquina, fazendo com que o Gigante de Babel deixasse de seguir rumo à capital de Hekelotia, e mudasse de rumo, seguindo em direção ao mar. Nesse momento, porém, eles foram surpreendidos por um ataque do Deus da Escuridão, Zadier. Enfrentando-o pela primeira vez em combate, eles quase foram mortos pelo imenso poder que ele possuía. Entretanto, Zadier estava tão concentrado no combate que não percebeu que alguns de seus oponentes haviam escapado do local da batalha e seguiram até a sala de controle do Gigante de Babel. Quando conseguiram acesso ao local, eles atacaram e danificaram o “cérebro” da criatura, e, como resultado, a gigantesca arma começou a perder toda a vida. Seu gigantesco corpo começou a desmoronar, caindo no oceano e nele afundando. Zadier, assim como os hekelotianos invasores, conseguiu escapar a tempo, mas ele perdeu muito naquele dia. Entretanto, os danos que esse evento causou a sua imagem não poderiam ser comparados aos que J.D.R. iria sofrer. A perda de uma arma tão poderosa serviu apenas para esmagar ainda mais o orgulho lusitânico, colocando dúvidas em seus subordinados quanto a sua capacidade de liderança. Ele, que havia herdado o controle do país de seu pai, Lorde Richard Duvalier, havia conquistado a admiração de muitas pessoas com imensa dificuldade. Agora, um erro em suas decisões haviam custado ao país sua melhor chance de vitória. Ao mesmo tempo, apesar dos inimigos da Lusitânia terem sido surpreendidos com aquela arma, eles haviam vencido a batalha, algo que seria extremamente prejudicial para os planos de J.D.R. Em primeiro lugar, qualquer dúvida quanto a ameaça que os Lusitânicos representassem agora não existia mais. Eles haviam, afinal, demonstrado a capacidade de construir uma arma como o Gigante de Babel, Hekelotia não poderia permitir que tivessem outra oportunidade de fazê-lo. Além disso, por causa da vitória no combate, os hekelotianos foram tomados por uma onda de confiança em suas habilidades, o que motivaria milhares de pessoas a ingressarem no exército de seu país, para que pudessem se tornar heróis na batalha que estava para vir, nunca antes um exército havia demonstrado tanta motivação para combater. Uma Lusitânia envergonhada, e uma Hekelotia orgulhosa; não poderia existir uma situação pior para J.D.R. começar uma guerra. Ainda assim, houve alguém que soube aproveitar a situação, e tentaria fazer aquilo que J.D.R. não havia conseguido. Entre todas as pessoas que haviam no mundo, J.D.R. não esperava que essa pessoa caminhasse novamente diante dele, e como desejaria que ela não estivesse ali.
RETORNO DO IMPERADOR E SEGUNDA GUERRA CELESTIAL
O Gigante de Babel
estava destruído, mas, apesar disso, a Lusitânia ainda era uma perigosa ameaça
aos Reinos Unidos. Para começar, eles tinham como aliado o Deus da Escuridão,
Zadier, armado com a mais poderosa das armas, a Nona Espada, e eram liderados
pelo maligno Nemiestel, J.D.R., possuidor do sangue dos antigos Zerecas. Apesar
de buscar a vingança contra os inimigos de seu país, e uma tentativa de
recuperar a glória e o orgulho que a nação havia perdido na Primeira Guerra
Celestial, J.D.R. havia sofrido um dano brutal a sua imagem com a perda do
Gigante de Babel, uma arma que poderia ter garantido a vitória sobre seus
antigos inimigos. Diante dessa situação, uma terceira figura surgiria entre os
Lusitânicos, que colocaria um medo imenso nos corações dos inimigos da nação
lusitânica, e, também, iria roubar o objetivo de J.D.R. de suas mãos, e o
usaria para cumprir seus próprios interesses nefastos. Apesar de ter sido
considerado morto por muito tempo, ele havia sobrevivido, e vivido no exílio
por todos esses anos. Um dos poucos Zerecas ainda vivos, Lorde Janus Drachen, o
Imperador. Seu retorno só tornou-se conhecido quando ele caminhou nos salões de
seu antigo palácio em Salekhard, fazendo com que aqueles que o observaram
tivessem a mesma sensação que tiveram quando viram Zadier caminhar por aqueles
mesmos corredores muito tempo antes, ou seja, achassem que estavam vendo um
fantasma. Porém, seu antigo líder realmente estava ali, e quando ele anunciou a
volta da monarquia ao Sacro Império Lusitânico, ninguém teve coragem de se opor
a ele. Naquele dia, J.D.R. testemunhou sua posição como líder, conquistada anos
antes, ser tirada de suas mãos como se não fosse nada. Ele amaldiçoou aquele
dia, mas, odiou, também, os sermões que iria receber do recém-chegado. Ele iria
ser chamado de incompetente, senão incapaz, uma vez que por culpa de sua pouca
visão, havia perdido o Gigante de Babel de uma maneira ridícula. Aquele seria o
pior dia de sua carreira política. J.D.R estava com muita raiva. Ele havia sido
duramente criticado pelo homem que mais detestava, e, para aumentar sua
raiva ainda mais, aquele homem estava certo no que dizia. Por causa de seu
excesso de confiança, o país havia perdido, provavelmente, sua melhor chance de
vencer uma guerra contra seus antigos inimigos. Sua punição viria em seguida. Com
o Imperador mais uma vez no poder, J.D.R. foi reduzido a sua antiga posição
como general das tropas Lusitânicas, uma posição muito inferior àquela que até
então ocupava, e na qual iria permanecer pelos próximos anos. Ele, que havia
governado a Lusitânia como havia desejado, agora deveria obedecer as ordens da
mesma pessoa que havia expulso o seu pai da família a que ele pertencia por
direito, e que considerava ele, J.D.R., uma criatura inferior e indigna de
possuir o nome Drachen.
Eventualmente, o reestabelecido Imperador viria a tomar a fazer a declaração que todos esperavam. Era o início de uma nova guerra, um combate no qual eles iriam recuperar sua antiga glória perdida, e se vingar de seus antigos inimigos. Lorde Janus Drachen havia tomado para si a missão de J.D.R., e agora, ele iria guiar seu país novamente contra os inimigos que o derrotaram, mas, assim como aquele que considerava uma criatura inferior, ele era muito confiante, e acreditava que seria vitorioso nesse conflito, apesar da grande diferença que agora existia entre seu país e os inimigos que desejava destruir. No início, porém, a situação pareceu mostrar que o Imperador sabia o que estava fazendo. Nos primeiros meses da nova Guerra, a Lusitânia havia novamente avançado sobre o Continente da Morte, conquistando tudo o que havia em seu caminho. Seus ataques eram imprevisíveis, e surpreendiam os inimigos de tal forma, que quando os sinais da presença de suas tropas nos territórios invadidos eram descobertos, já era tarde demais para que fizessem algo para detê-los. O próprio J.D.R. usou esse período do conflito para recuperar a honra que havia perdido durante a frustrada tentativa de usar o Gigante de Babel para destruir os Hekelotianos. Nos poucos meses desde o início oficial da guerra, J.D.R. deixou para trás as marcas da vergonha e da decepção para se tornar um herói para seu país, ele estava, afinal, mostrando que ainda era um líder militar brilhante. Nem mesmo o Imperador poderia negar que a “criatura inferior” estava mostrando ser um Drachen verdadeiro. Entretanto, aquela vitória inicial da Lusitânia seria algo passageiro, e logo a dura realidade iria ser percebida. Com o desenvolver do conflito, tornou-se cada vez mais evidente que a balança estava pendendo novamente para os inimigos da Lusitânia, eles estavam se recuperando dos ataques iniciais, e, motivados pela confiança adquirida em um evento anterior, estavam superando os Lusitânicos no campo de batalha. Os anos não haviam sido generosos para a ancestral nação do Continente de Gelo. Enquanto os seus inimigos, vitoriosos na Primeira Guerra Celestial, esbanjavam os espólios da guerra e se desenvolviam para se tornar superpotências, a Lusitânia ainda rastejava para se reerguer da ruína. Seus inimigos estavam anos à frente em arsenal bélico, suas armas eram muito superiores as desgastadas armas que os Lusitânicos preservaram desde sua última grande batalha. J.D.R. foi um dos primeiros a perceber essa verdade, mas não foi difícil para seus camaradas convencer o Imperador a encará-la e aceitá-la. Lorde Janus Drachen decidiu que faria um investimento maciço na fabricação de novos e melhores armamentos, de forma que pudesse amenizar as diferenças que havia entre o seu exército e o dos inimigos. Ele confiava nas habilidades dos grandes pensadores e projetistas de seu país, mas contava ainda mais com a genialidade de um homem, um antigo sábio em cujas veias corria o sangue de uma família que por anos esteve interligada a sua. Um dos últimos Zerecas sobreviventes, o sábio Orion Schlange recebeu um imenso apoio financeiro para manter seus projetos em contínuo progresso. Entretanto, ele não estava sozinho em suas pesquisas. No momento em que soube da decisão de Lorde Janus, J.D.R. se uniu ao grupo responsável por aquela pesquisa, ele estava muito interessado em saber o que o Imperador havia pedido para que Orion construísse, afinal. Mesmo sendo um projetista ele mesmo, J.D.R. sabia que Orion tinha a capacidade de fazer o impossível se tornar possível, não havia dúvida para ele que o seu antigo professor poderia construir uma arma que poderia garantir a vitória do país no conflito. Apesar de estar interessado em vencer tanto quanto Lorde Janus estava, ele sabia que se isso ocorresse durante o governo do Imperador, ele iria ficar com toda a glória, e continuaria no poder por um tempo indeterminado. Como ele queria o controle do país para si, ele não poderia deixar que isso ocorresse. Ele não sabia quando o projeto de Orion iria ter sucesso, mas precisava garantir que esse momento não chegasse antes da morte do próprio Lorde Janus. Ainda assim, se cometesse um erro nesse plano, o país poderia perder outra guerra, e ele nunca teria sua oportunidade novamente.
Aquele projeto veio a gerar novas máquinas de guerra, armas de mesmo nível bélico ou até superior ao dos inimigos, que começaram a ser empregadas no exército Lusitânico. Ainda assim, por causa de sua introdução tardia, aquelas armas demorariam a levar o estado da guerra a uma nova situação de superioridade Lusitânica. Nenhuma daquelas armas era o que Lorde Janus estava esperando, entretanto. Elas até poderiam dar a ele um meio de combater o inimigo de igual para igual, mas o que ele queria era uma arma revolucionária, algo que pudesse garantir sua vitória e garantir a superioridade de suas forças no campo de batalha, de forma que ele pudesse resgatar a ideia de invencibilidade Lusitânica que havia se perdido em conflitos passados. As esperanças de Lorde Janus não eram infundadas, Orion realmente viria a ter em mãos um projeto que poderia salvar o seu país da destruição, e guia-lo para a vitória absoluta. Ele havia colocado suas mãos em um antigo esboço, algo que havia descoberto entre as antigas anotações de seu pai, quando as estudara em busca de inspiração. Tal esboço, entretanto, era o resultado de anos de desenvolvimento em um projeto muito mais antigo do que ele, algo inicialmente imaginado pelo primeiro grande sábio de sua família. Tratava-se de uma máquina voadora, projetada para ser capaz de transportar tropas por longas distâncias, como um navio que velejasse pelos céus, enquanto fosse capaz de causar imensa destruição no solo abaixo de si. Enquanto examinava esse e outros documentos, Orion veio a receber a visita de seu antigo aprendiz. J.D.R. havia vindo ali simplesmente para consulta-lo quanto a um projeto no qual ele estava trabalhando, mas, sua atenção logo se voltou para o papel que Orion havia deixado sobre sua mesa de trabalho, e logo percebeu o que estava observando. Apesar de não saber os detalhes por trás daquele projeto, J.D.R. pôde reconhecer algumas informações técnicas e perceber o objetivo que certas partes daquela máquina iriam ter. Ele não tinha como saber se era algo realmente viável, mas o simples fato daquele papel existir era um indício de que aquilo poderia ser estudado além, e, caso a máquina viesse a ser construída, e tivesse sucesso como era pretendido, não haveria dúvida quanto a vitória da Lusitânia, algo que não poderia acontecer naquele momento, com Lorde Janus Drachen estabelecido como líder da nação. Era uma ameaça verdadeira aos seus planos, ele esperava que Janus tivesse sua vida tirada, para que um novo Imperador pudesse ser coroado, e, como o atual não tinha filhos que herdassem o trono, seria ele, J.D.R., o único outro indivíduo em cujas veias corria o sangue dos Drachens, aquele que iria se tornar o novo líder e guia-la à vitória naquele conflito. Para que aquilo não o impedisse de ter sucesso, seria preciso que tal esboço não fosse revelado para alguém que não fosse de sua inteira confiança. Ele não sabia se Orion havia revelado aquilo para Janus ainda, ou se era algo que só ele sabia por enquanto. Ele também não tinha certeza das intenções de seu antigo professor: Iria ele fazer o que o Imperador havia requisitado ou iria guardar aquele projeto para outro momento caso seu antigo aluno revelasse a verdade? Mesmo tomado por aquelas dúvidas, J.D.R. nem chegou a cogitar ter de eliminar o seu antigo professor, alguém por quem ele devia muito. Chegar a pensar em matar aquele homem já seria uma traição contra a pessoa cujos ensinamentos o haviam transformado no homem que ele era hoje. Ele precisava pensar em uma forma de garantir que ninguém jamais viesse a saber da existência do documento. Ele poderia destruí-lo, não, era muito arriscado, além disso, aquela arma poderia vir a ser útil no futuro, ela poderia ser aquilo que iria torna-lo um herói eternizado na história de seu país. Antes que percebesse, J.D.R. já estava falando novamente, abandonando o assunto anterior que estava discutindo com Orion para revelar a ele o seu plano e suas reais intenções quanto à Lusitânia. Aquele era um movimento arriscado, até mesmo para ele. Se Orion fosse leal ao Imperador, ele iria revelar a verdade sobre aquela traição, e J.D.R. seria, certamente punido com a morte. Ainda assim, mesmo que Orion morresse e levasse o segredo com ele, a morte dele naquele momento poderia chamar atenção indesejada para si, e isso levaria a perguntas, que, então, fariam a verdade novamente aparecer. Aquilo havia sido erro, ele pensou. No momento em que revelou o que realmente planejava, ele havia condenado a si mesmo. Quando terminou de falar, J.D.R. encarou seu antigo professor com um olhar que parecia ser uma mistura perfeita de expectativa e desespero. Era o momento dele saber como Orion iria reagir, sua vida dependia de como seria aquela reação.
O Sábio, Orion Schlange, sentado em sua cadeira, parecia olhar atentamente o vazio, sua visão estava fixada no ar ao seu redor enquanto sua mente estava tomada por pensamentos. Quando finalmente voltou a olhar para seu antigo aprendiz, Orion finalmente revelou a verdade sobre o que ele pensava. Para a grande surpresa de J.D.R, e para seu grande alívio, Orion não apoiava o governo de Lorde Janus Drachen. Como viria a relatar, por anos ele havia observado o comportamento do homem que viria a se tornar o atual Imperador. Aquele indivíduo, que havia desejado a morte do próprio filho por ele ser uma ameaça a sua ascensão ao poder, e odiado o pai por ter vivido muito além do tempo normal de um Zereca, o bastante para que outro se tornasse o herdeiro do trono, havia se mostrado um dos piores e mais despreparados líderes que a Lusitânia havia tido. Seu orgulho poderia ter arriscado tudo, assim como sua persistência em não ouvir os conselhos daqueles que não considerava leais, pessoas que ele mataria no momento em que confirmasse suas suspeitas. Orion revelou, porém, que J.D.R. não era diferente de Lorde Janus quanto a sua atitude de desejar a morte de seus próprios familiares para que conseguisse o que queria. Ainda assim, ele era melhor do que Lorde Janus em vários aspectos, ao ponto de ouvir seus conselheiros e aceitar as verdades, por mais duras que elas fossem. Se ele tivesse de escolher um líder, Orion certamente iria se ajoelhar para J.D.R., mesmo que ele não fosse um Zereca, motivo pelo qual muitos não o fariam. Agora que sabia como aquele homem tão brilhante pensava, J.D.R. abriu a boca novamente, não para revelar mais sobre o seu plano, pois ele havia, afinal, dito tudo, mas sim para fazer um convite à Orion. Ele ofereceu ao sábio um posto ao seu lado quando viesse a se tornar o novo Imperador, uma forma de honrar as antigas relações que suas famílias tinham, representada, anteriormente, pela grande amizade que Orion Schlange e seu pai, Lorde Richard Duvalier, haviam tido, e por aquela que os pais deles, Otaviks Schlange e Chvester Drachen, haviam tido. O sábio aceitou o convite, e por causa de sua decisão, o esboço seria escondido de tal forma que ninguém além deles dois viria a saber de sua existência. Lorde Janus Drachen nunca viria a ter conhecimento sobre a garantia de sua vitória que estava tão próxima do alcance de seus dedos, e sobre aqueles que estavam dispostos a escondê-la dele.
Apesar das esperanças de J.D.R. em manter aquela guerra até achar um meio de eliminar o Imperador, ele não podia interferir no destino. Logo, ele iria perceber que era impossível para o seu país continuar naquele combate e ainda buscar a vitória. Apesar das armas produzidas por Orion Schlange que haviam sido entregues para o exército Lusitânico serem bem poderosas, sua entrada tardia na guerra não chegou a fazer muita diferença na situação. As vitórias iniciais da Lusitânia já haviam dado lugar a recuperação das forças Hekelotianas, que estavam retomando todos os territórios que seus inimigos do norte haviam roubado. Na verdade, a Lusitânia estava lutando um combate desequilibrado, mesmo antes do começo daquela nova guerra, o país já mostrava a incapacidade de arcar com os custos do combate, uma das principais dificuldades para o que o país se mantivesse combatendo. As perdas que iria sofrer durante o conflito apenas serviam para piorar sua situação. A morte de milhares de soldados só podia ser combatida com o aumento do número de soldados prontos para a batalha, o que obrigou o país a enviar para o campo de batalha um número maior de soldados despreparados. Esse recrutas mal haviam terminado seu treinamento, e sua entrada na guerra serviu apenas para criar um massacre ainda maior. A verdadeira ameaça aos planos de J.D.R. era o fato de que seu país não podia vencer aquela guerra. O projeto que ele e seu professor haviam escondido era a única chance de mudar essa realidade, mas se ele o revelasse, ele também não teria uma oportunidade de assumir o poder que tanto desejava. Quando começou a planejar seu retorno à posição de líder absoluto da Lusitânia, ele sabia que teria de fazer sacrifícios para que tivesse sucesso, mas, para tanto, ele precisaria de uma base firme onde se apoiar quando fosse a hora de conseguir sua vitória, e o problema é que ele não tinha tal base.
Finalmente, chegou o dia no qual as esperanças de J.D.R. foram finalmente esmagadas. Até então ele havia ficado bastante atento às notícias que vinham das frentes onde o Exército Lusitânico combatia, e, um dia, ele recebeu uma carta cujo conteúdo era uma garantia de que seu plano iria fracassar. Conforme era descrito no documento, Hekelotia e Tuwugawa haviam conseguido, finalmente, abrir uma passagem por entre as tropas Lusitânicas estrategicamente posicionadas para impedir o avanço deles rumo a nação contra quem combatiam. Após milhares de anos, a Muralha da Lusitânia viu diante de si mais uma batalha, e, dessa vez, os exércitos dos inimigos haviam conseguido transpô-la e adentrar no território gelado que havia além dela. Centenas de milhares de soldados Hekelotianos e Tuwugawianos marcharam pelas estradas do Sacro Império Lusitânico, enfrentando as tropas enviadas para intercepta-los, e tendo de sobreviver às condições climáticas a que não estavam acostumados. Quando enfim chegaram à a capital da Lusitânia, Salekhard, seus números haviam caído bastante, mas sua força de vontade apenas havia crescido. Ali, eles iriam travar a batalha final da guerra, e, enquanto as forças lideradas por Gabriel Whit e Sherwordf Thor enfrentavam o gigantesco Exército Lusitânico ali presente para defender a capital de seu Império, um grupo especial de Hekelotianos foi escolhido para avançar na frente e adentrar na cidade às escondidas, para que causassem distrações e danificassem as defesas da cidade, de forma que as tropas que representavam pudessem adentrar mais facilmente na cidade. Após terem concluído sua missão nas muralhas da capital, e aberto o grande Portão para que seus aliados entrassem, esse mesmo grupo seguiu para um local que eles chamavam de Templo Apocalíptico, mas que na verdade era o local onde o poder e o controle da nação Lusitânica estavam concentrados.
Nesse momento, porém, eles foram surpreendidos e cercados por tropas comandadas por J.D.R., dando início a uma longa e difícil batalha. Após enfrentarem os soldados e os derrotarem, eles tiveram de enfrentar o próprio J.D.R., que, mesmo sozinho, era, ainda, um adversário muito poderoso e perigoso. Ele utilizou bastante os seus poderes para conseguir vantagem no combate. Suas magias o permitiram enfrentar vários inimigos ao mesmo tempo, e, quando a situação era propícia, alternava para o uso de sua espada, mostrando para eles o que era enfrentar um dos mais bem treinados espadachins da Lusitânia. Contudo, ele foi surpreendido pela chegada de mais soldados hekelotianos, e, incapaz de enfrentar tantos inimigos, ele cometeu um erro, do qual um Hekelotiano se aproveitou para desarmá-lo com um movimento. A espada de J.D.R. havia sido lançada para longe de suas mãos por causa desse ato, e ele se viu desarmado e incapaz de se defender de outro golpe de espada. Passando a tática de desviar dos ataques, ele saltou para o alto e pra trás, e, quando seus inimigos avançavam para cerca-lo, ele sacou sua espada caída no solo, e os surpreendeu com um golpe de energia que disparou por meio da lâmina da arma, jogando-os para longe dele. Vendo que mais soldados hekelotianos estavam invadindo a cidade e se aproximando dali, ele recuou sem matar aqueles invasores que havia enfrentado. Em sua fuga, J.D.R. percebeu que tudo estava acabado, seu plano havia sido reduzido a fragmentos que jamais poderiam se reagrupar. Ele não tinha outra escolha, para sobreviver, teria que escapar daquele local. Ele conhecia uma passagem secreta que levava ao exterior da cidade, para um local longe o suficiente para que quando saísse não houvessem tropas inimigas o esperando. Ele correu até a mansão que tinha na capital imperial, onde sabia que havia uma carruagem que poderia utilizar. Quando finalmente chegou, ele usou os últimos minutos que ainda tinha de sobra para pegar todos os artefatos e livros místicos que possuía, assim como os resultados de suas pesquisas e trabalhos, que ele precisava ter certeza de que não iriam cair nas mãos inimigas. Alguns, entretanto, ele queimou em sua lareira, pois sabia que poderia reescrevê-los facilmente usando o que tinha guardado em sua mente, e que caso não o fizesse, acabariam ocupando espaço que poderia ser melhor aproveitado com documentos mais importantes, que ele levava consigo. Antes que pudesse deixar a cidade, sua carruagem teve que atravessar ruas bloqueadas pelo combate, e, eventualmente, ele acabou indo ao encontro de tropas inimigas. Percebendo que logo estaria cercado se nada fosse feito, ele colocou um feitiço nos cavalos para que eles seguissem a rota por ele planejada, atravessando a passagem secreta e depois as estradas lusitânicas que ainda não haviam sido ocupadas pelos inimigos, e levassem a carruagem e os documentos que ele coletou para um lugar seguro, a cidade onde havia nascido, enquanto ele saltou dela para enfrentar aqueles inimigos. Agora, armado somente com uma espada e com seus poderes, ele viu sua carruagem sumir no final da rua enquanto era cercado por aqueles soldados hekelotianos. Entretanto, em vez de enfrentar todos aqueles homens, que poderia vencer com facilidade por causa da superioridade de seus poderes, ele iria enfrentar o líder deles sozinho, alguém que era ninguém menos do que o próprio Gabriel Whit.
Ele sabia que seu velho inimigo estaria ali naquele dia, mas nunca pensou que o encontraria daquela forma e naquele momento. O terceiro combate entre os dois era aquele que iria decidir, de uma vez por todas, quem venceria e quem iria morrer. O passar dos anos havia deixado marcas em ambos, mas, aparentemente, não havia afetado suas habilidades em combate. Gabriel Whit continuava sendo um poderoso espadachim, assim como J.D.R. era um poderoso feiticeiro. Ambos se enfrentaram trocando golpes de espada que se não fossem defendidos poderiam matar instantaneamente até mesmo o mais forte e resistente dos homens. Durante esse combate, J.D.R. pôs todo o seu poder em suas magias e em seus ataques, e aproveitou o máximo que pôde de técnicas poderosas, como o mortal “Last Sight” e a técnica pessoal de sua família “Khemesis”. Da mesma forma, Gabriel Whit o enfrentou impondo toda a sua força e conhecimento das artes místicas, chegando até a utilizar o seu famoso “Cancel” para tentar vencê-lo. Porém, J.D.R. o surpreendeu quando utilizou a técnica “Ice Bear”, que fez com que a técnica de Gabriel Whit fosse ricocheteada contra ele mesmo e aqueles que estavam ao seu lado. Gabriel Whit caiu ao solo, com seus poderes inutilizados durante algum tempo. Nesse momento, J.D.R. saltou sobre ele, para estocar sua espada diretamente na cabeça do homem caído aparentemente desacordado, mas ele o surpreendeu ao abrir os olhos e usar as últimas forças que lhe restavam para erguer sua espada e empurrá-la para cima, perfurando o peito do Nemiestel quando ele caiu sobre a lâmina. Recuando alguns passos com o peito perfurado e a espada do inimigo ainda preso nele, J.D.R. estava tomado por uma dor imensa, e não conseguiu se defender quando Gabriel Whit se levantou em um salto puxou sua espada do corpo do inimigo, antes de a movimentar na horizontal, cortando o pescoço de seu oponente e fazendo com sua cabeça rolasse no solo, levando-o a morte instantânea, e pondo fim a vida do Nemiestel.
Eventualmente, o reestabelecido Imperador viria a tomar a fazer a declaração que todos esperavam. Era o início de uma nova guerra, um combate no qual eles iriam recuperar sua antiga glória perdida, e se vingar de seus antigos inimigos. Lorde Janus Drachen havia tomado para si a missão de J.D.R., e agora, ele iria guiar seu país novamente contra os inimigos que o derrotaram, mas, assim como aquele que considerava uma criatura inferior, ele era muito confiante, e acreditava que seria vitorioso nesse conflito, apesar da grande diferença que agora existia entre seu país e os inimigos que desejava destruir. No início, porém, a situação pareceu mostrar que o Imperador sabia o que estava fazendo. Nos primeiros meses da nova Guerra, a Lusitânia havia novamente avançado sobre o Continente da Morte, conquistando tudo o que havia em seu caminho. Seus ataques eram imprevisíveis, e surpreendiam os inimigos de tal forma, que quando os sinais da presença de suas tropas nos territórios invadidos eram descobertos, já era tarde demais para que fizessem algo para detê-los. O próprio J.D.R. usou esse período do conflito para recuperar a honra que havia perdido durante a frustrada tentativa de usar o Gigante de Babel para destruir os Hekelotianos. Nos poucos meses desde o início oficial da guerra, J.D.R. deixou para trás as marcas da vergonha e da decepção para se tornar um herói para seu país, ele estava, afinal, mostrando que ainda era um líder militar brilhante. Nem mesmo o Imperador poderia negar que a “criatura inferior” estava mostrando ser um Drachen verdadeiro. Entretanto, aquela vitória inicial da Lusitânia seria algo passageiro, e logo a dura realidade iria ser percebida. Com o desenvolver do conflito, tornou-se cada vez mais evidente que a balança estava pendendo novamente para os inimigos da Lusitânia, eles estavam se recuperando dos ataques iniciais, e, motivados pela confiança adquirida em um evento anterior, estavam superando os Lusitânicos no campo de batalha. Os anos não haviam sido generosos para a ancestral nação do Continente de Gelo. Enquanto os seus inimigos, vitoriosos na Primeira Guerra Celestial, esbanjavam os espólios da guerra e se desenvolviam para se tornar superpotências, a Lusitânia ainda rastejava para se reerguer da ruína. Seus inimigos estavam anos à frente em arsenal bélico, suas armas eram muito superiores as desgastadas armas que os Lusitânicos preservaram desde sua última grande batalha. J.D.R. foi um dos primeiros a perceber essa verdade, mas não foi difícil para seus camaradas convencer o Imperador a encará-la e aceitá-la. Lorde Janus Drachen decidiu que faria um investimento maciço na fabricação de novos e melhores armamentos, de forma que pudesse amenizar as diferenças que havia entre o seu exército e o dos inimigos. Ele confiava nas habilidades dos grandes pensadores e projetistas de seu país, mas contava ainda mais com a genialidade de um homem, um antigo sábio em cujas veias corria o sangue de uma família que por anos esteve interligada a sua. Um dos últimos Zerecas sobreviventes, o sábio Orion Schlange recebeu um imenso apoio financeiro para manter seus projetos em contínuo progresso. Entretanto, ele não estava sozinho em suas pesquisas. No momento em que soube da decisão de Lorde Janus, J.D.R. se uniu ao grupo responsável por aquela pesquisa, ele estava muito interessado em saber o que o Imperador havia pedido para que Orion construísse, afinal. Mesmo sendo um projetista ele mesmo, J.D.R. sabia que Orion tinha a capacidade de fazer o impossível se tornar possível, não havia dúvida para ele que o seu antigo professor poderia construir uma arma que poderia garantir a vitória do país no conflito. Apesar de estar interessado em vencer tanto quanto Lorde Janus estava, ele sabia que se isso ocorresse durante o governo do Imperador, ele iria ficar com toda a glória, e continuaria no poder por um tempo indeterminado. Como ele queria o controle do país para si, ele não poderia deixar que isso ocorresse. Ele não sabia quando o projeto de Orion iria ter sucesso, mas precisava garantir que esse momento não chegasse antes da morte do próprio Lorde Janus. Ainda assim, se cometesse um erro nesse plano, o país poderia perder outra guerra, e ele nunca teria sua oportunidade novamente.
Aquele projeto veio a gerar novas máquinas de guerra, armas de mesmo nível bélico ou até superior ao dos inimigos, que começaram a ser empregadas no exército Lusitânico. Ainda assim, por causa de sua introdução tardia, aquelas armas demorariam a levar o estado da guerra a uma nova situação de superioridade Lusitânica. Nenhuma daquelas armas era o que Lorde Janus estava esperando, entretanto. Elas até poderiam dar a ele um meio de combater o inimigo de igual para igual, mas o que ele queria era uma arma revolucionária, algo que pudesse garantir sua vitória e garantir a superioridade de suas forças no campo de batalha, de forma que ele pudesse resgatar a ideia de invencibilidade Lusitânica que havia se perdido em conflitos passados. As esperanças de Lorde Janus não eram infundadas, Orion realmente viria a ter em mãos um projeto que poderia salvar o seu país da destruição, e guia-lo para a vitória absoluta. Ele havia colocado suas mãos em um antigo esboço, algo que havia descoberto entre as antigas anotações de seu pai, quando as estudara em busca de inspiração. Tal esboço, entretanto, era o resultado de anos de desenvolvimento em um projeto muito mais antigo do que ele, algo inicialmente imaginado pelo primeiro grande sábio de sua família. Tratava-se de uma máquina voadora, projetada para ser capaz de transportar tropas por longas distâncias, como um navio que velejasse pelos céus, enquanto fosse capaz de causar imensa destruição no solo abaixo de si. Enquanto examinava esse e outros documentos, Orion veio a receber a visita de seu antigo aprendiz. J.D.R. havia vindo ali simplesmente para consulta-lo quanto a um projeto no qual ele estava trabalhando, mas, sua atenção logo se voltou para o papel que Orion havia deixado sobre sua mesa de trabalho, e logo percebeu o que estava observando. Apesar de não saber os detalhes por trás daquele projeto, J.D.R. pôde reconhecer algumas informações técnicas e perceber o objetivo que certas partes daquela máquina iriam ter. Ele não tinha como saber se era algo realmente viável, mas o simples fato daquele papel existir era um indício de que aquilo poderia ser estudado além, e, caso a máquina viesse a ser construída, e tivesse sucesso como era pretendido, não haveria dúvida quanto a vitória da Lusitânia, algo que não poderia acontecer naquele momento, com Lorde Janus Drachen estabelecido como líder da nação. Era uma ameaça verdadeira aos seus planos, ele esperava que Janus tivesse sua vida tirada, para que um novo Imperador pudesse ser coroado, e, como o atual não tinha filhos que herdassem o trono, seria ele, J.D.R., o único outro indivíduo em cujas veias corria o sangue dos Drachens, aquele que iria se tornar o novo líder e guia-la à vitória naquele conflito. Para que aquilo não o impedisse de ter sucesso, seria preciso que tal esboço não fosse revelado para alguém que não fosse de sua inteira confiança. Ele não sabia se Orion havia revelado aquilo para Janus ainda, ou se era algo que só ele sabia por enquanto. Ele também não tinha certeza das intenções de seu antigo professor: Iria ele fazer o que o Imperador havia requisitado ou iria guardar aquele projeto para outro momento caso seu antigo aluno revelasse a verdade? Mesmo tomado por aquelas dúvidas, J.D.R. nem chegou a cogitar ter de eliminar o seu antigo professor, alguém por quem ele devia muito. Chegar a pensar em matar aquele homem já seria uma traição contra a pessoa cujos ensinamentos o haviam transformado no homem que ele era hoje. Ele precisava pensar em uma forma de garantir que ninguém jamais viesse a saber da existência do documento. Ele poderia destruí-lo, não, era muito arriscado, além disso, aquela arma poderia vir a ser útil no futuro, ela poderia ser aquilo que iria torna-lo um herói eternizado na história de seu país. Antes que percebesse, J.D.R. já estava falando novamente, abandonando o assunto anterior que estava discutindo com Orion para revelar a ele o seu plano e suas reais intenções quanto à Lusitânia. Aquele era um movimento arriscado, até mesmo para ele. Se Orion fosse leal ao Imperador, ele iria revelar a verdade sobre aquela traição, e J.D.R. seria, certamente punido com a morte. Ainda assim, mesmo que Orion morresse e levasse o segredo com ele, a morte dele naquele momento poderia chamar atenção indesejada para si, e isso levaria a perguntas, que, então, fariam a verdade novamente aparecer. Aquilo havia sido erro, ele pensou. No momento em que revelou o que realmente planejava, ele havia condenado a si mesmo. Quando terminou de falar, J.D.R. encarou seu antigo professor com um olhar que parecia ser uma mistura perfeita de expectativa e desespero. Era o momento dele saber como Orion iria reagir, sua vida dependia de como seria aquela reação.
O Sábio, Orion Schlange, sentado em sua cadeira, parecia olhar atentamente o vazio, sua visão estava fixada no ar ao seu redor enquanto sua mente estava tomada por pensamentos. Quando finalmente voltou a olhar para seu antigo aprendiz, Orion finalmente revelou a verdade sobre o que ele pensava. Para a grande surpresa de J.D.R, e para seu grande alívio, Orion não apoiava o governo de Lorde Janus Drachen. Como viria a relatar, por anos ele havia observado o comportamento do homem que viria a se tornar o atual Imperador. Aquele indivíduo, que havia desejado a morte do próprio filho por ele ser uma ameaça a sua ascensão ao poder, e odiado o pai por ter vivido muito além do tempo normal de um Zereca, o bastante para que outro se tornasse o herdeiro do trono, havia se mostrado um dos piores e mais despreparados líderes que a Lusitânia havia tido. Seu orgulho poderia ter arriscado tudo, assim como sua persistência em não ouvir os conselhos daqueles que não considerava leais, pessoas que ele mataria no momento em que confirmasse suas suspeitas. Orion revelou, porém, que J.D.R. não era diferente de Lorde Janus quanto a sua atitude de desejar a morte de seus próprios familiares para que conseguisse o que queria. Ainda assim, ele era melhor do que Lorde Janus em vários aspectos, ao ponto de ouvir seus conselheiros e aceitar as verdades, por mais duras que elas fossem. Se ele tivesse de escolher um líder, Orion certamente iria se ajoelhar para J.D.R., mesmo que ele não fosse um Zereca, motivo pelo qual muitos não o fariam. Agora que sabia como aquele homem tão brilhante pensava, J.D.R. abriu a boca novamente, não para revelar mais sobre o seu plano, pois ele havia, afinal, dito tudo, mas sim para fazer um convite à Orion. Ele ofereceu ao sábio um posto ao seu lado quando viesse a se tornar o novo Imperador, uma forma de honrar as antigas relações que suas famílias tinham, representada, anteriormente, pela grande amizade que Orion Schlange e seu pai, Lorde Richard Duvalier, haviam tido, e por aquela que os pais deles, Otaviks Schlange e Chvester Drachen, haviam tido. O sábio aceitou o convite, e por causa de sua decisão, o esboço seria escondido de tal forma que ninguém além deles dois viria a saber de sua existência. Lorde Janus Drachen nunca viria a ter conhecimento sobre a garantia de sua vitória que estava tão próxima do alcance de seus dedos, e sobre aqueles que estavam dispostos a escondê-la dele.
Apesar das esperanças de J.D.R. em manter aquela guerra até achar um meio de eliminar o Imperador, ele não podia interferir no destino. Logo, ele iria perceber que era impossível para o seu país continuar naquele combate e ainda buscar a vitória. Apesar das armas produzidas por Orion Schlange que haviam sido entregues para o exército Lusitânico serem bem poderosas, sua entrada tardia na guerra não chegou a fazer muita diferença na situação. As vitórias iniciais da Lusitânia já haviam dado lugar a recuperação das forças Hekelotianas, que estavam retomando todos os territórios que seus inimigos do norte haviam roubado. Na verdade, a Lusitânia estava lutando um combate desequilibrado, mesmo antes do começo daquela nova guerra, o país já mostrava a incapacidade de arcar com os custos do combate, uma das principais dificuldades para o que o país se mantivesse combatendo. As perdas que iria sofrer durante o conflito apenas serviam para piorar sua situação. A morte de milhares de soldados só podia ser combatida com o aumento do número de soldados prontos para a batalha, o que obrigou o país a enviar para o campo de batalha um número maior de soldados despreparados. Esse recrutas mal haviam terminado seu treinamento, e sua entrada na guerra serviu apenas para criar um massacre ainda maior. A verdadeira ameaça aos planos de J.D.R. era o fato de que seu país não podia vencer aquela guerra. O projeto que ele e seu professor haviam escondido era a única chance de mudar essa realidade, mas se ele o revelasse, ele também não teria uma oportunidade de assumir o poder que tanto desejava. Quando começou a planejar seu retorno à posição de líder absoluto da Lusitânia, ele sabia que teria de fazer sacrifícios para que tivesse sucesso, mas, para tanto, ele precisaria de uma base firme onde se apoiar quando fosse a hora de conseguir sua vitória, e o problema é que ele não tinha tal base.
Finalmente, chegou o dia no qual as esperanças de J.D.R. foram finalmente esmagadas. Até então ele havia ficado bastante atento às notícias que vinham das frentes onde o Exército Lusitânico combatia, e, um dia, ele recebeu uma carta cujo conteúdo era uma garantia de que seu plano iria fracassar. Conforme era descrito no documento, Hekelotia e Tuwugawa haviam conseguido, finalmente, abrir uma passagem por entre as tropas Lusitânicas estrategicamente posicionadas para impedir o avanço deles rumo a nação contra quem combatiam. Após milhares de anos, a Muralha da Lusitânia viu diante de si mais uma batalha, e, dessa vez, os exércitos dos inimigos haviam conseguido transpô-la e adentrar no território gelado que havia além dela. Centenas de milhares de soldados Hekelotianos e Tuwugawianos marcharam pelas estradas do Sacro Império Lusitânico, enfrentando as tropas enviadas para intercepta-los, e tendo de sobreviver às condições climáticas a que não estavam acostumados. Quando enfim chegaram à a capital da Lusitânia, Salekhard, seus números haviam caído bastante, mas sua força de vontade apenas havia crescido. Ali, eles iriam travar a batalha final da guerra, e, enquanto as forças lideradas por Gabriel Whit e Sherwordf Thor enfrentavam o gigantesco Exército Lusitânico ali presente para defender a capital de seu Império, um grupo especial de Hekelotianos foi escolhido para avançar na frente e adentrar na cidade às escondidas, para que causassem distrações e danificassem as defesas da cidade, de forma que as tropas que representavam pudessem adentrar mais facilmente na cidade. Após terem concluído sua missão nas muralhas da capital, e aberto o grande Portão para que seus aliados entrassem, esse mesmo grupo seguiu para um local que eles chamavam de Templo Apocalíptico, mas que na verdade era o local onde o poder e o controle da nação Lusitânica estavam concentrados.
Nesse momento, porém, eles foram surpreendidos e cercados por tropas comandadas por J.D.R., dando início a uma longa e difícil batalha. Após enfrentarem os soldados e os derrotarem, eles tiveram de enfrentar o próprio J.D.R., que, mesmo sozinho, era, ainda, um adversário muito poderoso e perigoso. Ele utilizou bastante os seus poderes para conseguir vantagem no combate. Suas magias o permitiram enfrentar vários inimigos ao mesmo tempo, e, quando a situação era propícia, alternava para o uso de sua espada, mostrando para eles o que era enfrentar um dos mais bem treinados espadachins da Lusitânia. Contudo, ele foi surpreendido pela chegada de mais soldados hekelotianos, e, incapaz de enfrentar tantos inimigos, ele cometeu um erro, do qual um Hekelotiano se aproveitou para desarmá-lo com um movimento. A espada de J.D.R. havia sido lançada para longe de suas mãos por causa desse ato, e ele se viu desarmado e incapaz de se defender de outro golpe de espada. Passando a tática de desviar dos ataques, ele saltou para o alto e pra trás, e, quando seus inimigos avançavam para cerca-lo, ele sacou sua espada caída no solo, e os surpreendeu com um golpe de energia que disparou por meio da lâmina da arma, jogando-os para longe dele. Vendo que mais soldados hekelotianos estavam invadindo a cidade e se aproximando dali, ele recuou sem matar aqueles invasores que havia enfrentado. Em sua fuga, J.D.R. percebeu que tudo estava acabado, seu plano havia sido reduzido a fragmentos que jamais poderiam se reagrupar. Ele não tinha outra escolha, para sobreviver, teria que escapar daquele local. Ele conhecia uma passagem secreta que levava ao exterior da cidade, para um local longe o suficiente para que quando saísse não houvessem tropas inimigas o esperando. Ele correu até a mansão que tinha na capital imperial, onde sabia que havia uma carruagem que poderia utilizar. Quando finalmente chegou, ele usou os últimos minutos que ainda tinha de sobra para pegar todos os artefatos e livros místicos que possuía, assim como os resultados de suas pesquisas e trabalhos, que ele precisava ter certeza de que não iriam cair nas mãos inimigas. Alguns, entretanto, ele queimou em sua lareira, pois sabia que poderia reescrevê-los facilmente usando o que tinha guardado em sua mente, e que caso não o fizesse, acabariam ocupando espaço que poderia ser melhor aproveitado com documentos mais importantes, que ele levava consigo. Antes que pudesse deixar a cidade, sua carruagem teve que atravessar ruas bloqueadas pelo combate, e, eventualmente, ele acabou indo ao encontro de tropas inimigas. Percebendo que logo estaria cercado se nada fosse feito, ele colocou um feitiço nos cavalos para que eles seguissem a rota por ele planejada, atravessando a passagem secreta e depois as estradas lusitânicas que ainda não haviam sido ocupadas pelos inimigos, e levassem a carruagem e os documentos que ele coletou para um lugar seguro, a cidade onde havia nascido, enquanto ele saltou dela para enfrentar aqueles inimigos. Agora, armado somente com uma espada e com seus poderes, ele viu sua carruagem sumir no final da rua enquanto era cercado por aqueles soldados hekelotianos. Entretanto, em vez de enfrentar todos aqueles homens, que poderia vencer com facilidade por causa da superioridade de seus poderes, ele iria enfrentar o líder deles sozinho, alguém que era ninguém menos do que o próprio Gabriel Whit.
Ele sabia que seu velho inimigo estaria ali naquele dia, mas nunca pensou que o encontraria daquela forma e naquele momento. O terceiro combate entre os dois era aquele que iria decidir, de uma vez por todas, quem venceria e quem iria morrer. O passar dos anos havia deixado marcas em ambos, mas, aparentemente, não havia afetado suas habilidades em combate. Gabriel Whit continuava sendo um poderoso espadachim, assim como J.D.R. era um poderoso feiticeiro. Ambos se enfrentaram trocando golpes de espada que se não fossem defendidos poderiam matar instantaneamente até mesmo o mais forte e resistente dos homens. Durante esse combate, J.D.R. pôs todo o seu poder em suas magias e em seus ataques, e aproveitou o máximo que pôde de técnicas poderosas, como o mortal “Last Sight” e a técnica pessoal de sua família “Khemesis”. Da mesma forma, Gabriel Whit o enfrentou impondo toda a sua força e conhecimento das artes místicas, chegando até a utilizar o seu famoso “Cancel” para tentar vencê-lo. Porém, J.D.R. o surpreendeu quando utilizou a técnica “Ice Bear”, que fez com que a técnica de Gabriel Whit fosse ricocheteada contra ele mesmo e aqueles que estavam ao seu lado. Gabriel Whit caiu ao solo, com seus poderes inutilizados durante algum tempo. Nesse momento, J.D.R. saltou sobre ele, para estocar sua espada diretamente na cabeça do homem caído aparentemente desacordado, mas ele o surpreendeu ao abrir os olhos e usar as últimas forças que lhe restavam para erguer sua espada e empurrá-la para cima, perfurando o peito do Nemiestel quando ele caiu sobre a lâmina. Recuando alguns passos com o peito perfurado e a espada do inimigo ainda preso nele, J.D.R. estava tomado por uma dor imensa, e não conseguiu se defender quando Gabriel Whit se levantou em um salto puxou sua espada do corpo do inimigo, antes de a movimentar na horizontal, cortando o pescoço de seu oponente e fazendo com sua cabeça rolasse no solo, levando-o a morte instantânea, e pondo fim a vida do Nemiestel.
O RETORNO DE J.D.R. E A
GUERRA DAS TERRAS MORTAS
A morte de J.D.R., devido a sua cabeça ter sido decapitada em seu combate contra Gabriel Whit, foi apenas a primeira entre as mortes de vários Lusitânicos e aliados importantes. Em seguida, ocorreu tanto a morte do Deus da Escuridão, Zadier, após seu peito ser perfurado pela Espada da Luz empunhada por Gabriel Hatsume, quanto a do Imperador do Sacro Império Lusitânico, Lorde Janus Drachen, morto após ser empurrado para uma queda fatal por Hed Malakian, que se aproveitou do enfraquecimento do Zereca após ter conseguido danificar sua armadura mágica. Por causa das mortes desses indivíduos, a Segunda Guerra Celestial chegou ao fim, e, visto que não havia outra pessoa que pudesse manter o país unificado, o Sacro Império Lusitânico também chegou ao fim, com seu imenso território se fragmentando por causa das rivalidades internas dos sobreviventes ao combate. Nesse cenário, acreditava-se que a paz poderia, finalmente, reinar, isto é, para os vencedores do conflito, claro. O cadáver de J.D.R. foi transportado para Hekelotia por ordens do próprio Gabriel Whit, onde seria, então, exibido como um troféu de sua vitória na guerra, e do fim de um de seus mais perigosos e antigos inimigos. O corpo decapitado foi depositado em uma catacumba localizada abaixo da capital do Reino de Hekelotia, e lacrado em um caixão de pedra, enquanto a cabeça seria posta em uma caixa de vidro na sala de troféus da Torre dos Sábios, para que pudesse ser observada por todos que ali passassem, para que soubessem da história por trás daquela vitória. Os anos acabariam passando depois disso, e com o tempo, o mundo começou a esquecer daquela história a medida que se preparava para enfrentar uma nova crise.
Enquanto esses anos passavam, a alma do falecido J.D.R., que havia sido enviada para o Inferno por causa dos pecados que havia cometido em vida, fora submetida ao sofrimento. Ele foi açoitado e torturado pelos demônios, seus carcereiros, e obrigado a trabalhar como um escravo durante sua estadia ali, mas, ele conseguia alguns momentos em que podia ficar sozinho, meditando. Nesses momentos, ele planejava uma forma de conseguir sua vingança contra aqueles que o haviam desafiado, e sido responsáveis pelo seu envio para aquele terrível lugar, além de, também, buscar uma maneira de conseguir completar seu plano de se tornar o líder absoluto de todo o mundo conhecido. Anos se passaram enquanto ele arquitetava seu plano, que estava relacionado com a manipulação de eventos que ainda iriam ocorrer, muitos anos no futuro. Ele também pensava em forma sobre como conseguiria escapar daquele lugar, e superar a morte, dessa forma alcançando a imortalidade tão desejada por muitos que vieram antes dele. Eventualmente, ele chegou a certas conclusões e pensou em métodos diferentes, mas, antes de considerar alguns deles viáveis, ele precisava de mais informações, e a única forma de consegui-los era por meio de experimentos que ele teria de fazer quando escapasse dali. Felizmente, ele era um homem paciente, e mesmo após ter descoberto a forma exata de escapar do Inferno, ele ainda esperou o momento certo para finalmente escapar daquele lugar e retornar a vida.
“Durante uma noite escura, enquanto uma chuva forte caía sobre a capital de Hekelotia, algo começou a se mover na escuridão da Torre dos Sábios. Soldados ouviam sons estranhos, semelhantes a passos, que não deviam estar ocorrendo naquela hora da noite. Antes que pudessem sequer entender o que estava ocorrendo, foram surpreendidos pela visão de um homem que movia-se em sua direção. Podia ser um soldado que vinha se juntar a eles para tomar uma bebida e contar histórias, mas o homem que estava chegando vestia vestes antigas, sujas de terra e rasgadas, e, o mais assustador, não tinha cabeça. A visão foi tão aterradora que os paralisou, e antes que pudessem reagir, eles encararam com sua visão trêmula a luz doentia do lampejo que o ser havia disparado contra eles. A magia do selo os eletrificou e os matou naquela mesma hora. O "Last Sight" era uma técnica realmente maligna, pois causava morte instantânea.
O ser sem cabeça continuou a avançar, até chegar a um mostruário, onde uma cabeça era vista a mostra. Ele quebrou o vidro do mostruário com um soco, e pegou a cabeça com ambas as mãos, pondo-a no lugar certo entre os seus ombros. Ao fazer isso, vida voltar a pulsar em seu corpo como não fazia a muito tempo, os ferimentos espalhados por seu corpo reanimado se regeneraram, e a marca em seu pescoço, que indicava que o mesmo havia sido cortado, desapareceu quando a carne se reconstruiu, como se nunca tivesse estado ali em primeiro lugar. Apesar de suas vestes ainda estarem rasgadas e cobertas de poeira e sangue seco, ele estava mais vivo do que nunca, e pronto para se vingar. Na escuridão da noite, o ser saltou por uma janela de vidro, espalhando estilhaços na rua de pedra lá fora, caindo em pé, e andando na cidade sob o véu obscuro da noite, sendo banhado pelas lágrimas geladas das nuvens. Ele deixou a cidade naquele dia, sem que se soubesse sua identidade. Não tinham como saber, os tempos haviam mudado e sua história estava sendo esquecida. Ele era alguém que havia sido, até então, considerado morto. Seu nome era John D. Rockerfield.”
J.D.R. seria um dos poucos seres que conseguiram o feito de voltar a vida, mas, quando o fizera, ele jurou para si mesmo que faria tudo em seu poder para não voltasse para aquele lugar. Ao caminhar novamente entre os vivos, ele estava decidido a por em prática o que havia cogitado, e, agindo nas sombras, ele seguia rumo ao próximo passo de seu plano. Seu retorno era desconhecido ou, então, ignorado pelas pessoas. Ele, afinal, era um figura de um passado agora esquecido, uma vez que as atenções do mundo atual não estavam mais focadas nos inimigos do norte, os Lusitânicos, mas sim nos inimigos que vinham das Terras Mortas, os Odeano. A guerra que o mundo testemunhava no momento o estava cegando para problemas paralelos, o que dava a J.D.R. a oportunidade de poder seguir com seu plano sem que houvesse alguém que estivesse interessado em impedi-lo. Ele começou por viajar de voltar para o país que havia chamado de lar um dia, e, para sua própria segurança, teve de fazer isso, muitas vezes, envolto nos braços da noite. Ele, afinal, não queria que fosse visto por olhos curiosos, arriscando que sua identidade fosse reconhecida e que sua presença no mundo dos vivos fosse descoberta por alguém que tivesse conhecimento de quem ele era e do que era capaz. Em sua viagem, na maior parte do percurso, ele obrigado a realizar longas caminhadas, que exercitavam o seu corpo, que havia ficado inerte e sem vida por muitos anos, lentamente retornando-o a sua antiga disposição física. Ele ainda estava vestido nas mesmas vestes com que havia morrido, e, quando era avistado, mesmo tomando suas precauções, aqueles que o viam de longe achavam que se tratasse de um morto-vivo que havia se levantado da cova. Durante seu trajeto, ele acabou por matar algumas pessoas, não porque assim desejava, mas porque tinha a necessidade de fazê-lo. Suas vítimas iniciais foram camponeses, de que roubava alimento para sobreviver e, também, vestes novas para substituir as antigas que possuía, conseguindo, dessa forma, se misturar entre a população local. Porém, ele depois seria responsável pela morte de vários soldados Hekelotianos, as vezes porque eles entravam em conflito com ele por não serem dirigidos com respeito por parte dele, as vezes porque se irritava com as ofensas a ele dirigidas, ou, na maior parte das vezes, porque sentia um prazer doentio em matar aqueles indivíduos repugnantes, conforme ele mesmo os descreveu.
No meio de sua viagem, entretanto, ele veio a parar diante de uma antiga mansão abandonada, localizada no interior da Floresta da Morte, que havia sido utilizada, vários anos antes, como uma base de operações por seu país, durante a Segunda Guerra Celestial. Ele estava decidido a passar não mais do que um dia ou dois naquele local, para recuperar suas forças e descansar, após o longo caminho que havia percorrido, mas, logo os dias viraram meses, e os meses viraram anos. Ele viveu uma vida simples e tranquila naquela mansão, chegando a chama-la de sua segunda casa, em pensamento. Tratava-se de um lugar isolado, distante o bastante de qualquer estrada ou vilarejo ao ponto de evitar que alguém viesse ali investigar. Dessa forma, os únicos seres que trafegavam por ali eram animais selvagens, que ele poderia facilmente eliminar caso visse a necessidade. Completamente camuflada no interior da densa floresta, aquela mansão parecia estar longe dos efeitos de qualquer evento da guerra que estava acontecendo, e o tempo em que ele ficou por ali serviram para desviar a atenção de J.D.R. de sua vingança. Enquanto ele esteve vivendo no local, ele substituiu os móveis apodrecidos por outros que ele mesmo havia produzido, consertou as janelas quebradas com o vidro que roubava de vilarejos próximos, e fez o máximo para mantê-la com uma aparência aceitável. Ele reuniu uma modesta quantidade de livros e documentos, que havia roubado de cidades e vilas próximas, nas estantes daquela mansão, e, durante as muitas noites em que permaneceu acordado, ele se viu envolto em leituras e estudos. Ele começou a realizar experimentos, e a escrever suas próprias descobertas. Seus objetivos divergiam entre o interesse movido pela sua mera curiosidade em saber como algo funcionava e o seu interesse em confirmar hipóteses iniciais que havia teorizado. Entretanto, os experimentos mais importantes que ele realizou nessa época foram tentativas de redescobrir o método desenvolvido por seu detestável primo, Lorde Janus Drachen, para manipular uma alma, um espírito, algo que J.D.R. acreditava essencial em seu plano de conseguir a imortalidade, assim como Janus havia tentado tantos anos antes. Enquanto essa busca específica não levou a resultados significativos, visto que J.D.R. não tinha acesso, no local onde estava, aos documentos deixados por Lorde Janus, ela serviu para que ele colocasse em prática algumas suposições que tinha sobre como o primo havia conseguido fazer o que havia feito, e descobrisse quais delas, eventualmente, não o levariam a se aproximar da verdade que Lorde Janus havia levado consigo ao morrer. Tão breve ele descobrisse o método exato usado por Lorde Janus, ele esperava ser capaz de aperfeiçoá-lo, eliminando quaisquer empecilhos que pudessem ameaçar o seu plano, de forma que ele tivesse sucesso no que Lorde Janus havia fracassado.
Muitas vezes, seus experimentos lhe trouxeram um grande estresse, momentos em que ele se via diante de situações que lhe privavam da capacidade de raciocinar corretamente. Quando se encontrava em momentos como esses, ele eventualmente mudava a direção de seus pensamentos, para atividades que ele realizava pelo puro prazer de fazê-las, como a pintura, algo em que ele se aperfeiçoou naquele mesmo período de sua vida. A pintura era para ele uma atividade que podia ser considerada um feito quase divino. Ele podia dar forma aos seus pensamentos mais impossíveis, tornando-os visíveis nos desenhos que fazia com o pincel e com as cores com que trabalhava. Porém, ele estava muito mais interessado em capturar a imagem do mundo que o cercava, disseca-la e então reproduzi-la. A grande maioria de seus quadros mostravam a natureza que havia ao seu redor, e os adventos da civilização. Mas, entre todas as suas obras, aquelas em que ele mais trabalhou eram os retratos. Ele tinha uma excelente memória, quase fotográfica, mas suas lembranças o deixavam lentamente com o passar dos anos. Ele começou pintando retratos de pessoas que tiveram alguma participação importante em sua vida. Haviam pelo menos dois grupos de retratos, aqueles que mostravam as pessoas que haviam feito algo benéfico para ele, e aqueles que apenas lhe trouxeram malefícios. E nesse momento, J.D.R. demonstra uma visão de mundo completamente inesperada, quando ele decide pintar um auto retrato. Quem o observasse trabalhando naquele período iria perceber que algo não estava certo com ele quando trabalhava naquela pintura em particular, era como se J.D.R. não fosse mais o mesmo quando estava retratando a si mesmo. Não satisfeito com sua obra, ele veio a fazer outras, todas elas representações dele mesmo, mas, em cada obra, havia alguma diferença quase imperceptível, que apenas ele parecia perceber. No fim, elas totalizavam cerca de treze quadros, e haviam duas delas que merecem uma atenção em especial. Na primeira, J.D.R. aparecia retratado como um ser iluminado, que criaria um mundo melhor para todas as pessoas nele vivessem. Na segunda, entretanto, ele era retratado como um ser obscuro, que apenas trazia destruição para aqueles que ousassem ficar no caminho de suas ambições. Esses dois retratos haviam se tornado uma obsessão para J.D.R, mas eles não eram os únicos que recebiam essa atenção constante dele. Havia um terceiro quadro, que parecia ser uma reprodução fiel dele mesmo, e que ele colocava sempre no meio dos outros dois. Esses quadros pareciam estar relacionados a uma teoria que ele estava desenvolvendo, que poderia ser a forma com a qual ele conseguiria escapar do destino a que todas as pessoas estão condenadas, a morte. Ele continuaria trabalhando em suas outras teorias, porém, acabaria por descartar algumas delas, ao perceber que eram inviáveis ou difíceis demais de serem postas em prática. O plano ao qual ele havia se dedicado desde o dia em que havia recuperado a vida estava, finalmente, seguindo o curso que ele havia pré-determinado, e tudo o que faltava para que ele mostrasse os resultados que J.D.R. esperava conseguir era que ele fizesse o movimento certo no momento certo. Com suas ideias finalmente organizadas, ele deixou para trás a mansão que o havia abrigado naqueles últimos três longos anos para continuar sua viagem de volta a nação que ele chamava de casa, e onde havia vivido a tanto tempo. Essa segunda parte de sua viagem foi consideravelmente mais difícil do que a primeira, e, eventualmente, ele se viu obrigado a tirar a vida de várias pessoas que surgiriam em seu caminho.
Um dia, ao parar em uma estalagem, ele ouviu a conversa de dois soldados hekelotianos que estavam no lado de fora. Aparentemente, os odeanos haviam avançado muito na guerra durante o tempo em que J.D.R. havia se isolado naquela mansão, chegando até a criar vários Vice-Reinos no Continente da Morte. Um deles, o Vice-Reino de Vaegir, estava localizado na região da fronteira entre o Continente da Morte e o Continente de Gelo, e havia tomado parte dos territórios da antiga Lusitânia para si. Ao saber disso, J.D.R. percebeu que teria de adiar seu próximo passo em seu plano mestre, estando decidido a lidar primeiro com aquele obstáculo. Em vez de seguir a rota que havia planejado incialmente, que o levaria por terra até o Continente de Gelo, ele decidiu seguir pelo mar, chegando até o continente gelado sem ter de passar por Vaegir e pela guerra que o recém-formado país estava disputando. Durante o tempo em que viveu praticamente isolado, J.D.R. conseguir reunir uma quantidade considerável de dinheiro e de outras riquezas, que tornariam uma pessoa pobre em alguém de classe média alta em nosso mundo. Ele acabou por alugar um navio e contratou uma tripulação, que deveriam leva-lo até o seu destino. Durante a viagem, entretanto, houve um motim, e vários marujos estavam decididos a mata-lo e roubar as riquezas que ele carregava consigo. Ele, facilmente, matou cada um deles, diante de todos que estavam ali presentes, e, percebendo o perigo em que agora estava exposto, ele decidiu que deveria eliminar toda e qualquer testemunha do que havia acontecido, algo que faria em seu devido tempo. Por meio da técnica do Manipulem, ele dominou os pensamentos de cada um deles, obrigando-os a servi-lo até o final da viagem. Quando finalmente aportaram no Continente de Gelo, J.D.R. os obrigou a desmontar o navio, e a transportar as peças e os materiais até um local protegido, em uma caverna próxima dali, pois ele queria evitar que descobrissem que alguém havia chegado ao território, e, também, porque considerava a necessidade de usar os materiais para montar uma espécie de acampamento enquanto passeasse a noite naquele local. Quando eles finalmente terminaram de servir as suas ordens, ele utilizou o Last Sight para matar todos ali mesmo, deixando seus corpos escondidos na mesma caverna, para que fossem lentamente consumidos pelos animais locais, enquanto ele planejava seu próximo passo.
Uma vez que ele conhecia bem a região em que estava, J.D.R. conseguiu viajar sem maiores problemas até a cidade que um dia havia sido a capital da Latvéria, o local em que ele havia nascido e que era governado por sua família por várias gerações. Entretanto, quando enfim chegou à cidade, ele a encontrou abandonada e desabitada. Várias residências e prédios comerciais haviam sido deixados em um estado de completo abandono, como se a população daquela cidade tivesse simplesmente desaparecido dali. Deixando de lado as claras marcas da destruição que havia sido causada durante um conflito militar, ele viu sinais de que a população local havia tentado destruir todos os recursos que podiam ser utilizados pelo invasor, e isso incluía as antigas e grandiosas plantações que existiam na Latvéria, e das quais ele se lembrava de ter visitado várias vezes ao longo de sua vida. Estava claro para ele que a população havia utilizado a estratégia de terra arrasada, algo que era ensinado a todo jovem lusitânico, mesmo que ele fosse um civil. Provavelmente, durante os últimos momentos da Segunda Guerra Celestial, as tropas dos invasores teriam conseguido chegar até ali, e, para parar o seu avanço, a população teria destruído todo e qualquer recurso que pudesse lhes dar alguma vantagem. Se eles tivessem seguido a estratégia como ela era ensinada, provavelmente teriam partido para cidades próximas e que estivessem o mais longe possível das tropas inimigas. Com isso em mente, ele não perdeu suas esperanças, e continuou sua busca pelo povo que um dia havia lutado ao seu lado, viajando pelo território do Continente de Gelo e avançando cada vez mais rumo ao norte. Ele passou por cidades grandiosas, mas cuja situação era muito semelhante àquela de sua cidade natal. Um dos locais que visitou, a antiga capital do Vice-Reino de Arkhangelsk, uma das províncias que no passado faziam parte do Sacro Império Lusitânico, mostrava claros sinais do quanto a população local estava disposta a sacrificar para impedir que seus inimigos avançassem ainda mais. A antiga e grandiosa represa, sobre a qual a cidade havia sido construída, havia sido perfurada por explosivos. Provavelmente, J.D.R. pensou, eles teriam feito isso para esmagar o exército invasor com uma gigantesca rajada de água que foi liberada quando a represa arrebentou.
Sem desistir de encontrar sobreviventes, ele finalmente encontrou sinais de vida em uma cidade não muito longe dali. A população local era, claramente, formada por Lusitânicos sobreviventes da Segunda Guerra Celestial, pessoas como ele, que dividiam as mesmas crenças e cultura. Enquanto esteve na cidade, J.D.R. reuniu informações importantes quanto ao que estava acontecendo no Continente de Gelo. Para sua felicidade, a maior parte da população de seu país havia sobrevivido, e viviam em várias cidades espalhadas pelo extremo norte do Continente de Gelo. Entretanto, elas estavam divididas, sob o comando de líderes locais e rivais entre si. Aparentemente, quando a guerra chegou ao fim, as antigas rivalidades que existiam dentro do Império voltaram a se inflamar novamente. Muitos tentaram assumir o poder e garantir a sobrevivência da nação, mas esses possíveis governantes não foram bem recebidos pelas populações de todas as províncias e territórios lusitânicos. Eventualmente, os territórios se dividiram, com líderes locais e apoiados pela população local assumindo o poder. Só havia uma forma de reconstruir a grandiosa nação que uma vez havia existido naquelas terras, e era a chegada de um líder que fosse capaz de manter unidas todas aquelas populações, de pôr fim às suas rivalidades e de conquistar sua confiança. E claro, J.D.R. sabia muito bem quem seria essa pessoa, ele mesmo. Ele já tinha em mente assumir o poder total sobre o Sacro Império Lusitânico, mas agora, era a sua chance de fazer isso ao se tornar o fundador de um Novo Império, um que se erguesse sobre a sombra do Império caído. Aquele era o momento propício para que seu plano tivesse sucesso. Ele era um dos últimos indivíduos vivos em cujas veias corria o sangue do Primeiro Rei Zereca, o fundador original do Sacro Império Lusitânico. Ele era a pessoa certa para reerguer a nação de seus ancestrais, ele era aquele que iria reunir todo o povo lusitânico novamente, em um único e grandioso Império.
Para que pudesse fazer isso, J.D.R. continuou sua viagem pelo Continente de Gelo, e visitou as várias cidades e vilas que encontrava. Lá, ele se apresentou diante dos líderes locais, e suas palavras e promessas conseguiram conquistar a confiança deles. Assim como Lorde Voronezh Drachen havia feito no passado, ele estava erguendo um Império usando apenas a admiração que as pessoas tinham por ele. Naquele momento, J.D.R. era Lorde Voronezh Drachen caminhando novamente no Continente de Gelo. Ainda assim, houve aqueles que não estavam dispostos a entregar o poder que haviam conquistado para o homem que os visitava em suas casas. Muitos sabiam quem ele era, e, principalmente, o que ele havia feito no passado. Eles se lembravam de seus erros, e os usaram para tentar destruir a confiança daqueles que já o haviam aceito como seu salvador. Nesses casos, J.D.R. não viu outra escolha. Ele foi obrigado a lutar, a derramar sangue Lusitânico. Se eles não podiam ser conquistados com palavras, com fé ou com confiança, seriam conquistados por meio da espada. J.D.R. tirou, pessoalmente, a vida de muitos líderes locais que se recusaram a entregar o poder a ele. No fim, ele conseguiu conquistar o povo daquelas regiões demonstrando que ele era o melhor e mais poderoso guerreiro, e que somente um líder forte poderia ser digno de lidera-los. Apesar disso, havia ainda uma grande ameaça aos seus planos de reconstruir o Império Lusitânico, uma que ele já conhecia antes mesmo de retornar ao Continente de Gelo.
Antes de realizar sua viagem através do oceano, ele havia adquirido conhecimento quanto a existência do Vice-Reino de Vaegir, e quanto ao fato de que essa província odeana estava tomando antigos territórios Lusitânicos. Se ele quisesse reerguer a Lusitânia algum dia, ele precisava reconquistar o que os Vaegirianos haviam tomado, e pôr um fim definitivo àqueles invasores. Para lidar com o avanço daquele inimigo sobre as terras que deveriam ser suas, J.D.R. liderou os Lusitânicos cuja confiança ele havia conquistado em combates contra o exército de Vaegir que aconteceram em vários locais do Continente de Gelo. Uma vez que ele e seus aliados tinham um maior conhecimento quanto ao território em que lutavam, eles tinham uma vantagem imensa contra o invasor, ao ponto de conseguiram o feito de ganhar batalhas em que seu número de combatentes era muito inferior ao do inimigo, algo que, normalmente, os levariam a uma derrota praticamente inevitável. Entretanto, havia algo que tornou suas vitórias ainda mais fáceis, o fato de que, ao mesmo tempo em que os Lusitânicos estavam atacando Vaegir pelo norte, os Hekelotianos estavam atacando-a pelo sul, algo que levou o Vice-Reino odeano a um combate em duas frentes, uma situação que ele não poderia suportar por muito tempo. J.D.R. percebeu o que estava acontecendo, e se aproveitou da situação para fazer acordos diplomáticos com seu antigo inimigo, o que acabou levando a descoberta de que ele estava vivo. Ele planejava usar a ajuda de Hekelotia para conseguir terminar aquele conflito o mais breve possível, e, quando nada mais ficasse em seu caminho, ele pudesse reconstruir a Lusitânia como planejava. Entretanto, ele também sabia que, quando a guerra contra Odeon terminasse, ele teria uma chance de fazer um movimento decisivo contra o país que havia envergonhado o Império no passado, pois ele estaria enfraquecido por causa da guerra que estava acontecendo naquele momento. Entretanto, ele também era realista, e sabia que Hekelotia poderia usar a situação para seu proveito também. Além disso, sua mente também estava focada em seus outros planos, alguns deles alternativos caso alguns falhassem, e isso inclui o grande plano no qual ele estava trabalhando naqueles últimos anos. Finalmente, como ele havia previsto, Vaegir veio a cair pelos esforços combinados das tropas Lusitânicas e Hekelotianas, e J.D.R. retirou seu país daquele guerra para poder continuar a sua reconstrução, quando finalmente recuperou todos os territórios que havia perdido para o Vice-Reino odeano. Alguns meses depois, foi anunciada a derrota de Odeon pelas tropas combinadas de Hekelotia e Tuwugawa. Agora, era só uma questão de tempo.
Enquanto esses anos passavam, a alma do falecido J.D.R., que havia sido enviada para o Inferno por causa dos pecados que havia cometido em vida, fora submetida ao sofrimento. Ele foi açoitado e torturado pelos demônios, seus carcereiros, e obrigado a trabalhar como um escravo durante sua estadia ali, mas, ele conseguia alguns momentos em que podia ficar sozinho, meditando. Nesses momentos, ele planejava uma forma de conseguir sua vingança contra aqueles que o haviam desafiado, e sido responsáveis pelo seu envio para aquele terrível lugar, além de, também, buscar uma maneira de conseguir completar seu plano de se tornar o líder absoluto de todo o mundo conhecido. Anos se passaram enquanto ele arquitetava seu plano, que estava relacionado com a manipulação de eventos que ainda iriam ocorrer, muitos anos no futuro. Ele também pensava em forma sobre como conseguiria escapar daquele lugar, e superar a morte, dessa forma alcançando a imortalidade tão desejada por muitos que vieram antes dele. Eventualmente, ele chegou a certas conclusões e pensou em métodos diferentes, mas, antes de considerar alguns deles viáveis, ele precisava de mais informações, e a única forma de consegui-los era por meio de experimentos que ele teria de fazer quando escapasse dali. Felizmente, ele era um homem paciente, e mesmo após ter descoberto a forma exata de escapar do Inferno, ele ainda esperou o momento certo para finalmente escapar daquele lugar e retornar a vida.
“Durante uma noite escura, enquanto uma chuva forte caía sobre a capital de Hekelotia, algo começou a se mover na escuridão da Torre dos Sábios. Soldados ouviam sons estranhos, semelhantes a passos, que não deviam estar ocorrendo naquela hora da noite. Antes que pudessem sequer entender o que estava ocorrendo, foram surpreendidos pela visão de um homem que movia-se em sua direção. Podia ser um soldado que vinha se juntar a eles para tomar uma bebida e contar histórias, mas o homem que estava chegando vestia vestes antigas, sujas de terra e rasgadas, e, o mais assustador, não tinha cabeça. A visão foi tão aterradora que os paralisou, e antes que pudessem reagir, eles encararam com sua visão trêmula a luz doentia do lampejo que o ser havia disparado contra eles. A magia do selo os eletrificou e os matou naquela mesma hora. O "Last Sight" era uma técnica realmente maligna, pois causava morte instantânea.
O ser sem cabeça continuou a avançar, até chegar a um mostruário, onde uma cabeça era vista a mostra. Ele quebrou o vidro do mostruário com um soco, e pegou a cabeça com ambas as mãos, pondo-a no lugar certo entre os seus ombros. Ao fazer isso, vida voltar a pulsar em seu corpo como não fazia a muito tempo, os ferimentos espalhados por seu corpo reanimado se regeneraram, e a marca em seu pescoço, que indicava que o mesmo havia sido cortado, desapareceu quando a carne se reconstruiu, como se nunca tivesse estado ali em primeiro lugar. Apesar de suas vestes ainda estarem rasgadas e cobertas de poeira e sangue seco, ele estava mais vivo do que nunca, e pronto para se vingar. Na escuridão da noite, o ser saltou por uma janela de vidro, espalhando estilhaços na rua de pedra lá fora, caindo em pé, e andando na cidade sob o véu obscuro da noite, sendo banhado pelas lágrimas geladas das nuvens. Ele deixou a cidade naquele dia, sem que se soubesse sua identidade. Não tinham como saber, os tempos haviam mudado e sua história estava sendo esquecida. Ele era alguém que havia sido, até então, considerado morto. Seu nome era John D. Rockerfield.”
J.D.R. seria um dos poucos seres que conseguiram o feito de voltar a vida, mas, quando o fizera, ele jurou para si mesmo que faria tudo em seu poder para não voltasse para aquele lugar. Ao caminhar novamente entre os vivos, ele estava decidido a por em prática o que havia cogitado, e, agindo nas sombras, ele seguia rumo ao próximo passo de seu plano. Seu retorno era desconhecido ou, então, ignorado pelas pessoas. Ele, afinal, era um figura de um passado agora esquecido, uma vez que as atenções do mundo atual não estavam mais focadas nos inimigos do norte, os Lusitânicos, mas sim nos inimigos que vinham das Terras Mortas, os Odeano. A guerra que o mundo testemunhava no momento o estava cegando para problemas paralelos, o que dava a J.D.R. a oportunidade de poder seguir com seu plano sem que houvesse alguém que estivesse interessado em impedi-lo. Ele começou por viajar de voltar para o país que havia chamado de lar um dia, e, para sua própria segurança, teve de fazer isso, muitas vezes, envolto nos braços da noite. Ele, afinal, não queria que fosse visto por olhos curiosos, arriscando que sua identidade fosse reconhecida e que sua presença no mundo dos vivos fosse descoberta por alguém que tivesse conhecimento de quem ele era e do que era capaz. Em sua viagem, na maior parte do percurso, ele obrigado a realizar longas caminhadas, que exercitavam o seu corpo, que havia ficado inerte e sem vida por muitos anos, lentamente retornando-o a sua antiga disposição física. Ele ainda estava vestido nas mesmas vestes com que havia morrido, e, quando era avistado, mesmo tomando suas precauções, aqueles que o viam de longe achavam que se tratasse de um morto-vivo que havia se levantado da cova. Durante seu trajeto, ele acabou por matar algumas pessoas, não porque assim desejava, mas porque tinha a necessidade de fazê-lo. Suas vítimas iniciais foram camponeses, de que roubava alimento para sobreviver e, também, vestes novas para substituir as antigas que possuía, conseguindo, dessa forma, se misturar entre a população local. Porém, ele depois seria responsável pela morte de vários soldados Hekelotianos, as vezes porque eles entravam em conflito com ele por não serem dirigidos com respeito por parte dele, as vezes porque se irritava com as ofensas a ele dirigidas, ou, na maior parte das vezes, porque sentia um prazer doentio em matar aqueles indivíduos repugnantes, conforme ele mesmo os descreveu.
No meio de sua viagem, entretanto, ele veio a parar diante de uma antiga mansão abandonada, localizada no interior da Floresta da Morte, que havia sido utilizada, vários anos antes, como uma base de operações por seu país, durante a Segunda Guerra Celestial. Ele estava decidido a passar não mais do que um dia ou dois naquele local, para recuperar suas forças e descansar, após o longo caminho que havia percorrido, mas, logo os dias viraram meses, e os meses viraram anos. Ele viveu uma vida simples e tranquila naquela mansão, chegando a chama-la de sua segunda casa, em pensamento. Tratava-se de um lugar isolado, distante o bastante de qualquer estrada ou vilarejo ao ponto de evitar que alguém viesse ali investigar. Dessa forma, os únicos seres que trafegavam por ali eram animais selvagens, que ele poderia facilmente eliminar caso visse a necessidade. Completamente camuflada no interior da densa floresta, aquela mansão parecia estar longe dos efeitos de qualquer evento da guerra que estava acontecendo, e o tempo em que ele ficou por ali serviram para desviar a atenção de J.D.R. de sua vingança. Enquanto ele esteve vivendo no local, ele substituiu os móveis apodrecidos por outros que ele mesmo havia produzido, consertou as janelas quebradas com o vidro que roubava de vilarejos próximos, e fez o máximo para mantê-la com uma aparência aceitável. Ele reuniu uma modesta quantidade de livros e documentos, que havia roubado de cidades e vilas próximas, nas estantes daquela mansão, e, durante as muitas noites em que permaneceu acordado, ele se viu envolto em leituras e estudos. Ele começou a realizar experimentos, e a escrever suas próprias descobertas. Seus objetivos divergiam entre o interesse movido pela sua mera curiosidade em saber como algo funcionava e o seu interesse em confirmar hipóteses iniciais que havia teorizado. Entretanto, os experimentos mais importantes que ele realizou nessa época foram tentativas de redescobrir o método desenvolvido por seu detestável primo, Lorde Janus Drachen, para manipular uma alma, um espírito, algo que J.D.R. acreditava essencial em seu plano de conseguir a imortalidade, assim como Janus havia tentado tantos anos antes. Enquanto essa busca específica não levou a resultados significativos, visto que J.D.R. não tinha acesso, no local onde estava, aos documentos deixados por Lorde Janus, ela serviu para que ele colocasse em prática algumas suposições que tinha sobre como o primo havia conseguido fazer o que havia feito, e descobrisse quais delas, eventualmente, não o levariam a se aproximar da verdade que Lorde Janus havia levado consigo ao morrer. Tão breve ele descobrisse o método exato usado por Lorde Janus, ele esperava ser capaz de aperfeiçoá-lo, eliminando quaisquer empecilhos que pudessem ameaçar o seu plano, de forma que ele tivesse sucesso no que Lorde Janus havia fracassado.
Muitas vezes, seus experimentos lhe trouxeram um grande estresse, momentos em que ele se via diante de situações que lhe privavam da capacidade de raciocinar corretamente. Quando se encontrava em momentos como esses, ele eventualmente mudava a direção de seus pensamentos, para atividades que ele realizava pelo puro prazer de fazê-las, como a pintura, algo em que ele se aperfeiçoou naquele mesmo período de sua vida. A pintura era para ele uma atividade que podia ser considerada um feito quase divino. Ele podia dar forma aos seus pensamentos mais impossíveis, tornando-os visíveis nos desenhos que fazia com o pincel e com as cores com que trabalhava. Porém, ele estava muito mais interessado em capturar a imagem do mundo que o cercava, disseca-la e então reproduzi-la. A grande maioria de seus quadros mostravam a natureza que havia ao seu redor, e os adventos da civilização. Mas, entre todas as suas obras, aquelas em que ele mais trabalhou eram os retratos. Ele tinha uma excelente memória, quase fotográfica, mas suas lembranças o deixavam lentamente com o passar dos anos. Ele começou pintando retratos de pessoas que tiveram alguma participação importante em sua vida. Haviam pelo menos dois grupos de retratos, aqueles que mostravam as pessoas que haviam feito algo benéfico para ele, e aqueles que apenas lhe trouxeram malefícios. E nesse momento, J.D.R. demonstra uma visão de mundo completamente inesperada, quando ele decide pintar um auto retrato. Quem o observasse trabalhando naquele período iria perceber que algo não estava certo com ele quando trabalhava naquela pintura em particular, era como se J.D.R. não fosse mais o mesmo quando estava retratando a si mesmo. Não satisfeito com sua obra, ele veio a fazer outras, todas elas representações dele mesmo, mas, em cada obra, havia alguma diferença quase imperceptível, que apenas ele parecia perceber. No fim, elas totalizavam cerca de treze quadros, e haviam duas delas que merecem uma atenção em especial. Na primeira, J.D.R. aparecia retratado como um ser iluminado, que criaria um mundo melhor para todas as pessoas nele vivessem. Na segunda, entretanto, ele era retratado como um ser obscuro, que apenas trazia destruição para aqueles que ousassem ficar no caminho de suas ambições. Esses dois retratos haviam se tornado uma obsessão para J.D.R, mas eles não eram os únicos que recebiam essa atenção constante dele. Havia um terceiro quadro, que parecia ser uma reprodução fiel dele mesmo, e que ele colocava sempre no meio dos outros dois. Esses quadros pareciam estar relacionados a uma teoria que ele estava desenvolvendo, que poderia ser a forma com a qual ele conseguiria escapar do destino a que todas as pessoas estão condenadas, a morte. Ele continuaria trabalhando em suas outras teorias, porém, acabaria por descartar algumas delas, ao perceber que eram inviáveis ou difíceis demais de serem postas em prática. O plano ao qual ele havia se dedicado desde o dia em que havia recuperado a vida estava, finalmente, seguindo o curso que ele havia pré-determinado, e tudo o que faltava para que ele mostrasse os resultados que J.D.R. esperava conseguir era que ele fizesse o movimento certo no momento certo. Com suas ideias finalmente organizadas, ele deixou para trás a mansão que o havia abrigado naqueles últimos três longos anos para continuar sua viagem de volta a nação que ele chamava de casa, e onde havia vivido a tanto tempo. Essa segunda parte de sua viagem foi consideravelmente mais difícil do que a primeira, e, eventualmente, ele se viu obrigado a tirar a vida de várias pessoas que surgiriam em seu caminho.
Um dia, ao parar em uma estalagem, ele ouviu a conversa de dois soldados hekelotianos que estavam no lado de fora. Aparentemente, os odeanos haviam avançado muito na guerra durante o tempo em que J.D.R. havia se isolado naquela mansão, chegando até a criar vários Vice-Reinos no Continente da Morte. Um deles, o Vice-Reino de Vaegir, estava localizado na região da fronteira entre o Continente da Morte e o Continente de Gelo, e havia tomado parte dos territórios da antiga Lusitânia para si. Ao saber disso, J.D.R. percebeu que teria de adiar seu próximo passo em seu plano mestre, estando decidido a lidar primeiro com aquele obstáculo. Em vez de seguir a rota que havia planejado incialmente, que o levaria por terra até o Continente de Gelo, ele decidiu seguir pelo mar, chegando até o continente gelado sem ter de passar por Vaegir e pela guerra que o recém-formado país estava disputando. Durante o tempo em que viveu praticamente isolado, J.D.R. conseguir reunir uma quantidade considerável de dinheiro e de outras riquezas, que tornariam uma pessoa pobre em alguém de classe média alta em nosso mundo. Ele acabou por alugar um navio e contratou uma tripulação, que deveriam leva-lo até o seu destino. Durante a viagem, entretanto, houve um motim, e vários marujos estavam decididos a mata-lo e roubar as riquezas que ele carregava consigo. Ele, facilmente, matou cada um deles, diante de todos que estavam ali presentes, e, percebendo o perigo em que agora estava exposto, ele decidiu que deveria eliminar toda e qualquer testemunha do que havia acontecido, algo que faria em seu devido tempo. Por meio da técnica do Manipulem, ele dominou os pensamentos de cada um deles, obrigando-os a servi-lo até o final da viagem. Quando finalmente aportaram no Continente de Gelo, J.D.R. os obrigou a desmontar o navio, e a transportar as peças e os materiais até um local protegido, em uma caverna próxima dali, pois ele queria evitar que descobrissem que alguém havia chegado ao território, e, também, porque considerava a necessidade de usar os materiais para montar uma espécie de acampamento enquanto passeasse a noite naquele local. Quando eles finalmente terminaram de servir as suas ordens, ele utilizou o Last Sight para matar todos ali mesmo, deixando seus corpos escondidos na mesma caverna, para que fossem lentamente consumidos pelos animais locais, enquanto ele planejava seu próximo passo.
Uma vez que ele conhecia bem a região em que estava, J.D.R. conseguiu viajar sem maiores problemas até a cidade que um dia havia sido a capital da Latvéria, o local em que ele havia nascido e que era governado por sua família por várias gerações. Entretanto, quando enfim chegou à cidade, ele a encontrou abandonada e desabitada. Várias residências e prédios comerciais haviam sido deixados em um estado de completo abandono, como se a população daquela cidade tivesse simplesmente desaparecido dali. Deixando de lado as claras marcas da destruição que havia sido causada durante um conflito militar, ele viu sinais de que a população local havia tentado destruir todos os recursos que podiam ser utilizados pelo invasor, e isso incluía as antigas e grandiosas plantações que existiam na Latvéria, e das quais ele se lembrava de ter visitado várias vezes ao longo de sua vida. Estava claro para ele que a população havia utilizado a estratégia de terra arrasada, algo que era ensinado a todo jovem lusitânico, mesmo que ele fosse um civil. Provavelmente, durante os últimos momentos da Segunda Guerra Celestial, as tropas dos invasores teriam conseguido chegar até ali, e, para parar o seu avanço, a população teria destruído todo e qualquer recurso que pudesse lhes dar alguma vantagem. Se eles tivessem seguido a estratégia como ela era ensinada, provavelmente teriam partido para cidades próximas e que estivessem o mais longe possível das tropas inimigas. Com isso em mente, ele não perdeu suas esperanças, e continuou sua busca pelo povo que um dia havia lutado ao seu lado, viajando pelo território do Continente de Gelo e avançando cada vez mais rumo ao norte. Ele passou por cidades grandiosas, mas cuja situação era muito semelhante àquela de sua cidade natal. Um dos locais que visitou, a antiga capital do Vice-Reino de Arkhangelsk, uma das províncias que no passado faziam parte do Sacro Império Lusitânico, mostrava claros sinais do quanto a população local estava disposta a sacrificar para impedir que seus inimigos avançassem ainda mais. A antiga e grandiosa represa, sobre a qual a cidade havia sido construída, havia sido perfurada por explosivos. Provavelmente, J.D.R. pensou, eles teriam feito isso para esmagar o exército invasor com uma gigantesca rajada de água que foi liberada quando a represa arrebentou.
Sem desistir de encontrar sobreviventes, ele finalmente encontrou sinais de vida em uma cidade não muito longe dali. A população local era, claramente, formada por Lusitânicos sobreviventes da Segunda Guerra Celestial, pessoas como ele, que dividiam as mesmas crenças e cultura. Enquanto esteve na cidade, J.D.R. reuniu informações importantes quanto ao que estava acontecendo no Continente de Gelo. Para sua felicidade, a maior parte da população de seu país havia sobrevivido, e viviam em várias cidades espalhadas pelo extremo norte do Continente de Gelo. Entretanto, elas estavam divididas, sob o comando de líderes locais e rivais entre si. Aparentemente, quando a guerra chegou ao fim, as antigas rivalidades que existiam dentro do Império voltaram a se inflamar novamente. Muitos tentaram assumir o poder e garantir a sobrevivência da nação, mas esses possíveis governantes não foram bem recebidos pelas populações de todas as províncias e territórios lusitânicos. Eventualmente, os territórios se dividiram, com líderes locais e apoiados pela população local assumindo o poder. Só havia uma forma de reconstruir a grandiosa nação que uma vez havia existido naquelas terras, e era a chegada de um líder que fosse capaz de manter unidas todas aquelas populações, de pôr fim às suas rivalidades e de conquistar sua confiança. E claro, J.D.R. sabia muito bem quem seria essa pessoa, ele mesmo. Ele já tinha em mente assumir o poder total sobre o Sacro Império Lusitânico, mas agora, era a sua chance de fazer isso ao se tornar o fundador de um Novo Império, um que se erguesse sobre a sombra do Império caído. Aquele era o momento propício para que seu plano tivesse sucesso. Ele era um dos últimos indivíduos vivos em cujas veias corria o sangue do Primeiro Rei Zereca, o fundador original do Sacro Império Lusitânico. Ele era a pessoa certa para reerguer a nação de seus ancestrais, ele era aquele que iria reunir todo o povo lusitânico novamente, em um único e grandioso Império.
Para que pudesse fazer isso, J.D.R. continuou sua viagem pelo Continente de Gelo, e visitou as várias cidades e vilas que encontrava. Lá, ele se apresentou diante dos líderes locais, e suas palavras e promessas conseguiram conquistar a confiança deles. Assim como Lorde Voronezh Drachen havia feito no passado, ele estava erguendo um Império usando apenas a admiração que as pessoas tinham por ele. Naquele momento, J.D.R. era Lorde Voronezh Drachen caminhando novamente no Continente de Gelo. Ainda assim, houve aqueles que não estavam dispostos a entregar o poder que haviam conquistado para o homem que os visitava em suas casas. Muitos sabiam quem ele era, e, principalmente, o que ele havia feito no passado. Eles se lembravam de seus erros, e os usaram para tentar destruir a confiança daqueles que já o haviam aceito como seu salvador. Nesses casos, J.D.R. não viu outra escolha. Ele foi obrigado a lutar, a derramar sangue Lusitânico. Se eles não podiam ser conquistados com palavras, com fé ou com confiança, seriam conquistados por meio da espada. J.D.R. tirou, pessoalmente, a vida de muitos líderes locais que se recusaram a entregar o poder a ele. No fim, ele conseguiu conquistar o povo daquelas regiões demonstrando que ele era o melhor e mais poderoso guerreiro, e que somente um líder forte poderia ser digno de lidera-los. Apesar disso, havia ainda uma grande ameaça aos seus planos de reconstruir o Império Lusitânico, uma que ele já conhecia antes mesmo de retornar ao Continente de Gelo.
Antes de realizar sua viagem através do oceano, ele havia adquirido conhecimento quanto a existência do Vice-Reino de Vaegir, e quanto ao fato de que essa província odeana estava tomando antigos territórios Lusitânicos. Se ele quisesse reerguer a Lusitânia algum dia, ele precisava reconquistar o que os Vaegirianos haviam tomado, e pôr um fim definitivo àqueles invasores. Para lidar com o avanço daquele inimigo sobre as terras que deveriam ser suas, J.D.R. liderou os Lusitânicos cuja confiança ele havia conquistado em combates contra o exército de Vaegir que aconteceram em vários locais do Continente de Gelo. Uma vez que ele e seus aliados tinham um maior conhecimento quanto ao território em que lutavam, eles tinham uma vantagem imensa contra o invasor, ao ponto de conseguiram o feito de ganhar batalhas em que seu número de combatentes era muito inferior ao do inimigo, algo que, normalmente, os levariam a uma derrota praticamente inevitável. Entretanto, havia algo que tornou suas vitórias ainda mais fáceis, o fato de que, ao mesmo tempo em que os Lusitânicos estavam atacando Vaegir pelo norte, os Hekelotianos estavam atacando-a pelo sul, algo que levou o Vice-Reino odeano a um combate em duas frentes, uma situação que ele não poderia suportar por muito tempo. J.D.R. percebeu o que estava acontecendo, e se aproveitou da situação para fazer acordos diplomáticos com seu antigo inimigo, o que acabou levando a descoberta de que ele estava vivo. Ele planejava usar a ajuda de Hekelotia para conseguir terminar aquele conflito o mais breve possível, e, quando nada mais ficasse em seu caminho, ele pudesse reconstruir a Lusitânia como planejava. Entretanto, ele também sabia que, quando a guerra contra Odeon terminasse, ele teria uma chance de fazer um movimento decisivo contra o país que havia envergonhado o Império no passado, pois ele estaria enfraquecido por causa da guerra que estava acontecendo naquele momento. Entretanto, ele também era realista, e sabia que Hekelotia poderia usar a situação para seu proveito também. Além disso, sua mente também estava focada em seus outros planos, alguns deles alternativos caso alguns falhassem, e isso inclui o grande plano no qual ele estava trabalhando naqueles últimos anos. Finalmente, como ele havia previsto, Vaegir veio a cair pelos esforços combinados das tropas Lusitânicas e Hekelotianas, e J.D.R. retirou seu país daquele guerra para poder continuar a sua reconstrução, quando finalmente recuperou todos os territórios que havia perdido para o Vice-Reino odeano. Alguns meses depois, foi anunciada a derrota de Odeon pelas tropas combinadas de Hekelotia e Tuwugawa. Agora, era só uma questão de tempo.
UMA PAZ TEMPORÁRIA
ANTES DO FIM
O fim da Guerra das Terras Mortas trouxe ao mundo um novo período de paz. Havia sido uma guerra difícil de ser vencida, e, como consequência, Hekelotia e Tuwugawa estavam economicamente prejudicadas. O conflito havia trazido muita destruição aos dois países, o que os obrigou a usar os anos seguintes para reconstruir o que haviam perdido, e recuperar seu antigo prestígio. Nesse momento, o Sacro Império Lusitânico se destaca como uma nação que não sofreu tanta destruição por causa da guerra. Apesar de ter lutado para recuperar o controle dos territórios que haviam sido tomados pelo Vice-Reino de Vaegir, eles nunca chegaram a enfrentar todo o poder do exército odeano, que havia lutado com Hekelotia e Tuwugawa em suas respectivas fronteiras. Além disso, durante os anos em que seus territórios estavam sob o controle de Vaegir, eles receberam uma imensa quantidade de investimentos que foram responsáveis por trazer vários avanços tecnológicos e modernizações, dos quais a Lusitânia logo se apropriou ao recuperá-los. Esse era um dos objetivos de J.D.R. desde o começo. Enquanto ele estava atacando o invasor, ele insistira que suas tropas preservassem ao máximo o modo como os territórios estivessem, para que, assim que vencessem o combate, eles pudessem assimilar os avanços tecnológicos e econômicos do inimigo para a sua nação que estava se reerguendo. Isso havia permitido que a nova Lusitânia que J.D.R. estava erguendo já surgisse como um país relativamente desenvolvido, e que não estava enfrentando a mesma crise que agora atingia seus aliados temporários na guerra, Hekelotia e Tuwugawa. Ainda assim, a Lusitânia também tinha de enfrentar alguns problemas graves, e J.D.R. gastou muito tempo e dedicação até que pudesse restaurar ao máximo a Lusitânia, e torna-la uma potência novamente. Ele fez acordos e alianças com as pessoas certas, no momento em que era preciso, e isso foi essencial para que tivesse sucesso em tornar seu desejo realidade. Ao mesmo tempo, ele estava atento ao que estava acontecendo, e já preparava o país para um novo combate, algo que ele previa que iria acontecer. Ele era realista, e sabia que a aliança que havia tido com Hekelotia durante a guerra devia-se unicamente ao fato de que ambos tinham um inimigo em comum, e que, muito em breve, os hekelotianos iriam marchar em sua direção, pois eles jamais suportariam que seu antigo inimigo no norte permanecesse vivo, e se fortalecendo com o passar dos dias.
Demoraria até que isso acontecesse, e, até esse dia, J.D.R. havia se envolvido em vários acontecimentos, que iriam causar eventos no futuro que ninguém sequer seria capaz de prever. Antes mesmo do final da guerra, J.D.R. já havia realizado seus primeiros movimentos na realização de seus planos. Um deles envolveu um hekelotiano chamado Hashirama Yamizak. Quando o casamento de Camily Maia e Gabriel Hatsume foi anunciado, J.D.R. era um dos convidados presentes no evento. Sua presença naquela ocasiação era meio controversa, uma vez que ele estava indiretamente ligado ao sequestro de Camily Maia vários anos antes, algo que havia acontecido antes do início da Segunda Guerra Celestial. Apesar disso, uma vez que ninguém ali sabia de toda a verdade, não houve qualquer problema durante o casamento. Ainda assim, um dos convidados, Sherwood Dungeon, que havia sido responsável por resgatar Camily Maia do sequestro, tinha suas suspeitas quanto ao envolvimento de J.D.R. no que havia acontecido, e o abordou para interroga-lo sobre a verdade. J.D.R. conseguiu se desviar do assunto facilmente, e, ainda, escapar do campo de visão de Sherwood Dungeon e manter-se longe dele durante todo o evento. A verdade, era que sua presença naquele casamento devia-se a uma reunião secreta que ia ocorrer com alguns dos convidados, e ele não podia arriscar que Sherwood Dungeon o atrapalhasse durante as negociações. Naquela reunião, J.D.R. estava negociando o apoio econômico e militar hekelotiano, algo que necessitava se quisesse reconstruir a Lusitânia, oferecendo em troca seu apoio aos hekelotianos no conflito que estava acontecendo. Após o fim da cerimônia, quando todos os convidados estavam partindo, J.D.R. presenciou uma cena curiosa. Um dos soldados hekelotianos ali presentes havia se metido em um briga com outros dois soldados, e, durante seu combate, ele havia demonstrado algumas habilidades que haviam deixado J.D.R. surpreso. Ele não só reconheceu o potencial do jovem soldado como um eficiente guerreiro, mas também percebeu que aquele homem poderia ser exatamente o que ele precisava para que um de seus planos tivesse sucesso. Antes de partir, ele redigiu uma carta que deveria ser entregue àquele homem que o havia impressionado. Nela, J.D.R. o convidava a visitar o seu país, oferecendo a ele uma posição em seu exército que fosse mais digna de seus talentos, assim como um salário bem superior ao que ele recebia em Hekelotia. O soldado, cujo nome era Hashirama Yamizak, viajou até a Lusitânia, um trajeto que atravessou com certa dificuldade, principalmente por causa do que a guerra havia causado nas regiões que atravessava.
Quando finalmente chegou ao castelo da família Duvalier, na nova capital do Império que era a antiga capital do Vice-Reino da Latvéria, ele foi recebido e levado diante de J.D.R., que já o esperava. J.D.R. lhe disse que ele, na verdade, o havia chamado até ali porque havia tido uma visão, na qual ele via Hashirama como o herói que iria derrotar Yegléssio de Abreu e pôr fim à Odeon, trazendo paz ao mundo novamente. J.D.R. estava convencido de que poderia preparar Hashirama para cumprir o seu destino como salvador da humanidade, e ofereceu a ele um lugar como seu aprendiz. No entanto, J.D.R havia fabricado essa história, para esconder uma verdade sinistra. Ele estava preparando Hashirama para que ele participasse de um terrível experimento. Inspirado no plano de seu antecessor na posição de líder supremo da Lusitânia, seu detestável primo, Lorde Janus Drachen, J.D.R. planejava usar Hashirama como um recipiente e transplantar parte de seu espírito para o interior de seu corpo. Esse era um dos métodos que ele havia cogitado como possíveis de se alcançar a imortalidade, e no qual ele havia trabalhado durante muito tempo. Foi por causa disso que ele havia estudado os segredos da manipulação de almas, durante o tempo em que havia vivido naquela mansão abandonada no interior da Floresta da Morte. Ele planejava dividir sua alma e inseri-la em vários recipientes, todos eles sendo os corpos de poderosos guerreiros. Enquanto cada um desses recipientes continuasse vivo, ele também continuaria a viver, assim garantindo que sua vida não chegasse ao fim. Assim como Lorde Janus Drachen havia feito tantos anos antes, J.D.R. começou a treinar Hashirama nas artes sombrias e na magia negra que ele havia aprendido. Ele esperava que a personalidade Hashirama o tornasse mais suscetível a aceitar o poder da escuridão, uma previsão que estava correta. Por causa de seu treinamento, Hashirama foi capaz de despertar seu potencial oculto, mas, ao mesmo tempo, o uso dos poderes da escuridão acabaram por corromper os seus pensamentos. Ele havia se transformado em um emissário da escuridão, possuindo grandes poderes que até então poucos tinham acesso. Com o recipiente finalmente pronto para o ritual, J.D.R. decidiu que era chegada a hora. Ele usou o que havia aprendido no passado para separar parte de sua alma de seu corpo, e então injetá-la na alma de Hashirama. Como ele esperava, esse pedaço de sua alma foi assimilado completamente pela alma de Hashirama, e, lentamente, ela seria completamente dominada por ele, sua personalidade e seus pensamentos logo se tornariam um reflexo perfeito de seu mestre, e ele se tornaria uma extensão da vida do próprio J.D.R.. Entretanto, como J.D.R. não havia ainda aperfeiçoado o processo de conversão, seria preciso algum tempo até que Hashirama terminasse sua transformação em um de seus recipientes, algo do qual ele não dispunha.
Havia chegado o momento da batalha final em Odeon, e Hashirama havia partido para participar dela e cumprir o seu destino, ainda acreditando no que lhe havia sido dito por J.D.R. quando ele se tornou seu aprendiz. Ele estava muito mais forte do que era quando conhecera seu mestre, mas seu treinamento e preparação não estavam completos. Hashirama foi um dos indivíduos que haviam conseguido com sucesso invadir a fortaleza onde Yegléssio de Abreu se encontrava, mas, uma vez lá, ele foi derrotado e vencido em um combate contra um dos generais Odeanos ali localizados, tendo sido presumivelmente morto durante a batalha. Quando recebeu essa notícia, J.D.R. começou a entrar em desespero. Ele acreditava que o combate com Hekelotia estava muito próximo de acontecer, e ele precisava encontrar um novo recipiente para a sua alma, o mais rápido possível. Ele tinha em mente um plano que iria colocar em prática, um plano que necessitava de alguém completamente leal a ele. Apenas um recipiente que dividisse a mesma alma que ele poderia ser digno dessa confiança. Se ele não encontrasse alguém para substituir Hashirama, tudo o que planejava estava em risco de fracassar. Felizmente, após uma busca difícil, ele encontrou um novo candidato a posição de um de seus recipientes, um mercenário chamado Diego Sandiego. Diego era detentor de um potencial semelhante, senão superior, ao de Hashirama Yamizak. J.D.R. conseguiu trazê-lo para seu exército, com a promessa de que ele seria bem recompensado por seus serviços, além de poder ter uma chance de lutar novamente contra um antigo oponente, e o tornou um de seus generais, por causa da fama de vitórias que precedia Diego. Assim como havia feito com Hashirama, J.D.R. preparou Diego para ser o novo recipiente de sua alma, ensinando-o segredos sobre o uso das artes sombrias e do poder da escuridão. Entretanto, ele também dividiu com Diego o conhecimento que havia adquirido durante os vários anos em que havia vivido, e o ensinou técnicas muito poderosas que, até então, havia guardado somente para si, técnicas essas tão terríveis que fariam um homem com escrúpulos pensar duas vezes antes de utilizá-las. Muitas delas J.D.R. havia aprendido com pessoas que havia conhecido, mas ele havia desenvolvido a maior parte delas, utilizando o conhecimento que havia reunido ao longo de sua vida. Com o passar do tempo, Diego se tornou cada vez mais parecido com J.D.R., sua mente sendo lentamente convertida para que pensasse da mesma maneira que ele. Diego era um de seus agentes mais leais, e era aquele com a posição mais próxima do Imperador, alguém em que ele tinha tanta confiança que chegava revelar-lhe informações secretas, que nenhuma outra pessoa tinha acesso. Enquanto moldava seu novo aprendiz, J.D.R. começou a fazer experimentos com o seu espírito, que o levaram a descobrir que Diego era, na verdade, a reencarnação de um indivíduo que havia morrido a muitos anos, Lon Malakian. Aparentemente, a alma de Lon Malakian havia retornado ao plano terreno, mas sua personalidade e memórias estavam lacradas dentro dela, e continuavam presas no plano pós-vida. J.D.R. usou essa informação para entender ainda mais como as almas funcionavam, chegando à conclusão de que a morte não era o destino final de uma pessoa, como muitos acreditavam. Ao contrário do que muitos acreditavam, as almas de pessoas que haviam morrido poderiam voltar a vida como novas pessoas, que não saberiam nada de suas vidas passadas. J.D.R. tentou descobrir se era possível fazer com que uma alma acessasse detalhes de sua vida anterior, e em seus experimentos com Diego Sandiego, ele tentou acessar as informações que estavam tão profundamente lacradas dentro dele. Ele chegou à conclusão de que, caso tivesse tempo suficiente, poderia ter sucesso nesse experimento, mas, agora, ele não tinha essa oportunidade, e teve de abandoná-lo por enquanto. Entretanto, seus experimentos tiveram um efeito colateral em Diego. Sua mentalidade, que já estava sendo corrompida pelo poder da escuridão que Diego estava aprendendo, passou a se focar em uma única vontade, um único objetivo que ele agora deveria alcançar, Diego passou a ter um desejo insaciável por poder. Mas esse desejo não foi despertado somente no aprendiz, J.D.R. também começou a ter interesse em adquirir mais poder e conhecimento. Ele não tinha poder suficiente para que pudesse despertar a personalidade e as memórias de Lon Malakian que estavam lacradas em Diego no tempo que tinha disponível. Ele não tinha poder suficiente para mudar a forma como uma alma se comportava completamente, mas isso não o fez desistir. Ao contrário, apenas o motivou ainda mais a seguir no caminho que aqueles que vieram antes dele haviam seguido, o caminho do poder.
Os experimentos que havia feito em Diego Sandiego serviram para fortalecer suas teses quanto à forma como alcançaria a vida eterna. Ideias que havia descartado inicialmente pela falta de conhecimento agora pareciam ter bases sólidas para fundamentá-las. Tudo parecia ter sentido agora. Mesmo tomado por essa vontade de buscar por aquelas novas ideias em prática, J.D.R. reconheceu que poderia tentar isso depois que seu plano inicial tivesse sido concluído, e voltou a preparar Diego para que ele se tornasse seu próximo recipiente. Assim como havia sido com Hashirama, chegou o dia em que Diego iria participar do ritual de conversão. Quando Diego chegou ao local, entretanto, ele foi tomado por dúvida ao ver o estranho modo de agir de seu mestre. Antes que pudesse reagir, seu peito foi perfurado por uma adaga, que rasgou sua carne e fez seu sangue jorrar violentamente. Ele caiu no solo violentamente, e viu seu coração batendo por meio do buraco aberto quando ergueu a cabeça, uma visão aterradora, e então, moveu seu olhar assustado para o seu mestre, que estava indo em sua direção, segurando uma estranha esfera de energia com a mão coberta pelo sangue de Diego. Em um movimento rápido e preciso, J.D.R. moveu aquela mão contra o peito de Diego, fazendo com que a esfera de energia que segurava adentrasse pelo ferimento aberto, atingindo-o diretamente no coração. O corpo de Diego começou a tremer, como se estivesse no meio de um ataque cardíaco. As pupilas de seus olhos estavam mudando em uma sucessão rápida, alternando entre a tonalidade que tinham originalmente e a tonalidade que tinham as pupilas dos olhos de Lon Malakian, a medida que uma estranha tonalidade dourada as envolvia, começando pelas extremidades e avançando em direção do centro, em uma espiral, até que as dominou completamente. Ao mesmo tempo, seus cabelos começaram a embranquecer, começando pelas raízes e se dirigindo até as pontas. Seu peito ardia, como se tivessem derramado óleo sobre ele e acendido um isqueiro, à medida que aquele pedaço da alma de J.D.R. estava sendo inserido dentro dele, e se unindo a sua alma. Seus cabelos então voltaram a cor normal que tinham, e Diego abriu seus olhos, mostrando que suas pupilas estavam totalmente douradas, mas semelhantes aos olhos de uma serpente. Ele se levantou, seu peito livre de qualquer marca de que havia sido rasgado por uma lâmina, e seus cabelos se movendo ao vento que adentrava por meio de uma janela aberta. Em um de seus olhos, lágrimas de sangue desciam, à medida que, por um segundo, parecia retornar a forma que havia tido o olho de Lon Malakian, antes de finalmente se tornar igual aos olhos de seu mestre. J.D.R. tocou-lhe o ombro, satisfeito com o fim do ritual. Ele podia sentir que parte dele agora vivia dentro de Diego, e, para a sua surpresa, imagens começavam a serem projetadas dentro de sua mente. Eram imagens embaçadas, mas que logo se tornaram mais nítidas. Ele podia ver memórias que eram estranhas para ele, como se tivessem sido vividas por outra pessoa. Ele podia ver as memórias de Diego Sandiego como se fossem as suas, pois agora eles não eram simplesmente duas pessoas, mas sim uma mesma pessoa, que estava dividida em dois corpos diferentes, e que agora possuía uma dupla personalidade.
Demoraria até que isso acontecesse, e, até esse dia, J.D.R. havia se envolvido em vários acontecimentos, que iriam causar eventos no futuro que ninguém sequer seria capaz de prever. Antes mesmo do final da guerra, J.D.R. já havia realizado seus primeiros movimentos na realização de seus planos. Um deles envolveu um hekelotiano chamado Hashirama Yamizak. Quando o casamento de Camily Maia e Gabriel Hatsume foi anunciado, J.D.R. era um dos convidados presentes no evento. Sua presença naquela ocasiação era meio controversa, uma vez que ele estava indiretamente ligado ao sequestro de Camily Maia vários anos antes, algo que havia acontecido antes do início da Segunda Guerra Celestial. Apesar disso, uma vez que ninguém ali sabia de toda a verdade, não houve qualquer problema durante o casamento. Ainda assim, um dos convidados, Sherwood Dungeon, que havia sido responsável por resgatar Camily Maia do sequestro, tinha suas suspeitas quanto ao envolvimento de J.D.R. no que havia acontecido, e o abordou para interroga-lo sobre a verdade. J.D.R. conseguiu se desviar do assunto facilmente, e, ainda, escapar do campo de visão de Sherwood Dungeon e manter-se longe dele durante todo o evento. A verdade, era que sua presença naquele casamento devia-se a uma reunião secreta que ia ocorrer com alguns dos convidados, e ele não podia arriscar que Sherwood Dungeon o atrapalhasse durante as negociações. Naquela reunião, J.D.R. estava negociando o apoio econômico e militar hekelotiano, algo que necessitava se quisesse reconstruir a Lusitânia, oferecendo em troca seu apoio aos hekelotianos no conflito que estava acontecendo. Após o fim da cerimônia, quando todos os convidados estavam partindo, J.D.R. presenciou uma cena curiosa. Um dos soldados hekelotianos ali presentes havia se metido em um briga com outros dois soldados, e, durante seu combate, ele havia demonstrado algumas habilidades que haviam deixado J.D.R. surpreso. Ele não só reconheceu o potencial do jovem soldado como um eficiente guerreiro, mas também percebeu que aquele homem poderia ser exatamente o que ele precisava para que um de seus planos tivesse sucesso. Antes de partir, ele redigiu uma carta que deveria ser entregue àquele homem que o havia impressionado. Nela, J.D.R. o convidava a visitar o seu país, oferecendo a ele uma posição em seu exército que fosse mais digna de seus talentos, assim como um salário bem superior ao que ele recebia em Hekelotia. O soldado, cujo nome era Hashirama Yamizak, viajou até a Lusitânia, um trajeto que atravessou com certa dificuldade, principalmente por causa do que a guerra havia causado nas regiões que atravessava.
Quando finalmente chegou ao castelo da família Duvalier, na nova capital do Império que era a antiga capital do Vice-Reino da Latvéria, ele foi recebido e levado diante de J.D.R., que já o esperava. J.D.R. lhe disse que ele, na verdade, o havia chamado até ali porque havia tido uma visão, na qual ele via Hashirama como o herói que iria derrotar Yegléssio de Abreu e pôr fim à Odeon, trazendo paz ao mundo novamente. J.D.R. estava convencido de que poderia preparar Hashirama para cumprir o seu destino como salvador da humanidade, e ofereceu a ele um lugar como seu aprendiz. No entanto, J.D.R havia fabricado essa história, para esconder uma verdade sinistra. Ele estava preparando Hashirama para que ele participasse de um terrível experimento. Inspirado no plano de seu antecessor na posição de líder supremo da Lusitânia, seu detestável primo, Lorde Janus Drachen, J.D.R. planejava usar Hashirama como um recipiente e transplantar parte de seu espírito para o interior de seu corpo. Esse era um dos métodos que ele havia cogitado como possíveis de se alcançar a imortalidade, e no qual ele havia trabalhado durante muito tempo. Foi por causa disso que ele havia estudado os segredos da manipulação de almas, durante o tempo em que havia vivido naquela mansão abandonada no interior da Floresta da Morte. Ele planejava dividir sua alma e inseri-la em vários recipientes, todos eles sendo os corpos de poderosos guerreiros. Enquanto cada um desses recipientes continuasse vivo, ele também continuaria a viver, assim garantindo que sua vida não chegasse ao fim. Assim como Lorde Janus Drachen havia feito tantos anos antes, J.D.R. começou a treinar Hashirama nas artes sombrias e na magia negra que ele havia aprendido. Ele esperava que a personalidade Hashirama o tornasse mais suscetível a aceitar o poder da escuridão, uma previsão que estava correta. Por causa de seu treinamento, Hashirama foi capaz de despertar seu potencial oculto, mas, ao mesmo tempo, o uso dos poderes da escuridão acabaram por corromper os seus pensamentos. Ele havia se transformado em um emissário da escuridão, possuindo grandes poderes que até então poucos tinham acesso. Com o recipiente finalmente pronto para o ritual, J.D.R. decidiu que era chegada a hora. Ele usou o que havia aprendido no passado para separar parte de sua alma de seu corpo, e então injetá-la na alma de Hashirama. Como ele esperava, esse pedaço de sua alma foi assimilado completamente pela alma de Hashirama, e, lentamente, ela seria completamente dominada por ele, sua personalidade e seus pensamentos logo se tornariam um reflexo perfeito de seu mestre, e ele se tornaria uma extensão da vida do próprio J.D.R.. Entretanto, como J.D.R. não havia ainda aperfeiçoado o processo de conversão, seria preciso algum tempo até que Hashirama terminasse sua transformação em um de seus recipientes, algo do qual ele não dispunha.
Havia chegado o momento da batalha final em Odeon, e Hashirama havia partido para participar dela e cumprir o seu destino, ainda acreditando no que lhe havia sido dito por J.D.R. quando ele se tornou seu aprendiz. Ele estava muito mais forte do que era quando conhecera seu mestre, mas seu treinamento e preparação não estavam completos. Hashirama foi um dos indivíduos que haviam conseguido com sucesso invadir a fortaleza onde Yegléssio de Abreu se encontrava, mas, uma vez lá, ele foi derrotado e vencido em um combate contra um dos generais Odeanos ali localizados, tendo sido presumivelmente morto durante a batalha. Quando recebeu essa notícia, J.D.R. começou a entrar em desespero. Ele acreditava que o combate com Hekelotia estava muito próximo de acontecer, e ele precisava encontrar um novo recipiente para a sua alma, o mais rápido possível. Ele tinha em mente um plano que iria colocar em prática, um plano que necessitava de alguém completamente leal a ele. Apenas um recipiente que dividisse a mesma alma que ele poderia ser digno dessa confiança. Se ele não encontrasse alguém para substituir Hashirama, tudo o que planejava estava em risco de fracassar. Felizmente, após uma busca difícil, ele encontrou um novo candidato a posição de um de seus recipientes, um mercenário chamado Diego Sandiego. Diego era detentor de um potencial semelhante, senão superior, ao de Hashirama Yamizak. J.D.R. conseguiu trazê-lo para seu exército, com a promessa de que ele seria bem recompensado por seus serviços, além de poder ter uma chance de lutar novamente contra um antigo oponente, e o tornou um de seus generais, por causa da fama de vitórias que precedia Diego. Assim como havia feito com Hashirama, J.D.R. preparou Diego para ser o novo recipiente de sua alma, ensinando-o segredos sobre o uso das artes sombrias e do poder da escuridão. Entretanto, ele também dividiu com Diego o conhecimento que havia adquirido durante os vários anos em que havia vivido, e o ensinou técnicas muito poderosas que, até então, havia guardado somente para si, técnicas essas tão terríveis que fariam um homem com escrúpulos pensar duas vezes antes de utilizá-las. Muitas delas J.D.R. havia aprendido com pessoas que havia conhecido, mas ele havia desenvolvido a maior parte delas, utilizando o conhecimento que havia reunido ao longo de sua vida. Com o passar do tempo, Diego se tornou cada vez mais parecido com J.D.R., sua mente sendo lentamente convertida para que pensasse da mesma maneira que ele. Diego era um de seus agentes mais leais, e era aquele com a posição mais próxima do Imperador, alguém em que ele tinha tanta confiança que chegava revelar-lhe informações secretas, que nenhuma outra pessoa tinha acesso. Enquanto moldava seu novo aprendiz, J.D.R. começou a fazer experimentos com o seu espírito, que o levaram a descobrir que Diego era, na verdade, a reencarnação de um indivíduo que havia morrido a muitos anos, Lon Malakian. Aparentemente, a alma de Lon Malakian havia retornado ao plano terreno, mas sua personalidade e memórias estavam lacradas dentro dela, e continuavam presas no plano pós-vida. J.D.R. usou essa informação para entender ainda mais como as almas funcionavam, chegando à conclusão de que a morte não era o destino final de uma pessoa, como muitos acreditavam. Ao contrário do que muitos acreditavam, as almas de pessoas que haviam morrido poderiam voltar a vida como novas pessoas, que não saberiam nada de suas vidas passadas. J.D.R. tentou descobrir se era possível fazer com que uma alma acessasse detalhes de sua vida anterior, e em seus experimentos com Diego Sandiego, ele tentou acessar as informações que estavam tão profundamente lacradas dentro dele. Ele chegou à conclusão de que, caso tivesse tempo suficiente, poderia ter sucesso nesse experimento, mas, agora, ele não tinha essa oportunidade, e teve de abandoná-lo por enquanto. Entretanto, seus experimentos tiveram um efeito colateral em Diego. Sua mentalidade, que já estava sendo corrompida pelo poder da escuridão que Diego estava aprendendo, passou a se focar em uma única vontade, um único objetivo que ele agora deveria alcançar, Diego passou a ter um desejo insaciável por poder. Mas esse desejo não foi despertado somente no aprendiz, J.D.R. também começou a ter interesse em adquirir mais poder e conhecimento. Ele não tinha poder suficiente para que pudesse despertar a personalidade e as memórias de Lon Malakian que estavam lacradas em Diego no tempo que tinha disponível. Ele não tinha poder suficiente para mudar a forma como uma alma se comportava completamente, mas isso não o fez desistir. Ao contrário, apenas o motivou ainda mais a seguir no caminho que aqueles que vieram antes dele haviam seguido, o caminho do poder.
Os experimentos que havia feito em Diego Sandiego serviram para fortalecer suas teses quanto à forma como alcançaria a vida eterna. Ideias que havia descartado inicialmente pela falta de conhecimento agora pareciam ter bases sólidas para fundamentá-las. Tudo parecia ter sentido agora. Mesmo tomado por essa vontade de buscar por aquelas novas ideias em prática, J.D.R. reconheceu que poderia tentar isso depois que seu plano inicial tivesse sido concluído, e voltou a preparar Diego para que ele se tornasse seu próximo recipiente. Assim como havia sido com Hashirama, chegou o dia em que Diego iria participar do ritual de conversão. Quando Diego chegou ao local, entretanto, ele foi tomado por dúvida ao ver o estranho modo de agir de seu mestre. Antes que pudesse reagir, seu peito foi perfurado por uma adaga, que rasgou sua carne e fez seu sangue jorrar violentamente. Ele caiu no solo violentamente, e viu seu coração batendo por meio do buraco aberto quando ergueu a cabeça, uma visão aterradora, e então, moveu seu olhar assustado para o seu mestre, que estava indo em sua direção, segurando uma estranha esfera de energia com a mão coberta pelo sangue de Diego. Em um movimento rápido e preciso, J.D.R. moveu aquela mão contra o peito de Diego, fazendo com que a esfera de energia que segurava adentrasse pelo ferimento aberto, atingindo-o diretamente no coração. O corpo de Diego começou a tremer, como se estivesse no meio de um ataque cardíaco. As pupilas de seus olhos estavam mudando em uma sucessão rápida, alternando entre a tonalidade que tinham originalmente e a tonalidade que tinham as pupilas dos olhos de Lon Malakian, a medida que uma estranha tonalidade dourada as envolvia, começando pelas extremidades e avançando em direção do centro, em uma espiral, até que as dominou completamente. Ao mesmo tempo, seus cabelos começaram a embranquecer, começando pelas raízes e se dirigindo até as pontas. Seu peito ardia, como se tivessem derramado óleo sobre ele e acendido um isqueiro, à medida que aquele pedaço da alma de J.D.R. estava sendo inserido dentro dele, e se unindo a sua alma. Seus cabelos então voltaram a cor normal que tinham, e Diego abriu seus olhos, mostrando que suas pupilas estavam totalmente douradas, mas semelhantes aos olhos de uma serpente. Ele se levantou, seu peito livre de qualquer marca de que havia sido rasgado por uma lâmina, e seus cabelos se movendo ao vento que adentrava por meio de uma janela aberta. Em um de seus olhos, lágrimas de sangue desciam, à medida que, por um segundo, parecia retornar a forma que havia tido o olho de Lon Malakian, antes de finalmente se tornar igual aos olhos de seu mestre. J.D.R. tocou-lhe o ombro, satisfeito com o fim do ritual. Ele podia sentir que parte dele agora vivia dentro de Diego, e, para a sua surpresa, imagens começavam a serem projetadas dentro de sua mente. Eram imagens embaçadas, mas que logo se tornaram mais nítidas. Ele podia ver memórias que eram estranhas para ele, como se tivessem sido vividas por outra pessoa. Ele podia ver as memórias de Diego Sandiego como se fossem as suas, pois agora eles não eram simplesmente duas pessoas, mas sim uma mesma pessoa, que estava dividida em dois corpos diferentes, e que agora possuía uma dupla personalidade.
( CONTINUA )
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